Chaveiro diet: como reorganizar suas chaves

A multiplicação das chaves é um efeito típico da vida moderna, mas com as dicas a seguir você poderá carregar menos peso no chaveiro e encontrar a chave certa até no escuro, antes mesmo de tirar a mão do bolso.

O excesso de chaves é um dos preços da maturidade para muitas pessoas: para acesso à residência, ao escritório, à bicicleta, ao carro, à casa de praia, etc. elas geralmente se tornam um elemento de porte obrigatório.

Piorando a situação, muitas vezes não basta uma chave: chegar ao apartamento ou escritório, por exemplo, pode exigir abrir 2 ou 3 portas, sem falar na caixa de correio, no armário da garagem e outros acessos complementares.

Na semana passada falamos sobre reduzir o volume da carteira, e hoje será a vez do emagrecimento do chaveiro nosso de cada dia.

Por que deixamos o chaveiro crescer tanto?

Com isso, se deixado sem gestão específica, o chaveiro vai crescendo, e acabamos transportando para todo lado 400g de metal cheio de pontas que incomoda no bolso, faz barulho na bolsa e vira uma preocupação constante.

Uma das razões típicas que leva ao crescimento do chaveiro é bastante racional: a ideia da consolidação, que nos conduz a agrupar em um mesmo lote os itens similares, é empregada com sucesso na organização da maior parte dos elementos do nosso dia-a-dia.

A outra explicação comum para o transporte diário de um chaveiro volumoso é a prevenção a uma falha típica: "se eu deixar os outros itens presos na chave de casa, não vou perdê-los". Mas o fato é que se você não tomar cuidado, perde até mesmo a chave da casa – o cuidado com as outras chaves pode existir mesmo que elas não estejam todas desnecessariamente presas entre si.

E assim as chaves da casa de praia e da bicicleta que só é usada no final de semana acabam sendo levadas pra cima e pra baixo, juntamente com um mini-alicate e mais as chaves que você de fato precisa usar todos os dias.

Reduzir para controlar

A ideia da consolidação é poderosa e deve ser aproveitada até mesmo no contexto das chaves, mas o truque é estabelecer um limite para ela, e saber flexibilizá-lo até o ponto em que haja uma pequena redundância.

Explico: não há nada de errado (se as precauções adequadas de segurança forem tomadas) em ter um "chaveirão" contendo todas as chaves da sua vida. Pode até ser uma boa ideia, especialmente se ele for guardado no mesmo lugar seguro em que ficam os documentos essenciais, o kit-emergência da família e outros itens importantes – assim, quando você precisar de uma chave, qualquer chave, terá certeza de onde encontrar.

Mas a palavra-chave (sem trocadilho ツ) é "guardado": este não é o chaveiro que deve estar no seu bolso ou bolsa, não apenas pelo conforto e praticidade, mas especialmente pelo aspecto da segurança – o conjunto completo das chaves que dão acesso a tudo que você tem não deve ser exposto regularmente a condições fora do seu controle.

A redundância entra neste cenário quando consideramos o aspecto prático: além do chaveirão que fica guardado, você precisa ter duplicatas das mesmas chaves para levar consigo todos os dias, e é nelas que acaba havendo espaço para procurar minimizar o peso, volume e incômodo sem prejudicar a funcionalidade.

Identificando os contextos

O conceito-chave ツ da organização é identificar os contextos em que você usa cada conjunto de chaves, e separá-las em chaveiros de acordo com eles.

Por exemplo: exceto por razões de segurança incomuns, as chaves de itens internos da casa ou do escritório (gavetas, armários, etc.) não precisam estar todas no seu chaveiro de uso diário: basta ter a chave do local em que elas ficam guardadas, e nele elas podem ficar em um chaveiro próprio.

