Está tendo um mau dia? Aprenda a escapar dele (com 2 golpes baixos)

Todos temos maus dias de vez em quando. Ou não? A resposta pode ser um pouco complicada (e flertar um pouco com o ramo da "auto-ajuda", que eu não aprecio muito), mas o que veremos a seguir é uma forma diferente de lidar com a sensação de "dia de cão" quando parece que tudo dá errado e não adianta tentar fazer nada.

Este artigo do Lifehacker tratou do tema há alguns anos, e eu, que não costumo ter muitos maus dias, me interessei por ele mais pela curiosidade do que pela utilidade.

Mas, como contei na semana passada, no post sobre o dia de alta produtividade, passei recentemente por um pequeno problema de saúde que, por meio de vários obstáculos à rotina, me deu a oportunidade de colocar à prova as teorias mencionadas pelo Lifehacker várias vezes ao longo de algumas semanas, e a minha conclusão é que as ideias mencionadas lá funcionam mesmo, dentro dos limites dos "maus dias" que experimentei (o que certamente não se estende a situações de tragédias e luto, mas vale para o mau dia comum).

Uma pizza com 2 sabores: mezzo bom senso, mezzo ciência

O artigo menciona ao menos 2 obras sobre o assunto: "Your Brain at Work: Strategies for Overcoming Distraction, Regaining Focus, and Working Smarter All Day Long" e "Why Sh*t Happens: The Science of a Really Bad Day".

O fundamento apresentado por esta via indireta (mesmo mencionando autores com títulos como PhD e similares) não me convenceu muito, mas o fato de haver pesquisas específicas sobre o assunto contribuiu bastante para aumentar a minha curiosidade a respeito.

Sem querer ser fidedigno nem preciso, e antes de chegar às propostas de ação para escapar do efeito "estou tendo um mau dia", vou tentar resumir os aspectos apresentados, que mesclam as pesquisas à sensação de "sim, parece meio óbvio":

  1. O "mau dia" só é real como percepção, e não como um fato objetivo. Ele existe (e se prolonga ao longo do dia inteiro) só porque a vítima o percebe e resolve (conscientemente ou não) acreditar que está passando por ele.
  2. As crenças (de estarmos com sorte, de estarmos com azar, de que más notícias chegam em grupos de 3, de que estamos em um mau dia, etc.) não apenas influenciam a nossa atitude (nos resignando a não tentar algo bom porque acreditamos estar em um dia azarado, por exemplo, e aí zerando nossa chance de "ter sorte"), mas também a nossa interpretação dos fatos (identificando em fatos comuns uma 2ª e 3ª más notícias porque já havíamos recebido uma e acreditamos que elas vêm de 3 em 3, por exemplo).
  3. Milênios de evolução dotaram nossos cérebros da capacidade de simplificar análises, correlações e conclusões, o que geralmente funciona a nosso favor, facilitando tomar decisões instintivamente em um mundo complexo. Mas às vezes essa capacidade faz um gol contra, como quando "conclui" que estamos tendo um mau dia, e assim gera a sensação de que a causa dos nossos problemas é externa e se estenderá durante todo o dia.

Uma profecia auto-realizante

E é esse gol contra do item 3 o foco do artigo: quando nossos mecanismos psicológicos concluem que o mundo está contra nós, que não adianta tentar mais nada, e que tudo o mais que fizermos hoje dará errado, as ações resultantes costumam garantir que a conclusão (errada, nascida de uma simplificação excessiva à qual tendemos naturalmente) se transforme em realidade.

Trocando em miúdos, ao aceitarmos que o universo está contra nós neste dia (o que é confortável, pois "coloca a culpa" em algo externo) e que a única solução é aguardar o mau dia chegar ao fim, estamos rejeitando todas as demais oportunidades.

É como nas experiências com placebos: pacientes que recebem uma pílula inócua mas são informados de que se trata de um analgésico relatam sentir menos dor (e, segundo os artigos citados, comprovadamente sentem menos dor durante os experimentos), e pacientes que são informados de que passarão por um procedimento doloroso realmente sentem mais dor.

