SEO e monetização: conteúdo segmentado X tentativa de surfar todas as ondas

O BlogAjuda publicou anteontem o texto Escravos da publicidade, em que analisa a recente tendência de uma série de blogs que, a pretexto de aumentar sua receita com cliques de usuários em anúncios, tentam surfar todas as ondas de interesse público que surgem, com posts, páginas dedicadas e títulos especialmente construídos para atrair os famosos "Leitores de Títulos, que só estão querendo ver as fotos ou coletar algo que eles possam enviar em um e-mail, mesmo.

Também me parece que esta tendência que ele aponta vem ocorrendo mesmo em alguns setores, e tenho certeza (venho acompanhando blogs de amigos) de que estar bem colocado mo Google quando uma onda destas passa - por exemplo, quando alguma cantora pop resolve ser fotografada sem parte do seu vestuário - gera uma receita considerável.

Mas tem uma parte do texto do BlogAjuda que me motivou especialmente a escrever a respeito. Veja o trecho em questão, que lança uma hipótese:

Blogs segmentados, sobre determinado assunto, não têm chances de sobreviver. Se isto for realmente verdade, sinto dizer-lhes, mas o Brasil, ou melhor, o povo brasileiro não está preparado para absorver os candidatos a probloggers.

Não sou nem pretendo ser problogger - sou funblogger! ;-) Mas gostaria de garantir a todos que blogs segmentados, sobre determinado assunto, têm sim chances de sobreviver no Brasil. Exemplo disso é o BR-Linux, que recentemente completou 10 anos com muita saúde, e subiu ao pódio na lista dos blogs selecionados pelo IDGNow no final do ano.


Adsense BR-Linux - Rendimentos de 28/12/2006

Mais importante que os indicadores acima, para efeito desta argumentação sobre monetização, é que o BR-Linux, segmentado e longevo, gera um rendimento considerável com o Adsense, como mostra a imagem acima, do extrato referente a 28/12 último (que está longe de ser o recorde de rendimento diário do BR-Linux).


Bloggers compartilham informações, e na época da screenshot acima eu estava comparando diariamente os rendimentos com um blog nacional extremamente bem posicionado (top 3) nas buscas sobre o infame vídeo do assassinato oficial daquele ditador do Oriente Médio, provavelmente a última das ondas de conteúdo de 2006. Naturalmente ele tinha excelente rendimentos nestes dias, mas em nenhum dia ele chegou a 60% do que o BR-Linux estava gerando ordinariamente na mesma data.

Não sou contra as memes e ondas de conteúdo

As tendências de conteúdo da web só são tendências porque tem alguém seguindo, e bastante gente interessada. Não acho errado lucrar com elas, muito menos se divertir com elas, como o Cardoso e o Cocadaboa fazem com freqüência variável. Eu mesmo me divirto com algumas delas.

E eu também surfo nas tendências quando são on-topic, como no recente caso do atentado à liberdade na Internet brasileira motivado pelo comportamento de uma modelo brasileira em uma praia da Espanha. E obviamente dá resultado, fora a massagem no ego de ver o seu blog citado na Folha, e uma screenshot dele exibida (mesmo que mais rápida do que um raio) no Jornal da Globo. Mas eu sei o que acontece com o surfista que tenta surfar todas as ondas, e não quero esse resultado pra mim.

Mas como tem surgido a dúvida sobre a possibilidade de que esta seja a única alternativa para ter fluxo de caixa favorável com blogs no Brasil, quero aqui garantir que não: conteúdo segmentado também pode dar um excelente retorno no Brasil.

Mas possivelmente exige mais trabalho, e o sucesso passa a depender também do interesse público no assunto que você escolher cobrir, portanto escolha o seu caminho sabiamente ;-)

Revolução etc: Como escrever e sustentar um bom currículo para vagas de webdesigner

O sempre excelente Revolução etc. publicou hoje um guia sobre como escrever e sustentar um bom currículo para vagas de webdesigner.

Selecionei um trecho:

Escrever um bom currículo é sim muito importante, não menosprezo isso, mas sabê-lo sustentar é muito mais. Já tive acesso a dezenas de currículos de pessoas que diziam saber algo e não sabiam. De pessoas que colocavam certas informações que mais assustava do que interessava a quem estivesse analisando. Ouvi de amigos que já viram pessoas não serem contratadas por darem os “sinais errados” no currículo que enviaram. Pensando nisso resolvi escrever algo que pudesse ajudar quem procura emprego e quem está interessado em se tornar um web designer profissional.

