O cliente 2.0 - presença no Second Life interessa a quem?

A atitude de determinados clientes, usuários e administradores que têm algum conhecimento técnico e por isso exigem que seus sistemas ou sites exibam determinados recursos só porque sabem que são possíveis, e não porque detectam que há necessidade deles, são a razão de fracassos retumbantes em muitos projetos, por substituir a análise e identificação de demandas reais pelos argumentos baseados no "o site X tem isso, e nós também podemos ter"!

E é sobre isso que o Marco Gomes comenta em seu artigo "O Cliente na Web 2.0" - a evolução dos clientes que queriam que seu site tivesse chat (sempre vazio), área de notícias (atualizada a cada 8 meses), e apresentações em flash que ninguém desejava ver - eles agora querem recursos de web 2.0, com efeitos e resultados similares - estrelinhas de avaliação que ninguém clica, virais que ninguém passa adiante, comunidades jabazeiras no Orkut que ninguém fora da empresa participa e as famigeradas "presenças" no Second Life.

Recomendo a leitura do texto do Marco Gomes, mas reproduzi abaixo um trecho para dar idéia da situação:

Quando comecei a fazer sites, no já distante ano de 1998, eu era o famigerado “sobrinho”: um pré-adolescente (não tinha espinhas na cara nem óculos) que fazia sites por dinheiro suficiente para um final de semana de curtição, algo como 200 reais.

Naquela época, os clientes pediam recursos muito comuns, coisas que eles viam em outros sites e achavam que seria interessante ter no site da sua empresa. Esses recursos eram sempre os mesmos, alguns que eu lembro agora: chat; notícias, apresentação em Flash, menu vertical à esquerda.

O problema com isso é que os sites eram todos cópias, com os mesmos elementos, e salas de chat sempre vazias… O recurso tecnológico era empregado simplesmente por “ser possível” e não por ser necessário. O chat era colocado não porque existiam pessoas interessadas em discutir o assunto, era colocado simplesmente porque o chat do UOL era legal e nós podemos ter um igual!. O cliente não notava que o mais importante no chat do UOL era sempre ter muitas pessoas nas salas, o que não aconteceria no site com 10 visitantes diários da fábrica de embalagens em PVC.

Hoje a entidade Cliente ainda existe (ainda bem), e pensa do mesmo jeito, mudaram apenas os recursos que os sites “precisam” ter: estrelinhas de votação, AJAX, RSS, mashup de qualquer coisa.

Os sites já não são cópias visualmente, mas conceitualmente continuam sendo. As estratégias continuam na mesmice: vídeos “virais”, comunidades “plásticas e jabazeiras” em redes sociais, blog monótono. O erro histórico se repete: não usa-se o recurso por ele ser necessário e enriquecedor, usa-se por ser possível.

Leia também: 7 dicas de sucesso para sites de pequenas empresas e profissionais liberais.

Comentar

Comentários arquivados

Artigos recentes: