Vidadefreela: novo site voltado aos desenvolvedores freelancers

Escreve o Hélio Costa e Silva (helioΘhlegius.pro.br):

“Estou lhe enviando um e-mail para dizer que graças ao Efetividade.net e seus artigos, consegui melhorar meus rendimentos como desenvolvedor Freelancer que sou, além de aderir a outras diversas dicas suas como agendas, organização pessoal e priorização de tarefas.

Com isso, um amigo meu e eu começamos a fazer alguns bate-papos sobre seus e outros posts, e isso resultou em um novo blog em conjunto. O vidadefreela.net é um blog voltado a dicas, discussão de temas e bate-papo entre Freelancers da área de desenvolvimento web. Não pretendemos ganhar nada com o blog, apenas disseminar nossas experiências como freelancer e como bons leitores de blogs como o Efetividade.net. Era isso. Fica aí a dica em forma de homenagem ao Efetividade.net.”

Boa sorte ao vidadefreela.net!

Blogs e as marcas registradas em URLs: Eu quero é rosetar!

O blog da Mulher Aspirina parece ser a mais recente vítima de um problema tristemente comum: o blog que usa uma marca registrada alheia como parte de sua identidade (especialmente na URL), até que chama a atenção da corporação que é dona desta marca, que aí passa a querer cobrar pelo uso, ou (mais freqüentemente) impedir este uso.

Seguindo passos parecidos com o que já ocorreu com outros blogs como o Parmalat Mas Não Morde e o Amarula com Sucrilhos, a Mulher Aspirina divulgou hoje o texto do nastygram que recebeu dos procuradores da proprietária da marca, solicitando que ela "cesse imediatamente qualquer utilização da marca ASPIRINA, seja como nome de domínio (mulheraspirina.com), seja no conteúdo de site na internet ou em qualquer outro meio.". Eles querem que ela responda em 5 dias, pois... "de outra forma, tomaremos as medidas judiciais cabíveis na defesa dos direitos" da multinacional.

O que você faria? O que o folclore urbano pode ter com isso? Saiba mais, abaixo.

Folclore urbano e marcas registradas

A questão do direito de uso de marcas registradas é complexa o suficiente para nem mesmo tentar explicar por aqui, e espero que a Mulher Aspirina opte por procurar uma boa assistência jurídica, no mínimo para se resguardar.

Mas no fundo eu torço para que ela consiga adaptar o truque do caminhoneiro, naquela lenda urbana que quase todo mundo conhece, mas mesmo assim eu vou contar:

Um caminhoneiro morava em uma tradicional cidade do interior, e todas as semanas viajava, retornando apenas no sábado. Todo mundo o conhecia, ele era um cidadão respeitado e bem relacionado. Até que um dia, ao retornar no sábado, havia uma frase nova no seu pára-choque: "Eu quero é rosetar". Armou-se o escândalo, o padre falou sobre isso no sermão de domingo, as beatas foram pedir que o caminhoneiro tirasse a frase, mas ele estava irredutível: o caminhão era dele e ele manteria ela lá.

Ao longo de algumas semanas, a situação foi se armando, o povo procurou o prefeito, o delegado... até que chegou um momento em que as autoridades bateram na porta do caminhoneiro em um sábado, e deram a ele um prazo de três dias para remover a frase. "Tudo bem", ele respondeu. "Vou viajar amanhã, e quando retornar no próximo final de semana, a frase terá sido removida."

A informação se espalhou, e no final de semana seguinte a população se reuniu ao redor do coreto (sim, era esse tipo de cidade pequena), o padre convocou seu rebanho para uma missa campal comemorativa, o coral infantil se reuniu para celebrar a vitória da moralidade, e todos ficaram aguardando o retorno do caminhoneiro, que não tardou, e logo surgiu na entrada da cidade, com todos os faróis acesos, buzinando, e indo em direção à praça, que circulou de modo a exibir a nova frase do seu pára-choque traseiro.