O principal a ser sustentado é a parte que trata de conhecimentos. Uma coisa muito importante que todo profissional de TI sabe muito bem é que boa parte do conhecimento vem com a prática, mas ninguém quer contratar alguém sem conhecimento e sem experiência. Logo, como as pessoas o adquirem? Praticando é a resposta. Se você não tem muita experiência, procure ler os bons livros, fazer cursos e desenvolver sites de exemplos para praticar e mostrar o que você sabe. Se não sabe, corre atrás de XHTML e CSS mas não deixe de estudar usabilidade, tratamento de imagens, tipografia, um pouco (ou bocado) de javascript, procure entender como funciona as tecnologias de server side mesmo que não seja um programador. Saber bem como funciona é diferente de ser programador. Esta lista te daria um emprego inicial, mesmo não sendo especialista em nada ainda.

Veja o texto completo em Revolução etc: Como escrever e sustentar um bom currículo para vagas de webdesigner

Leia também:

Rotulador eletrônico, ferramenta-chave para melhorar a organização doméstica e profissional

Um dos pontos do método GTD em que David Allen abandona completamente o enfoque tático de dizer apenas o que fazer, e vai ao nível operacional, descrevendo detalhadamente como fazer, é na questão da organização e indexação de objetos e documentos. Seja para criar os "olhos" que identificam as pastas suspensas, ou para identificar prateleiras, ou caixas, ou envelopes de documentos, você precisa de uma solução que possa criar etiquetas adesivas uniformes, bonitas, facilmente legíveis e que não descolem.

E David Allen sustenta (e me convence) que a solução mais efetiva é um rotulador eletrônico. As etiquetas geradas por eles grudam de verdade, a escrita é clara e permanente, a padronização é evidente, e você imprime quando quiser, quanto quiser (ao contrário das etiquetas de computador, em que é difícil imprimir folhas incompletas sem desperdício).

Assim como é fácil entender que uma lixeira posicionada mais longe do que o arquivo faz com que a gente arquive papéis que poderiam perfeitamente ir para o lixo, pode-se perceber facilmente que a disponibilidade de imprimir uma bela etiqueta a qualquer momento, sem ter de trocar o papel da impressora, sem ter de aguardar para imprimir várias etiquetas juntas, e sabendo que ela não vai desgrudar, ajuda a criar e manter o hábito de etiquetar gavetas, caixas, envelopes, pastas, cadernos, albuns, disjuntores, remédios, CDs, telefones e todos os demais locais de armazenamento de documentos, ferramentas, peças e outros itens que daqui a 3 meses você, ou outra pessoa qualquer, não lembrarão onde deixaram.


Etiquetas de rotulador X Etiquetas manuscritas

E como diz a Gina Trapani, do Lifehacker, "A tool that's easy and fun to use is a tool you will use." Ou, em português, uma ferramenta que é fácil e divertida de usar é uma ferramenta que você usará. Deve ser por isso que as pessoas continuam desejando e comprando blocos Moleskine e canetas especiais, quando é perfeitamente possível escrever poesias e tratados com um toco de lápis no papel de embrulho da padaria ;-)

Eu comprei meu rotulador eletrônico há pouco mais de 1 ano, e após um frenesi etiquetador que durou cerca de 1 mês, agora não se passa uma semana em que eu não etiquete pelo menos uns 5 itens. Definitivamente valeu a pena.

Escolhendo meu rotulador eletrônico

Os rotuladores mais populares são da Brother e Dymo. Após pesquisar um pouco, eu comprei um Dymo Letratag MT azul, e ele vem sendo meu fiel aliado há mais de 12 meses, sempre ao meu alcance na gaveta do escritório.

Ele tem o design bastante ergonômico, sendo bastante fácil de digitar com os 2 polegares. O teclado tipo ABC tem vários modos adicionais de símbolos, caracteres acentuados e muito mais opções de impressão (molduras e estilos variados, impressão vertical, etc.) do que eu um dia vou precisar, e poder visualizar a etiqueta no display LCD, mandando imprimir só quando fica pronto (e revisado), é um grande conforto.

Ele imprime em vários tamanhos de letra (minúsculo, pequeno, médio e enorme), tem opção de imprimir em 2 linhas, e como usa impressão térmica, não precisa de cartuchos de tintas, fitas ou outros suprimentos - basta ter sempre à mão os cartuchos de etiquetas colantes de 12mm de largura compatíveis com o formato Letratag, que na verdade são compostos por uma longa fita autoadesiva, já que cada etiqueta impressa pode ter comprimento diferente das anteriores - o rotulador tem um botão que se encarrega de cortá-las ao final da impressão silenciosa.