Da mesma forma, a não ser que você visite uma casa de praia com frequência e sem um mínimo de planejamento prévio, a chave dela (e do portão dela, etc.) não precisa estar sempre com você: pode ficar em um chaveiro à parte, de preferência que tenha um mecanismo que permita prendê-lo ao chaveiro de uso diário (como o da foto acima) quando você estiver se deslocando entre os contextos.

O mesmo vale para a chave da bicicleta, que pode até merecer um chaveiro à parte com cópia da chave do portão e um prendedor que facilite levá-la em segurança ao pedalar.

E assim por diante: para cada contexto, um chaveiro, mesmo que haja chaves repetidas entre eles – porque raramente os contextos da nossa vida são estanques entre si, e assim eles acabam tendo alguns lugares em comum. E cada um dos chaveiros deve ter seu lugar certo, e nele ser guardado em segurança até ser necessário.

Um detalhe: você deve identificar claramente quais os contextos de cada chaveiro, mas cuidado para não registrar isso com muita clareza no próprio chaveiro. Tudo bem escrever "Praia" em uma etiqueta, mas anotar o endereço completo é dar muita chance para o azar em caso de roubo ou extravio do chaveiro em si.

Colocando as chaves em ordem

As chaves do contexto mais comum no dia-a-dia são as que você vai acabar levando consigo mais frequentemente, e é a essas que você deve dedicar atenção especial, tanto para evitar excesso de volume e peso (que podem inclusive riscar paineis de portas e prejudicar a ignição do carro) quanto para ter mais facilidade de encontrar a chave certa.

O que parece trivial quando analisado à distância frequentemente fica mais complicado na prática, e é o caso das chaves: quando consideramos ter de encontrar a chave certa no escuro, ou com pressa para aproveitar o elevador que já está parado no andar (ou quando tem um telefone tocando no outro lado da porta...), é que fica evidente por que vale a pena pensar no jeito certo de organizá-las no chaveiro.

Uma solução simples e que facilita até mesmo para achar a chave certa no escuro é colocar as chaves na ordem do seu uso comum, contando a partir do chaveiro. Quando você segura o molho de chaves pelo chaveiro, a chave que fica mais aparente (na foto acima poderia ser a amarela) deve ser a que abre a primeira porta no seu caminho para entrar em casa, e as demais ficam na ordem das portas correspondentes – assim, basta ir rotacionando conforme você avança. E se perder a conta, basta reiniciar a contagem a partir do chaveiro.

Se o mesmo chaveiro tiver as chaves de mais de uma casa, ou de casa e do escritório, agrupe-as desta forma, mas cada um dos caminhos (o de casa e o do escritório, por exemplo) deve começar pelas duas extremidades do molho de chaves. Chaves que não sejam das portas do seu caminho (da bicicleta, da caixa do correio, da gaveta…) devem ficar no centro ou, idealmente, colocadas ao lado de uma chave maior que sirva como referência para localizá-las mesmo sem vê-las.

Destacando as chaves especiais

A classificação em ordem de uso funciona bem quando seguimos uma sequência básica de uso das chaves: por exemplo, quando seguimos a rotina de abrir primeiro o portão externo, depois a portaria do prédio, a caixa do correio e finalmente a porta de casa.

Mas há chaves que não abrimos em nenhuma ordem particular. Por exemplo, no meu escritório eu tenho 3 chaves visualmente parecidas que servem para abrir 2 gaveteiros e um armário de documentos. O ideal seria pedir a um chaveiro que fizesse uma cópia delas em metal colorido ou com a cabeça diferenciada, mas neste caso não era possível.

Passei algumas semanas me confundindo com elas, até que arranjei um pouco de tinta para modelismo (verde, vermelha e azul) e pintei as cabeças das 3 chaves com uma grossa camada, cada uma na sua cor – já que não havia no comércio local a opção de fazê-las já coloridas previamente.