Na qual agora se lia: "CONTINUO QUERENDO!"

Foi basicamente o que fez a Alê Félix, que ao receber o ultimato dos proprietários das marcas registradas mencionadas na sua antiga URL "amarulacomsucrilhos", não pensou 5 vezes: mudou sua URL para "licordemarulacomflocosdemilhoacucarados" e tocou a vida, servindo como um lembrete permanente da intervenção que beira o ridículo (embora plenamente legal, e justificada - é assim que as marcas registradas funcionam) que estas corporações praticaram contra seu nome original. Na ocasião, a confusão armada pela empresa acabou ajudando a dar alguma projeção extra ao blog e ao trabalho artístico da autora.

Não sei o que a Mulher Aspirina fará, mas estou torcendo para que ela encontre uma saída ao mesmo tempo segura, legal e inspirada.

Um dos meus blogs (o BR-Linux) também tem uma marca registrada de terceiros incluída no seu nome, mas eu tenho licença para empregá-la, desde que respeite determinadas condições (especialmente a menção constante de que se trata de uma marca registrada).

Se você está pensando em montar um blog, ou site pessoal, não deixe de levar em conta esta questão, e evite a necessidade de mudar de nome assim que crescer a ponto de chamar a atenção de alguma corporação sem senso de humor!

Ergonomia: Tendinite nunca mais - dicas para sua mesa de trabalho, parte 1

Ergonomia é o estudo científico das relações entre homem e máquina, visando a uma segurança e eficiência ideais no modo como um e outra interagem. Ela tem relação direta com objetivos como a produtividade, eficiência, conforto no local de trabalho e prevenção de doenças ocupacionais como a LER/DORT (Lesão por Esforço Repetitivo ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).

Neste último contexto, é muito importante lembrar que o posicionamento ergonômico do ambiente de trabalho não pode ser a única medida na prevenção destes males ocupacionais: é preciso ter disciplina, fazer pausas e exercícios - veja o artigo anterior "Workrave: um programa que ajuda a impedir a tendinite" para saber mais, e procure um profissional habilitado para saber que outras medidas devem ser aplicadas ao seu caso.


A mesa onde o Efetividade.net é escrito

Ainda assim, as questões da ergonomia do ambiente de trabalho imediato (a mesa ou estação de trabalho) são parte essencial deste esforço, e desempenham papel importantíssimo no conforto e produtividade nas atividades.

Nesta série que inicia hoje com as 5 dicas abaixo, veremos um conjunto de dicas que podem ser aplicados ao ambiente de trabalho de quem opera com computadores, seja em empresas ou nas atividades domésticas. Não as aplique incondicionalmente: verifique quais podem ser adotadas no seu caso, e procure adaptá-las à sua realidade - de preferência com a ajuda de um profissional habilitado.

Leia também: 7 dicas para o escritório doméstico ideal - das cadeiras ao cartão de visitas!

Ergonomia: 5 dicas essenciais

Geralmente os textos de ergonomia começam com as informações sobre posicionamento e postura: ângulos, apoios, etc. Resolvi fazer diferente, e esta primeira parte de nossa série tratará de dicas mais específicas, deixando as gerais (e não menos importantes) para um capítulo futuro.

  1. Tenha espaço: sua área de trabalho deve ter espaço suficiente para você e para os seus documentos e outros objetos de trabalho. Nada de trabalhar com as pernas pressionadas contra o tampo, o apoio ou o fundo da mesa, nem de se contorcer ou dar voltas para entrar ou mudar de posição, e muito menos de malabarismos para "fazer caber" todos os seus instrumentos de trabalho sobre a mesa.
  2. Teclado e mouse: se você ainda não sabe, aprenda a digitar como profissional, pois as técnicas herdadas da datilografia otimizam os movimentos. Posicione seu teclado em uma altura confortável -geralmente se recomenda que o seu cotovelo fique dobrado em ângulo reto, e o punho neutro ("reto"), portanto o teclado deve estar pouco abaixo da altura do cotovelo. Mesa com altura e posição reguláveis para o teclado é um luxo que você deve procurar ter, assim como teclados com posicionamento e distribuição de teclas que considerem a ergonomia. O mouse deve estar apoiado na mesma superfície do teclado, para reduzir a tração necessária para movimentar o braço até ele. Use as configurações do sistema operacional para obter conforto na movimentação do mouse. Se puder, experimente o uso de trackballs ou trackpads como substitutos do mouse.
  3. Temperatura: Em escritórios onde trabalham várias pessoas e há ar condicionado, as discussões sobre a regulagem dele são constantes. O melhor é definir uma temperatura padrão. No Brasil, costuma-se adotar como temperatura ideal para ambientes refrigerados no verão o intervalo entre 24 e 26 graus, e no inverno (quando há aquecimento) 20 a 22 graus. Façam uma vaquinha, comprem um termômetro e resolvam a questão de forma definitiva!
  4. Monitor: Posicione seu monitor entre 45cm e 70cm de distância em relação a seus olhos, nunca acima da linha de visão quando confortavelmente sentado com boa postura. Procure ter um suporte de monitor que permita reconfiguração fácil de ângulo e altura sempre que necessário, e lembre-se de fazer pausas, piscando intencionalmente e olhando para objetos a mais de 6m de distância, regularmente. Posicione o monitor de forma a remover a incidência de reflexos visíveis de janelas e lâmpadas, e regule o tamanho das letras e controles de forma a enxergá-los sem esforço.
  5. Notebooks: A conveniência de usar o notebook sobre as mais variadas superfícies (incluindo o seu colo) pode e deve ser aproveitada sempre que necessário. Mas se você o usa como instrumento de trabalho diário, o melhor é colocá-lo sobre a mesa e tratá-lo como um computador qualquer, preferencialmente providenciando um teclado e mouse externos, para poder posicioná-los de forma independente da tela, preservando assim as alturas e distâncias corretas.

Como você organiza seu espaço de trabalho, considerando os 5 aspectos acima? Compartilhe suas dicas com os demais leitores, usando os comentários!

Organização doméstica e a Galinha Temporal - Vencendo a bagunça, 20 minutos de cada vez

Como manter a casa organizada mesmo quando não se tem tempo para nada.

Nas últimas 3 semanas tive um acúmulo de atividades incomum na minha rotina. As aulas da pós-graduação, que normalmente ocorrem em finais de semana alternados, desta vez foram realizados em 2 finais de semana consecutivos. No final de semana que sobrou, acabei precisando fazer uma breve viagem. As atividades do trabalho se expandiram um pouco, e em mais da metade dos dias úteis acabaram se expandindo e invadindo as 4 horas diárias que normalmente reservo para as minhas obrigações extra-emprego.

Claro que não deixei a peteca cair. Graças ao esforço de priorização, a maior parte das minhas atividades importantes continuou sendo realizada, e deu até tempo de ler um livro e estudar para a prova de Análise Financeira. Mas leitores atentos chegaram a me escrever perguntando por que na semana retrasada o Efetividade teve tão poucos posts ;-)

Mas a priorização implica em escolhas, e algumas atividades precisam ficar de fora. No que diz respeito à administração doméstica, foram mantidas as atividades básicas relacionadas a suprimentos (manter a geladeira e a despensa abastecidas), aos compromissos financeiros (receber e pagar as contas) e à higiene (todas as limpezas com propósitos sanitários, e não estéticos). Os demais aspectos da organização doméstica ficaram em segundo plano, e assim acumularam-se as correspondências não lidas, objetos não guardados, roupas fora do guarda-roupas e os demais sinais mais típicos do estereótipo de uma república de estudantes do que do apartamento de uma pessoa organizada.

E foi assim, após 3 semanas, que acabei sendo conduzido a uma necessidade de fazer algo a respeito, mesmo sem dispor de tempo suficiente para fazer uma organização completa - ao menos não de uma só vez. Mas a chave está neste último comentário, como veremos a seguir.

Entra em cena a Galinha Temporal

Começar uma tarefa sabendo que não será possível terminá-la imediatamente pode ser um fator de desmotivação muito forte, e isso vinha atrapalhando qualquer esforço para fazer uma organização aos poucos. Até que a ficha caiu: eu não estava conseguindo começar a tarefa exatamente por um problema de motivação, que certamente poderia ser resolvido usando as técnicas usuais.

Gostaria de dizer que foi mais complicado do que isso, para ajudar a justificar 3 semanas de bagunça, mas preciso dizer a verdade: a análise foi simples e chegou à conclusão óbvia, bastando mudar o enfoque sobre o problema. Ao invés de deixar a pouca disponibilidade de tempo ser um fator de desmotivação, bastava usá-la como um desafio: quanta bagunça eu conseguiria organizar, em intervalos de 20 minutos? E foi aí que entrou em cena a Galinha Temporal.


A Galinha Temporal

A Galinha Temporal é um destes timers de cozinha que podem ser comprados em qualquer loja de utensílios, mas a que eu comprei certamente teve sua embalagem (em português) desenhada por algum chinês que não sabe nosso idioma, pois traduziu "Chicken Timer" como "Galinha Temporal". Mas até que ficou um nome charmoso, certo?

O projeto em si foi uma inversão do problema de motivação existente, em 2 passos:

  1. Anotei todas as pendências acumuladas de organização doméstica (guardar roupas, engraxar sapatos, consertar o ventilador, limpar a geladeira, reunir o material da pós que estava espalhado pela casa, ler e arquivar a correspondência, guardar tudo o que estava por cima das mesas e prateleiras, ler ou arquivar as revistas pendentes, embalar e endereçar os brindes de uma recente promoção do BR-Linux, organizar a escrivaninha, etc, etc, etc.) em um papel que pudesse ser colocado de forma visível, e no qual pudesse marcar todas as tarefas que fossem sendo completadas.
  2. Estabelecer um prazo de 20 minutos, não prorrogáveis, para cada sessão de organização, e um limite de 2 sessões por dia.

Assim, a cada sessão, eu iniciava programando a Galinha Temporal para me dar exatos 20 minutos. A TV ficava desligada, aplicações on-line que pudessem me interromper eram fechadas, e eu organizava durante 20 minutos. Comecei pela sala, depois escritório, cozinha, área de serviço, e fui prosseguindo, 20 minutos de cada vez.

E é impressionante como o enfoque de motivação muda tudo. No segundo dia já não havia bagunça visível na casa - e todos sabemos que a presença de bagunça visível atrai mais bagunça. No sábado terminei toda a lista original de tarefas, e estou pensando em aproveitar o método para realizar outras atividades que venho adiando há tempo.

Durante todo o processo, usei uma dica que há algum tempo a Lu comentou por aqui: mantive 3 caixas, sendo uma para objetos que iria doar, outra para o que deveria ir para o lixo, e a terceira para guardar coisas que não poderia colocar imediatamente no lugar. Isso ajuda a manter a atenção na tarefa que estamos fazendo no momento, acumulando as pendências para resolver depois (em outra sessão de 20 minutos!)

Minha casa não é nenhum exemplo de organização doméstica (não sou nenhum Seinfeld, obcecado por limpeza e arrumação), mas a bagunça reduz a produtividade, e assim a gente começa a gastar mais tempo para cumprir as obrigações, e sobra menos tempo para fazer aquilo que se gosta. E se a Galinha Temporal pode ajudar a evitar isso, ela será sempre bem-vinda!

Quer ser mais ouvido? Experimente falar menos!

Seja em um discurso ou na roda de amigos, falar mais do que o necessário para transmitir sua idéia pode ser um tiro no pé. Veja por que, e como lidar com isso.

Uma das frases que em algum momento já estiveram afixadas em algum mural de escritório em que eu tenha trabalhado não tem uma origem muito nobre: vem de uma coluna de conselhos de um jornal. Mas pelo menos não é de uma coluna qualquer, mas sim da "Dear Abby", uma das mais lidas colunas de jornais em todo o mundo, escrita por Abigail Van Buren (pseudônimo de duas autoras da mesma família).

A frase é a seguinte: “The less you talk, the more you’re listened to.” Ou, em bom português: "quanto menos você fala, mais você é ouvido". Ou pelo corolário, freqüentemente citado pelo meu professor de matemática da quinta série, comparando seus alunos a veículos de tração animal: "A carroça, quanto mais vazia, mais barulho faz".

Você conhece alguém que goste de ouvir longos discursos? Quantas pessoas você conhece que falam demais, e assim acabam sendo menos ouvidas? Veja a seguir por que você não deseja ser uma delas.

As vantagens de falar menos palavras - e transmitir a mesma mensagem

O artigo "5 Reasons Why You Should Simplify What You Say, and How to Do It" explica as razões práticas para manter seu foco nas pessoas que estão lhe ouvindo, e não em si mesmo, e assim ser mais breve.

A mais importante delas, na minha opinião, é a clareza. E é óbvio: se você falar o suficiente, sem supérfluos, haverá menos espaço para confundir quem estiver lhe ouvindo. Seu discurso ou posição não serão diluídos pelo excesso de palavras.

Há outra que é vital: redução do fator chatice. Se você se esforça por não falar mais do que o necessário para transmitir sua mensagem, a tendência é que a comunicação se torne mais clara, com carga emocional concentrada, e com mais chance de que as pessoas ouçam até o final sem "perder a sintonia" porque já adivinharam onde você quer chegar.

Tem também o outro lado: o processo de falar de forma simples pode ser menos satisfatório para o ego. Mas as pessoas voltadas para si mesmas, que se sentem especiais por sempre citar 5 autores e analisar 4 tópicos acadêmicos (desde o aspecto filosófico até o tecnológico) sobre qualquer assunto sobre o qual estejam falando, podem acabar descobrindo que é ainda mais agradável para o ego perceber que os outros entenderam a sua mensagem e não a rejeitaram pelo excesso de pedantismo - uma sensação muitas vezes desconhecida pelos falastrões mais chatos ;-)

Portanto, fica a dica: fale menos, e seja mais ouvido!

Gerenciamento de projetos: cuidado com a Lei de Parkinson!

Você já ouviu falar na lei que afirma que as tarefas se expandem para ocupar todo o tempo disponível?

Parte considerável das disciplinas do gerenciamento de projetos está relacionada ao planejamento e controle do uso de recursos caros e escassos, tais como tempo e pessoas. Os profissionais da área hoje dedicam bastante atenção e estudo às práticas do PMI (sintetizadas no PMBOK e em outras publicações do instituto), às metodologias do PRINCE2 e a outras técnicas em voga.

Mas a questão do gerenciamento de recursos escassos é um dos aspectos essenciais da Administração, e muito já se escreveu sobre ela. A maioria das obras tem aquele tom acadêmico que estamos acostumados a esperar de livros acadêmicos, mas de vez em quando surge uma alternativa à sisudez, às vezes sem a mesma profundidade e embasamento, mas certamente facilitando a motivação para a leitura e para a reflexão, como veremos a seguir.