Para mim, cada cartucho dura uns 3 meses, e eu alterno a impressão entre os cartuchos de etiquetas transparentes e os de papel com fundo branco, mais econômicos. Mas tenho também um (que uso pouco) que é de etiquetas modelo Permanent, plásticas com fundo branco, com maior aderência e grande tolerância a umidade e variação de temperatura (de -30 ate + 150graus), para rotular equipamentos eletrônicos e cabos expostos ao tempo. Talvez você se interesse também pelas etiquetas que aderem em tecido, para identificação ou personalização de roupas.


Um cartucho LetraTag com etiquetas de poliéster verde

O Dymo Letratag MT usa 6 pilhas tamanho AA. Quando comprei o meu, comprei também 6 pilhas alcalinas daquelas feitas especialmente para câmeras digitais (mas que ninguém usa em câmeras, porque as recarregáveis são muito melhores), e não tive que trocar nenhuma vez desde então.

Eu comprei o meu LetraTag no Submarino, mas já vi ele à venda em diversas boas papelarias - pesquise antes de comprar o seu. Para mim valeu cada centavo, mesmo não sendo barato. E várias pessoas que já me viram usando compraram os seus, então acho que não sou o único a gostar de ferramentas que ajudam a organizar o dia-a-dia ;-)

Saiba mais:

Efetividade nas passagens aéreas: viaje barato pela Varig, BRA, Ocean Air e TAM neste verão

Passagens aéreas baratas são artigo de grande procura no verão.

É a lua de mel em Buenos Aires, são as férias em Porto Seguro, a visita à família em Belo Horizonte... Todas estas atividades têm algo em comum: a pesquisa de passagens aéreas econômicas. Ou, mais precisamente, baratas. E há grande oferta, seja na BRA, GOL, TAM, Ocean Air, e até na Varig.

Talvez por esta razão, o artigo anterior "Efetividade nas férias de verão: Como comprar passagens aéreas econômicas e com desconto" tem tido grande procura nos últimos dias: viajantes efetivos sabem o que procurar ;-)

E como nem todo mundo lê sites de economia e negócios, achei que valia a pena reproduzir aqui a notícia de hoje no Invertia apresentando diversas opções de passagens nacionais e internacionais, inclusive abaixo dos R$ 100. Leia abaixo a íntegra!

Viajando barato: passagens aéreas econômicas

A Varig informou que continua sua promoção de passagens aéreas na ponte Rio - São Paulo por R$ 79 enquanto durarem os assentos. Há também tarifas econômicas em vôos de São Paulo a Fortaleza (R$ 370), de São Paulo a Brasília (R$ 159), de São Paulo a Porto Alegre (R$ 159), de São Paulo a Manaus (R$ 509) e do Rio a São Paulo (R$ 119).


Há ainda uma promoção de passagens para Fernando de Noronha. Os vôos ida e volta saindo de São Paulo (Guarulhos) são vendidos por R$ 1.040,00 até 31 de janeiro.

A aérea informa que há vôos promocionais de São Paulo a Porto Seguro (R$ 215 o trecho), São Paulo a Belo Horizonte (R$ 150 o trecho), São Paulo a Florianópolis (R$ 159 o trecho), São Paulo a Salvador (R$ 199 o trecho), São Paulo - Rio - Recife (R$ 365 o trecho) e Rio a Recife (R$ 259).

Para os clientes Smiles, a aérea oferece a promoção para o verão. Ao voar em uma das rotas escolhidas, o passageiro ganha milhas em dobro, entre o período de 18 de dezembro e 18 de janeiro.

As milhas adquiridas também podem ser utilizadas para vôos pelas empresas aéreas Air Canada (para viagens à América do Norte) e Pluna (para Montevidéo, capital do Uruguai). Mais informações podem ser obtidas no site http://www.varig.com.br/ .

OceanAir

A OceanAir também continua a oferta de passagens de R$ 85 para o trecho de São Paulo a Curitiba.

A passagem de São Paulo (Guarulhos) para Florianópolis sai por R$ 149 o trecho. De São Paulo (Congonhas) para Porto Alegre é vendida por R$ 150 o trecho. A passagem de Brasília a Curitiba, por sua vez, sai por R$ 229.