A relação entre a percepção da dor e a sensação de um mau dia não é tão direta, mas as expectativas ajudam a moldar a forma como nos relacionamos com o mundo, e durante o "mau dia" acabamos nos colocando no lugar do paciente que foi informado de que vai passar pelo procedimento doloroso, e interpretamos todo o restante do nosso dia de acordo.

Como escapar do mau dia com 2 golpes baixos

O seu "mau dia" geralmente tem causas reais: uma má notícia, um erro cometido, algo que não deu certo, uma circunstância desfavorável, etc. – e a solução mesmo seria resolver esta causa, se possível, ou superá-la de outra forma, ou concentrar-se em ter sucesso em alguma outra coisa.

Mas às vezes a circunstância não irá embora, e a sensação de "mau dia" se instala sem que você consiga evitar. Ao perceber isso, você pode aplicar 2 golpes baixos (que atacam a sensação, e não a causa real) observados e recomendados no artigo do Lifehacker para voltar a se perceber em um dia comum, e não em um mau dia em que nada mais dará certo.

Você irá notar que ambos parecem "conselhos de livro de auto-ajuda" ou de pseudociência, e talvez sejam mesmo, o que não significa que não funcionem (e eu testei ambos). Imagino que no futuro alguém provará que o que faz diferença mesmo é o fato de estarmos conscientemente tentando nos livrar da sensação. Mas na hora da necessidade, talvez possamos deixar a análise dos fundamentos para depois, certo?

São eles:

  1. Dar um nome objetivo à sensação. Você já percebeu que está tendo um "mau dia", mas a que você atribuiria a sensação? Identifique o que deu errado, e dê um nome curto, não mais do que 4 ou 5 palavras, ao que você sentre a respeito: "raiva do cliente mentiroso", "ansiedade com o idiota que não confirma", e assim por diante. O artigo menciona que já foi demonstrado que o simples ato de dar um nome curto ao sentimento reduz consideravelmente seu efeito (além de reduzir aquela sensação indefinida de "mau dia").
  2. Reavalie a situação. Mesmo que hipoteticamente! O objetivo não é tratar dos fatos diretamente, mas sim acabar com uma sensação injustificada, lembra? Pense em algo de positivo que também aconteceu, ou em como o que aconteceu mais cedo poderia ter sido pior, e assim você pode colocar em marcha os mecanismos que cancelam a sensação de "mau dia".

Em um momento de stress, aplicar o golpe 2 da lista acima pode ser bem difícil, e no dia-a-dia é comum reagirmos amargamente quando alguém tenta nos consolar fazendo a mesma proposta: dizendo para olhar o lado bom, ou que algo poderia ser pior. Mas o artigo menciona um terceiro golpe baixo (que também testei com sucesso) que ajuda a permitir a tolerância a este tipo de análise (que na prática não ajuda muito, mesmo): mudar algo no ambiente ou na rotina, por mais trivial que seja.

Ou seja: colocar o banco do carro um pouco mais para trás, almoçar um prato diferente do habitual, mudar o estilo musical da playlist, etc. – nosso cérebro tem mecanismos que funcionam a partir da percepção de mudanças, e podemos fazê-los funcionar a nosso favor na hora de abrir espaço para uma reflexão durante um momento de mau humor.

Nada que o bom senso não sugeriria, certo? Mas no artigo vem apresentado de uma forma diferente da usual: o combate à sensação injustificada que nos aprisiona, e não à imediata solução das causas reais dela.

E se conseguirmos vencer a situação, ganhamos a energia para potencialmente atacar também as causas depois, aproveitar com outras atividades um dia que de outra forma seria perdido, ou ao menos conseguir pensar em outra coisa.

Eu testei, aprovei, tenho cá minhas dúvidas sobre as relações de causa e efeito mencionadas no artigo e reproduzidas acima, mas isso não me impede de ter a intenção de voltar a aplicar os 2 golpes baixos em um próximo mau dia - que espero que demore a chegar ツ

Auto-controle: como produzir

Muitas vezes uma reação impulsiva ou imediata pode colocar toda uma situação a perder.

