Puxa vida, Google, eu gostava do Chrome
Gastei 45 minutos mudando de navegador default, mas valeu a pena. Dúvidas sobre desempenho e privacidade no Chrome eu suportava bem, mas inserir bookmarks em posição de destaque e sem me deixar remover foi demais.
Há uma lição aqui: é possível deixar de ser a primeira opção e passar a estar riscado da lista de alternativas em um único dia, e neste caso específico não foi uma questão de ter pouca consideração com as minhas expectativas como usuário, mas sim de nem mesmo disfarçar essa ausência de interesse.
Aproximadamente 59,6% dos visitantes do Efetividade que acessam por um computador, e não por um dispositivo móvel, usam o navegador Chrome. Eu era um deles, até ontem. Mas me dei ao trabalho (e é bem chato, sempre) de mudar de navegador, e quero contar pra vocês a razão, ao mesmo tempo em que compartilho um desabafo.
Eu comecei a usar o navegador Google Chrome há cerca de 4 anos, num momento em que ele começou a ser o navegador que reunia os recursos técnicos que eu usava, que inicializava rapidamente, que rodava web apps rapidamente, que tinha uma configuração default que apresentava bem o espaço na tela, que não colocava distrações ao redor do conteúdo, e várias outras características que eu anteriormente associava a outros navegadores que naquela ocasião pareciam estar meio fora de seu rumo.
Mas o tempo passou, e o Chrome foi inchando.
Faz tempo que tenho a sensação de que o Google está desenvolvendo sua própria plataforma e ela não é nem o Android, nem o Chrome OS – é uma camada que estará acima de ambos, poderá estar também acima de outros sistemas operacionais, e servirá como um caminho direto para os serviços e conteúdos da empresa.
Na minha opinião, o embrião dessa camada/plataforma é hoje o navegador Chrome.
Não tenho nada contra ou a favor dessa ideia de uma camada intermediária que se aproveite do sistema operacional hospedeiro para oferecer um ambiente à parte – tudo dependerá da qualidade da camada e dos produtos/serviços que ela vai oferecer, e do que teremos que oferecer em troca, além de boa parte das expectativas de privacidade que tínhamos poucos anos atrás.
O problema é que no momento, o Google não tem muito a me oferecer nessa direção, que eu não possa acessar pela experiência tradicional do navegador – a recente notícia da nova ênfase em rodar web/"chrome" apps fora do navegador não é nada que me interesse como usuário.
É por isso que uma atualização do Chrome que recebi automaticamente neste final de semana acabou sendo o motivo definitivo para eu desistir de usá-lo como meu principal navegador.
O motivo não é o que ela trouxe de novidade, que é aquele link "Aplicativos" ali na posição inicial da *minha* barra de favoritos, que você vê acima. Não haveria nenhum problema em ele estar ali, ele até é simpático.
O problema é o que ele não trouxe junto consigo: a opção de removê-lo pelos meios tradicionais. Veja o que aconteceu com a opção "Excluir" no seu menu de contexto:
Isso mesmo, está desabilitada1.
Google, eu não me importaria de você deixar o navegador um pouco mais lento ou volumoso pra poder suportar seus aplicativos. Eu não me incomodei muito com os outros degraus que levaram a esse ponto, ao longo dos últimos anos.
Mas você decidir, ao mesmo tempo, que o local em que esse seu link pros aplicativos que eu não quero usar é o início da minha barra de favoritos, que ele não pode ser movido, nem removido, e nem mesmo aparece no Gerenciador de Favoritos, vai além do limite.
Mudar de navegador é chato, mas não é tão difícil assim: exporta uns Favoritos aqui, importa eles ali, ajusta alguns scripts e fluxos de trabalho, aprende um ou 2 truques novos, e pronto: o Safari vira navegador default nas plataformas da Apple, e o Firefox nas demais, e eu continuo a fazer o que já fazia.
Um dia os outros navegadores também vão voltar a me desapontar e eu migrarei de novo, mas no momento, Chrome, foi bom enquanto durou.
- Vários leitores apontaram nos comentários que existe, em outro ponto da interface, uma opção para remoção desse botão, que assim passa da categoria "irremovível" para a de "arbitrariamente privilegiado e com comportamento de remoção intencionalmente obscuro". Menos mal, mas ainda assim igualmente inaceitável, por ser uma ofuscação intencional da interface defendendo um interesse que não é o do usuário final – neste caso, eu. ↩
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