De Porto Alegre a Florianópolis, o bilhete sai por R$ 125, e de São Paulo a Salvador, por R$ 250 o trecho, e de Recife a Brasília, por R$ 450. A empresa informa que as passagens promocionais estão disponíveis tanto para a ida quanto para a volta. A promoção vale enquanto durarem os assentos.

Há também tarifas promocionais para cinco cidades da Região Nordeste. Os preços variam entre R$ 220 e R$ 400, de acordo com o destino.

A tarifas são válidas para embarques de 1º de janeiro a 15 de fevereiro de 2007. Quem optar por ir a Salvador (BA), pagará a partir de R$ 220 se embarcar no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP). Se o passageiro escolher Congonhas, o preço sai por R$ 300.

Ao interessado em ir a Recife (PE) ou Aracaju (SE), o valor do bilhete é de R$ 400 para ambos os destinos. Nos dois casos, o embarque é em Guarulhos. A viagem para Fortaleza (CE), com saída de Congonhas, custa R$ 450. O mesmo preço é cobrado para quem for a Maceió (AL), saindo de Guarulhos.

Para adquirir passagens, os clientes podem ligar para 4004-4040 nas principais capitais ou para 03007898160 nas demais cidades. Há a opção de comprar pelo site www.oceanair.com.br .

TAM

A TAM voltou a vender novas passagens aos clientes após proibição da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) durante o Natal, em razão do colapso no setor aéreo. Em meio a essa situação, a empresa não lançou promoções novas, mas continua oferecendo um novo serviço de venda de passagens, que inclui cinco níveis de preços: Promo, Light, Flex, Max e Top.

Na ponte aérea Rio (Galeão) - São Paulo (Guarulhos), por exemplo, o cliente que optar pelo nível Promo consegue passagens por R$ 89. Para o aeroporto carioca de Santos Dumont, o vôo sai por R$ 119,50.

BRA

A BRA informou que sua política não é realizar "promoções relâmpagos" e, sim, oferecer preços baixos o ano inteiro. A passagem só de ida para São Paulo-Rio sai por R$ 89; para Porto Alegre fica em R$ 169, para Florianópolis sai a partir de R$ 109, para Recife fica em R$ 279 e para Salvador a partir de R$ 199.

Do Rio de Janeiro, a passagem de ida para Porto Alegre fica R$ 209, e para Salvador a partir de R$ 149. Para Recife sai por R$ 259.

Fonte: Invertia: Varig tem passagens a partir de R$ 79 - Sábado, 6 de Janeiro de 2007, 12h00

Links para outros sites

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Técnicas de negociação e fundamentos da definição de preços de design, desenvolvimento, web e freelances

Colaborou: CamilaFS

Definir preços e sustentá-los em uma negociação é um desafio constante, ainda mais nestes tempos de "nova economia", em que empresas com estruturas enxutas muitas vezes negociam frente-a-frente com multinacionais em áreas como design, desenvolvimento, web, produção gráfica e outras, e que mesmo os free-lancers encontram dificuldades para concorrer contra os preços absurdamente baixos cobrados pelos famosos sobrinhos, vizinhos e aqueles conhecidos que "entendem de Corel".

Como designer, procuro ter sempre controle sobre os preços que pratico, de modo a poder defendê-los na mesa de negociação, e explicar por que não é possível comparar este preço com o do sobrinho do vizinho que sabe tudo de Photoshop e tem noções de Flash.

Este artigo pretende apresentar os princípios da negociação, com foco na busca de um resultado racional e otimizado levando em conta os objetivos de todas as partes, bem como uma explicação do processo de formação do preço de venda. A conclusão une os dois conceitos, apresentando a importância do preço como fator-chave na negociação de produtos e serviços. Não posso ensinar você a definir um preço e defendê-lo, mas entender como funciona o processo certamente poderá lhe ajudar!

Uma negociação racional de produtos e serviços baseia-se em fatos, e usualmente o preço é o foco durante todo o processo. Detalhar os princípios de ambos os fatores, e conjugá-los em uma conclusão objetiva, é essencial para o entendimento das negociações bem-sucedidas.

Os princípios da negociação efetiva

O objetivo de uma boa negociação é atingir o melhor acordo para todos os participantes, e cada participante busca também garantir o melhor resultado para a sua parte, considerando sua própria agenda – idealmente tendo definido antes os 3 cenários básicos:

  • seus objetivos mínimos – que procurará alcançar mesmo no caso de um ambiente desfavorável de negociação,
  • seus objetivos prováveis – para a situação que lhe parece mais equilibrada entre as partes, e
  • seus objetivos ideais, que ele buscará atingir no caso de uma situação francamente favorável.