Nem sempre é preciso ser sisudo para provocar reflexões sérias

Foi assim com o Princípio de Dilbert, que na década de 1990 fez muita gente pensar sobre gestão de pessoas, e que é em si uma especialização do Princípio de Peter, surgido em um livro da década de 1960, de autoria de Dr. Laurence J. Peter. Você já deve ter ouvido falar neste princípio, que afirma: "Em uma hierarquia, todo empregado tende a ser promovido até atingir seu nível de incompetência" - e de fato isso acontece em muitas empresas, por exemplo naquelas que adotam a prática de identificar excelentes técnicos ou vendedores e os promovem a cargos de gerência, para os quais às vezes não estão preparados. Às vezes funciona bem, e em outras vezes tende a ser profundamente disfuncional, a ponto de os empregados tentarem reduzir seu desempenho para evitar a transferência forçada para outra carreira.

E assim é também com a Lei de Parkinson, proposta originalmente por um ensaio de Cyril Northcote Parkinson, publicado pela The Economist em 1955. Ela é definida assim: "o trabalho se expande até preencher o tempo disponível". E a experiência prática pode levar a dezenas de exemplos de tarefas que poderiam ser feitas em 2 horas, mas como havia 8 horas disponíveis, ela se expandiu, ganhou novos níveis de complexidade, precisou de mais ferramentas, mais equipe, e eventualmente deixou de ser entregue no prazo justamente como conseqüência destes acréscimos.

Infelizmente esta lei não é reversível: nem sempre um trabalho poderá ser completado de forma mais rápida só porque menos tempo foi atribuído a ele. O foco original de Parkinson era o crescimento das burocracias (não apenas as governamentais), algo que na época (muitos anos antes de os anos 90 chegarem com a reengenharia e a ênfase na terceirização) ocorria de forma constante e independente da demanda pelos serviços da corporação - efeito que ele explicava por intermédio de sua lei.

As pessoas que conhecem e combatem a Lei de Parkinson são aquelas que todo mundo quer ter em sua equipe, pois resolvem rapidamente os problemas - o que faz com que elas tenham cada vez mais problemas para resolver, e em geral acabam tendo de enfrentar os efeitos do Princípio de Peter!

Em gerenciamento de projetos (ou mesmo em projetos pessoais), uma conseqüência negativa da Lei de Parkinson (e da procrastinação) é que raramente uma tarefa ficará pronta antes da sua data planejada. Claro que isso não precisa ser assim, e na verdade o ideal é que o prazo de cada atividade seja estabelecido e cumprido de forma exata (caso contrário, há uma tendência a desperdício de custos e de potencial humano alocado ao projeto), mas a prevenção contra o Princípio de Peter (via mecanismos de motivação ou mesmo via controles do uso do tempo e recursos) deve ser levada em conta!

Mais Parkinson

Tive a sorte de ter professores de graduação inspirados, o que me levou a ler o livro de C. Northcote Parkinson ainda a tempo de aproveitar suas dicas até mesmo na própria faculdade - acabando com a tendência de estudar mais para as provas só porque tinha mais tempo disponível, ou ampliar o escopo de uma pesquisa como conseqüência de ela ter ficado pronta antes da hora.

Não sei dizer onde você pode encontrar o livro (o exemplar que eu li talvez ainda esteja na biblioteca da ESAG, em Florianópolis), mas eu recomendo a leitura, até mesmo para conhecer as outras leis propostas por Parkinson, tais como:

  • O trabalho se expande até preencher o tempo disponível
  • Os gastos se expandem até alcançar o faturamento
  • Expansão significa complexidade, e complexidade significa declínio (esta tem base nas leis da termodinâmica)
  • O número de pessoas em qualquer grupo de trabalho tende a aumentar, independente da quantidade de trabalho a ser feito.
  • O adiamento é a pior forma de negação

E existe ainda a lei da Senhora Parkinson, que deixo como fechamento do artigo para inspirar os gerentes de projeto na audiência: "O calor produzido pela pressão se expande até preencher toda a mente disponível, da qual ele pode ser transferido apenas para uma mente mais fresca".

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