Mesmo sabendo disso, pode ser muito difícil resistir a tomá-la mesmo assim. E quando conseguimos (ou quando a reação desejada não está ao alcance), pode ser ainda mais difícil livrar-se do impulso, que acaba dominando toda a nossa atenção e impedindo que avancemos na agenda – ou na vida.

Mas algumas pessoas parecem naturalmente dotadas de um grau maior de auto-controle, que permite a elas resistir à tentação da reação impulsiva, deixar uma solução para depois e ainda lhes dá o bônus de conseguir pensar em outra coisa e continuar com seus projetos.

Este artigo da revista Scientific American trata de 2 pesquisas interessantes sobre o auto-controle: um que verificou as reações de crianças quando expostas à situação de receber a oferta de um doce mas ter direito de receber uma quantidade maior depois se não pegassem o primeiro, e outra que analisou as correlações entre o grau de auto-controle de indivíduos e o seu sucesso em 3 âmbitos: financeiro, de saúde e de segurança pública.

Neste segundo, a conclusão do estudo aponta para a direção previsível: indivíduos com maior auto-controle observado na infância demonstraram, 30 anos depois, melhores situações nos 3 âmbitos – e o estudo controlou para evitar desvios por outras variáveis, como situação social e QI.

Mas é no primeiro estudo que encontramos a conclusão de maior interesse prático para quem deseja ampliar seu grau de auto-controle: é possível observar que os indivíduos mais capazes de resistir a aceitar imediatamente a tentação do primeiro doce foram os que conseguiram desenvolver estratégias mais eficazes para se distrair, ou seja, para dirigir sua atenção a outro lugar.

Isso não quer dizer exatamente que conseguir se distrair é a solução, mas indica que exercitar a capacidade de se distrair, e cultivar um pequeno acervo de pensamentos prontos para recorrer quando é necessário mais do que simplesmente contar até 10, é um passo que conduz a poder de de fato ir fazer outra coisa, não relacionada, nos momentos em que precisamos resistir ao impulso de agir.

Más decisões tomadas por impulso são lamentáveis e às vezes trágicas, portanto cada nova ferramenta que possamos agregar para evitá-las é um ponto a nosso favor. No próximo momento em que estiver prestes a cometer um ato impulsivo, considere ir dar uma volta, fazer um lanche ou abrir uma revista, e se possível prosseguir fazendo algo produtivo (e não relacionado ao impulso) logo em seguida.

Assim, distraídos venceremos!

8 dicas para melhorar o currículo que você já tem, em 2h ou menos

O modelo de curriculo do Efetividade é um dos "produtos" deste site que mais me agrada e orgulha. O número de vezes em que já o vi em uso, a quantidade de pessoas que já me relatou ter conseguido um emprego após usá-lo, as menções em outros veículos, etc. me fazem sentir que o Efetividade, neste caso, cumpriu muito bem o seu objetivo.

A realidade é que muitos de vocês, leitores habituais, já têm um CV bem montado. Mas manter o currículo atualizado é uma ferramenta útil para auto-avaliação e estímulo ao avanço profissional até de quem não pensa em mudar de emprego, e assim as informações a seguir podem vir a calhar.

Pensando em ocupar produtivamente algumas horas do seu próximo final de semana ツ eu preparei as 8 dicas a seguir buscando maneiras simples de tornar mais completo o currículo que você já tem, tratando tanto do grau de especificidade e relevância do conteúdo, tanto da forma como é apresentado.

8 dicas para melhorar o seu CV

  • Fale de resultados, e não só de cargos e responsabilidades
    Sim, você foi o responsável pela área tal, e coordenou o grupo de trabalho XYZ. Mas o que você realizou enquanto estava por lá? Reduziu em 20 minutos o tempo de parada da linha de produção? Aumentou em 5% a margem de lucro? Desenvolveu uma nova prática de seleção de pontos de venda? Diga isso em uma frase curta (uma linha ou menos), e deixe os detalhes para contar na entrevista!