A negociação é um processo que envolve troca de mensagens entre as partes, portanto aplicam-se a ela os conceitos da comunicação. E como o seu interesse é fazer com que sua mensagem esteja adequada, chegue integralmente ao destinatário e cause o efeito pretendido, é importante que ela seja previamente planejada, levando em conta um estudo sobre a outra parte, procurando identificar fatores como:

  • Questões político-sociais e jurídicas
  • Crenças e cultura
  • Aspectos comerciais e mercadológicos
  • Questões financeiras e fiscais
  • Características das pessoas que representarão a outra parte na negociação

Considerando os aspectos e cenários acima, o negociador busca definir previamente suas alternativas táticas, cria planos de ação que envolvem oportunidades de suspensão dos trabalhos caso surjam aspectos não considerados previamente, define como irá apresentar sua pauta (resumidamente ou não, completa ou em partes, etc.) e parte para a negociação.

O ato de negociar em si deve ser isento de viés emocional, considerando com respeito o ponto de vista da outra parte, sem subestimar a ela, suas necessidades nem seus interesses.

O processo deve prosseguir com foco no interesse comum, até alcançar o máximo possível de satisfação mútua. Após o processo, antes de encerrar a reunião, deve-se recapitular o que foi discutido e acordado, e registrar – formalmente ou não, mas de forma que seja reconhecida por todas as partes.

Assim, podemos destacar como sendo os princípios da boa negociação a lista a seguir:

  1. Objetividade: definir com clareza um objetivo, e orientar todos os esforços durante o processo a buscar alcançá-lo - sem deixar que aspectos emocionais, interesses pessoais ou mesmo a sede de “ganhar a discussão” interfiram. O objetivo deve ser definido de forma escalonada, identificando inclusive quais deles são irrenunciáveis (o “escopo mínimo”, do qual o negociador não pode abrir mão) e quais são apenas desejáveis.
  2. Comunicação: Comunicação é tornar comum, é fazer com que uma mensagem alcance o receptor e (idealmente, em uma comunicação efetiva) influencie seu comportamento. Uma comunicação efetiva demanda planejamento prévio e grande capacidade de adaptação às condições do ambiente e dos interlocutores – o que nos leva ao terceiro princípio:
  3. Preparação: para ter sucesso no processo, é necessário conhecer de antemão os interlocutores, garantir as melhores condições ambientais e conjunturais possíveis, e ter um plano detalhado contendo inclusive os “checkpoints” e roteiros de escape para o caso de ser melhor interromper a negociação antes de chegar ao objetivo desejado, de forma a continuá-la posteriormente em condições mais favoráveis. A análise é fundamental: leva vantagem o negociador que consegue compreender e definir qual o objetivo de sua contraparte, e identificar até que ponto ela está preparada para ceder.
  4. Pauta: A pauta de negociação deve ser definida levando em conta os critérios acima, e deve ser planejada levando em conta a forma como será transmitida. Uma pauta para um almoço de negócios é diferente da pauta para uma reunião formal, que é diferente da pauta para uma conferência. Decisões sobre como ela deve ser apresentada (paulatinamente ou de uma vez só, verbalmente ou por escrito, etc.) e sobre por quais pontos iniciar a conversação são importantes e não devem ser subestimadas.
  5. Impessoalidade: a negociação não deve misturar os interesses das pessoas com os objetivos do processo. Pode ser necessário assumir o papel da parte que “perdeu” a negociação, aos olhos dos demais, para garantir o alcance dos objetivos previamente definidos. Uma boa negociação é um processo racional, e não deve considerar aspectos emocionais ou exaltar os ânimos dos participantes. O foco deve ser sempre mantido nos objetivos definidos, e não nas posições assumidas pelos participantes ao longo do processo.
  6. Análise: como no método científico, o ideal é primeiro ser analítico para só depois ser sintético. O processo deve gerar múltiplas soluções possíveis, todas elas adequadamente registradas, e apenas ao final desta fase analítica deve-se passar à fase de síntese, em que se classificam e selecionam as melhores opções e se escolhe a melhor.
  7. Racionalidade: o resultado de todos os passos acima, se seguidos corretamente, é uma decisão equilibrada, considerando todos os dados existentes ou estimados, e baseada em critérios objetivos – e que atende da melhor forma possível a todas as partes interessadas.