Para evitar de vez a confusão, complementei a pintura das chaves com um discreto pontinho da mesma cor num canto do pé dos móveis respectivos – e a partir daí acabou a dúvida. Como essas chaves não andam no bolso (são do chaveiro do escritório), provavelmente a tinta vai durar bastante nelas – e se ela se desgastar, eu volto a pintar, ou de repente já terei encontrado outra forma de diferenciá-las.

Uma alternativa que eu também uso (e herdei do meu avô) resiste muito melhor aos maus-tratos dos bolsos e chacoalhadas a que os chaveiros estão sujeitos. E é bem simples: quando uma chave for usada com frequência mas tiver que ficar no meio do molho (pelos critérios apresentados acima), pode-se pegar uma lima, ou uma serrinha para metais, prender a chave firmemente em uma morsa (ou grampo, ou torno, ou o que você usar para dar firmeza e segurança à operação) e fazer um pequeno “dente” de 1x1mm na lateral da cabeça da chave (não esqueça de lixar depois, para não se cortar nem furar os bolsos).

Com isso, dá para achar a chave facilmente mesmo no escuro. A maioria das chaves tem a cabeça arredondada, e se só uma delas tiver um dente (ou uma textura aplicada com uma lixa), você logo vai estar encontrando a chave certa antes mesmo de tirar o chaveiro do bolso, como é o ideal.

Complementos opcionais

O tamanho certo do chaveiro de uso diário depende da realidade de cada um: ele pode ser de apenas uma casa, ou de uma casa e um escritório, ou ainda de uma casa, escritório e carro, e assim por diante.

Se o tamanho permitir e você tiver a inclinação de agregar funcionalidades, pode considerar algumas das que eu mesmo uso quando o chaveiro permite, e que mencionarei a seguir.

A primeira delas é a lanterna com led que faz para mim o papel de chaveiro, igual ao da imagem acima. Eu o uso há anos sem precisar trocar a pilha, e as eventuais chuvas ainda não conseguiram tirá-lo de combate. Ele já iluminou muitos corredores e escadarias quando faltou luz, o interior da caixa postal pra evitar ter de abri-la para ver se algo chegou, o interior do porta-malas quando cai algo pequeno dentro dele, e assim por diante. É baratinho (de vez em quando compro um lote com 5 por menos de US$ 5 no DealExtreme para presentear os amigos), fácil de encontrar e ajuda nas mais variadas circunstâncias.

A outra é a Utili-key (3 vivas para a Utili-key!), da foto acima. Em resumo, ela se encaixa no chaveiro, têm o tamanho aproximado de uma chave de fusca, e oferece lâmina (protegida enquanto presa ao chaveiro), chave philips e de fenda, e abridor de garrafa. Já me tirou de muitas enrascadas, além de servir regularmente para apertar parafusos de óculos e abrir embalagens de plástico rígido feitas para tirar a gente do sério.

A primeira menção honrosa vai para os pen drives em forma de chave, que eu deixei de usar (não levo mais pen drives comigo no dia-a-dia) mas já usei bastante.

A segunda vai para os cabos carregadores e sincronizadores de celular que têm o formato de chave ou de chaveiro, cuja utilidade também é evidente. Eu não levo no meu chaveiro do dia-a-dia, mas tenho um permanentemente preso à mochila em que levo bagagem de mão quando viajo, já foi útil inúmeras vezes, e não apenas para mim.

Para completar, meu chaveiro da bicicleta é um receptáculo que contém cópia reduzida dos meus contatos de emergência e esconde alguns trocados para comprar uma água mineral no meio do passeio.

Mas não deixe as utilidades adicionais subirem à cabeça: escolha no máximo uma ou duas. É provável que você não precise levar todos estes itens ao mesmo tempo para todo lugar em que vai e, ainda que precise, provavelmente há uma maneira mais prática do que levá-los presos às chaves.

Outras dicas que você use para tornar o chaveiro mais útil sem aumentar desproporcionalmente seu volume serão bem-vindas nos comentários!

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