  • "Carimbos": Não use mal os "interesses adicionais"
    É cada vez mais comum incluir no currículo uma menção aos interesses extra-profissionais do candidato: um hobby, esporte, atividade filantrópica, arte, etc. Saiba que os selecionadores prestam atenção a isso, mas de uma forma que pode ser cruel: eles formam um rótulo mental sobre você, a partir dos interesses mencionados. É como um carimbo que o selecionador escolhe, e que pode dizer: "SENSÍVEL", se o candidato é pintor; "COMUNICATIVO", se faz teatro; "PERSISTENTE", se é faixa preta em judô, e assim por diante. Fale apenas a verdade, mas pense em qual rótulo mental será aplicado a você dependendo do que você compartilhar.

  • Remova o excesso de design
    A não ser que você seja mesmo um tipógrafo, artista ou designer, seu currículo deve se destacar pelo conteúdo e equilíbrio visual, sem perder a sobriedade. Não exagere em nenhuma direção.

  • Mencione explicitamente as promoções relevantes
    Não cometa o erro de mencionar apenas a lista de empresas em que já trabalhou: trate separadamente os cargos sempre que considerar que contam a seu favor na avaliação. Quando você avança na carreira por seus próprios méritos, tem um indicativo de que fez um bom trabalho e mereceu a atenção de seus superiores. Mas não precisa mencionar todas as promoções, em especial as que tenham sido automáticas ou por tempo de atividade - selecione as essenciais, e escreva a razão.

  • Faça caber em uma página!
    Objetividade é uma qualidade valiosa, e a falta dela é um ponto negativo até mesmo em processos seletivos. Demonstre a sua, colocando na única página de seu currículo todas as informações necessárias para que em uma rápida olhada de 20 segundos (e muitas vezes o responsável pelo filtro inicial não dedica mais tempo do que isso) o avaliador possa saber que vale a pena chamá-lo para uma entrevista. A não ser que o currículo esteja sendo escrito para ser arquivado - neste caso você pode se alongar, mencionando a lista completa de artigos, certificados, todos os colégios em que estudou, todos os cursos complementares, etc.

  • Previna-se contra a discriminação
    Como vimos no artigo do início da semana, muitos avaliadores aplicam – assumidamente ou não – critérios preconceituosos quanto a idade, sexo, crença e vários outros. A não ser que seja exigido explicitamente, que tenha relevância direta para a vaga pretendida, ou que você considere que a informação conta a seu favor, não insira fotografia, data de nascimento, religião, time de futebol ou qualquer outra informação que possa ser origem de discriminação. Para prevenir a discriminação por idade, pode fazer sentido não mencionar atividades ou cursos muito antigos - desde que você tenha outros mais recentes para mencionar, é claro. Mantenha em foco a demonstração de sua competência, e o que ajudar a ser chamado para a entrevista.

  • Verifique de novo. E de novo.
    A gramática. E o estilo. E a ordem de priorização das informações. E a sobriedade do visual. Quando terminar, peça a mais alguém – em cujo julgamento você confie – que verifique mais uma vez para você.

  • Verifique mais uma vez todos os seus contatos
    Todo número de telefone mencionado no currículo deve funcionar regularmente - e ser atendido. Todo endereço de e-mail deve ter aparência sóbria, funcionar bem, e ser lido com regularidade. Será uma pena deixar de receber uma resposta positiva porque o telefone não é atendido, ou porque o e-mail não funciona, ou classifica como spam as mensagens legítimas. E será pior ainda se o empregador não conseguir chamá-lo para a entrevista porque suas informações de contato estão erradas ou desatualizadas no seu próprio currículo.

Já analisei minha cota de currículos e posso afirmar que, embora os currículos com erros de ortografia e com excesso de design sejam irritantes, e os com excesso de informação, ou com foco nos aspectos errados, possam prejudicar a avaliação do candidato, não há nada mais frustrante do que selecionar uma pessoa e não conseguir chamá-la para a entrevista porque as informações de contato dela estão erradas no currículo.

Uma dica extra: ao rever seu currículo, é possível que você identifique pontos em que não se manteve atualizado ou outras oportunidades de avanço. Se isso acontecer, aproveita para planejar como lidar com a situação – sem correria, mas sem deixar para o ano que vem. Soluções criativas, como buscar experiência gerencial atuando como voluntário em uma ONG, podem ser tão úteis quanto as mais comuns (como fazer cursos e obter alguma certificação) – tudo depende do caso, da pressa e do tamanho da diferença existente!

Leia também

Guppie: uma versátil multiferramenta para levar no bolso ou na mochila

Guppy é nome de um peixe de aquário relativamente comum (também chamado de lebiste), e a semelhança de formato e tamanho ajudam a explicar o nome do Guppie, esta simpática multiferramenta que, se não tem todas as funções típicas de um modelo da Leatherman, Victorinox ou Gerber, compensa isso no critério da portabilidade: é pequena, leve e fácil de levar no bolso, mochila, chaveiro e mais.

Em meros 9cm de comprimento (e 116 gramas - quase 20% mais leve que o também diet Leatherman CX), o Guppie inclui uma série de funcionalidades interessantes:

  • Uma chave de boca ajustável que abre até 1/2 polegada (~1,3cm)
  • Lâmina inoxidável que pode ser aberta com uma só mão (sem trava)
  • Encaixe hexagonal para ponteiras de ferramentas
  • Suporte removível (que encaixa e prende ao corpo do Guppie magneticamente) para 4 ponteiras de ferramenta (2 de fenda e 2 philips) e tem uma lanterna led incorporada
  • Um engate tipo carabiner para prender à cintura, mochila, chaveiro ou correia
  • Um clip em aço inox para prender ao bolso ou cinto
  • Abridor de garrafa

O formato, embora bastante incomum, permite boa empunhadura no uso da lâmina, chave de boca e ferramentas.

E a presença da chave de boca ajustável (estilo chave inglesa), além de diferenciar o Guppie dos típicos canivetes de bolso com tamanho e peso similar, permite usá-lo em situações diferentes, incluindo a porta sem fechadura que contei a vocês na semana passada.

Desconheço revendedores nacionais, mas não foi difícil encontrar o Guppie no eBay para entrega no Brasil (só cuidado para não comprar o Li'l Guppie, com menos funções, por engano).

O meu já está na mochila!

Veja também:

Currículo e conflitos de interesse: Devo mencionar a idade? Foto? E pretensão salarial?

Um currículo feito com capricho, completo (sem exageros!) e descrevendo com objetividade as suas características que devem ser avaliadas na seleção para alguma vaga é instrumento essencial na busca por um emprego, e pode abrir ou fechar as portas para uma entrevista.

Nosso recém-atualizado modelo de curriculo é versátil, vem sendo usado com sucesso por leitores há 5 anos e até foi usado para ilustrar uma matéria sobre o assunto na revista Veja.

Já tratei do tema muitas vezes e, nos comentários dos artigos anteriores sobre o assunto, um conjunto de perguntas sempre retorna: devo mencionar a idade? Anexar foto? Incluir pretensão salarial? – e quem pergunta geralmente tem a preocupação de que as menções em questão irão reduzir suas chances na pré-seleção.

E tenho resposta, só que ela não é conclusiva: "depende". Não é porque foi solicitado que você é obrigado a atender, e em determinadas situações, enviar um currículo "incompleto" em relação ao pedido (desde que com outros pontos fortes que contrabalancem esta opção) pode ser uma opção a avaliar.

Lembre-se sempre de que o currículo é um instrumento que você deve construir a seu favor, e não contra você. Em alguns pontos, a decisão de incluir ou não alguma informação equivale a uma aposta: será que o selecionador vai usar isso como critério de corte e me remover da seleção antes mesmo de ver meus pontos fortes? E se eu deixar de incluir, será que o que eu tenho a mais para apresentar chegará a ser lido?

A seleção por critérios como:

  • idade,
  • estado civil,
  • sexo,
  • "risco" de gravidez,
  • "boa aparência"

e outros similares, quando não associada a alguma razão objetiva, pode ser questionável ética e juridicamente, e até do ponto de vista do atendimento ao real interesse de quem seleciona.

Mas, certo ou errado, ela acontece e, quando você suspeita de que a informação pode ser usada contra você na pré-seleção, você não deve mentir (ou enviar uma foto de outra pessoa!), mas uma alternativa a considerar é não mencionar este ponto (e aí correr o risco de ser rejeitado por "currículo incompleto", caso a informação tenha sido solicitada – mas nem sempre ela é!).

Não dá para saber antecipadamente qual será o real critério de pré-seleção e corte que conduzirá à escolha de quem será entrevistado, mas você pode avaliar sua real situação e escolher qual risco encarar: o da menção ou o do currículo "incompleto". Ou seja, buscar optar pela alternativa com mais chance de ganhar o possível acesso a uma entrevista para buscar demonstrar que você tem mais a oferecer do que algum critério preconceituoso poderia (injustamente) "indicar".

A questão da pretensão salarial é similar: mesmo quando não pede, a empresa aprecia receber e pode usar bem na avaliação, mas muitas vezes também pode simplesmente fazer um pré-corte de todos os candidatos que declararem que querem receber acima ou abaixo de determinado valor, sem dar a eles alguma oportunidade de negociar. Ao mesmo tempo, deixar de fora a informação gera o risco de descarte pela mesma razão.

Para resumir: se o empregador pede currículo "com foto" ou "com pretensão salarial", você pode parar para pensar em como você se encaixa no critério de seleção que ele vai aplicar a esses currículos, e concluir sobre o que aumenta a sua chance de chegar a uma entrevista bem-sucedida: atender como solicitado, ou arriscar-se a enviar um currículo "incompleto".

Ou ainda, se suspeitar de algo errado, concluir que prefere não concorrer para trabalhar com esse empregador.

Mas se ele não pede essas informações especificamente, não se sinta compelido: informe só se achar que vai contar a seu favor.

Um detalhe: importante se for enviar a foto, certifique-se de que ela seja de boa qualidade, caso contrário estará praticamente garantindo que ela não poderá cumprir sua função, além de possivelmente estar prejudicando a si próprio quanto ao uso que o selecionador fará!

Leia também: Como fazer seu currículo: modelos originais de curriculum vitae e dicas de preenchimento.

Quando você pensa que acordou com o pé esquerdo...

Durante essa semana levantei material para um artigo que pretendo publicar na semana que vem, sobre como seguir adiante com produtividade quando precisamos superar aquela impressão de que estamos tendo um mau dia, ou que acordamos com o pé esquerdo.

Os detalhes vocês verão em um post novo na semana que vem, mas por enquanto quero compartilhar com vocês apenas um pequeno acontecimento ocorrido no final da manhã de um dia particularmente difícil, tão simbólico que até fotografei:

Cadê a maçaneta?

É isso mesmo: depois de vencer uma verdadeira maratona (com obstáculos!), cheguei para tentar almoçar em poucos minutos disponíveis, estacionei no subsolo de um edifício comercial e... a porta que me permitiria sair da garagem estava sem sua maçaneta.

Não havia alguém do outro lado da porta para abrir para mim, e minha primeira reação foi achar que precisaria voltar ao carro e estacionar na rua (acabando com o tempo de que eu dispunha para um lanche já apressado), mas acabei tendo uma solução melhor à mão, na forma de uma Leatherman Skeletool CX: uma multiferramenta diet">multiferramenta com alicate que estava na minha pasta e permitiu a abertura, superando a prova.

Ficou a lição para aquele mau dia: ele precisaria de um pouco mais de esforço se quisesse me tirar dos trilhos. Mas este foi o momento, por meio de uma coisa tão pequena e trivial, em que ele chegou mais perto de conseguir. E na semana que vem trataremos de como lidar com a situação quando ele consegue!

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