O papel do preço na negociações de vendas de serviços

A microeconomia explica como são compostos os preços que o mercado está disposto a pagar por um determinado bem ou serviço, na forma de equações relativamente simples mas cujos componentes são agregados compostos de uma série de fatores sobre os quais raros vendedores e compradores têm algum controle.

Em especial, a elasticidade da demanda é um fator que todo vendedor gostaria de manipular, mas em geral apenas os monopolistas podem exercer algum controle, mesmo que restrito. Que vendedor não gostaria de influenciar seu mercado de forma a garantir que um aumento de preço não reduzisse a procura por seus produtos ou serviços? Mas a lei da oferta e da procura não pode ser revogada, e em mercados saudáveis, o preço baixo, ou o mítico “preço justo”, são os reis no que diz respeito às negociações.

Já estabelecemos que as negociações bem-sucedidas são processos racionais e baseados em fatos, e todos sabemos que em negociações de vendas de produtos ou serviços, o fator preço é um dos mais relevantes.

Composição racional dos preços de venda

Mas se você é a parte ofertante, como pode definir o seu preço de forma a garantir a venda no volume necessário para manter suas operações e alcançar seus objetivos, e como saber qual o preço inicial a propor, e até que ponto estar disposto a ceder na negociação?

Existem alguns fatores básicos a levar em conta, dos quais podemos destacar os essenciais:

  • Seus desembolsos: os custos (recursos dispendidos diretamente no processo produtivo ou como consequência dele, como matérias-primas, mão de obra direta, etc.) e despesas (outros dispêndios da empresa);
  • Competitividade: é necessário levar em conta os preços praticados por outros concorrentes diretos e por possíveis produtos ou serviços que possam substituir o seu, mesmo que com desvantagem. Se o seu produto tem diferenciais e o mercado está em expansão ou é amplo o suficiente, você pode cobrar mais que o concorrente imediato. Caso contrário, a tendência é ter dificuldades para fechar negócios.
  • Rentabilidade: vender pelo preço de custo não dá margem para crescimento da empresa e nem para atividades importantes como Pesquisa&Desenvolvimento ou o marketing institucional. É necessário definir e perseguir margens de lucro aceitáveis que capitalizem a empresa e garantam o retorno para o investimento dos sócios e acionistas.
  • Fatores regulatórios e legais: Impostos, taxas, incentivos, subsídios, tabelamentos e outros.

O conhecimento dos custos envolvidos na produção de cada produto, serviço ou projeto, a análise dos preços praticados no seu mercado e a margem de retorno desejada é importante em todas as operações da empresa, mas se torna essencial em alguns momentos específicos, como no lançamento de uma nova linha de produtos, na preparação para uma negociação de venda intrincada ou estratégica, ou quando o mercado passa por uma reviravolta (como na abertura da importação dos têxteis asiáticos, que quebrou tantas tecelagens catarinenses na década passada) e a empresa precisa se adaptar rapidamente.

Naturalmente há outros fatores envolvidos na formação dos preços. Por exemplo: uma empresa pode aceitar prestar a preço de custo um serviço que dará retorno a ela na forma de publicidade, ou para formar sua carteira de clientes, ou mesmo por questões de responsabilidade social. Da mesma forma, algumas empresas estabelecem preços bastante superiores aos seus custos como forma de diferenciação ou posicionamento do mercado (“custo da marca” e outros fenômenos similares).

No momento da negociação, todos estes fatores precisam ser conhecidos e dominados. Raramente uma empresa divulga sua estrutura de custos, mesmo na mesa de negociação. Mas o negociador precisa estar apto a decidir até que ponto pode ceder (o ponto em que o retorno do investimento passa a ser nulo ou desinteressante), e também que aspectos do produto ou serviço devem ser destacados e valorizados para justificar o preço proposto.

Concluindo

O preço geralmente inicia a negociação como o fator-chave, e é o foco durante todo o processo, portanto ele é a variável básica que pode ser manipulada para alcançar o sucesso na negociação.

Ele deve ser formado atendendo a critérios racionais e objetivos, atendendo tanto aos aspectos internos da empresa (sintetizados nos desembolsos e na expectativa de rentabilidade) e nos aspectos de mercado (especialmente a competitividade).

Para uma negociação bem-sucedida, comprador e vendedor encaram o preço como a variável essencial, e leva vantagem aquele que melhor consegue identificar os limites até onde a outra parte está disposta a ir, e que outras ofertas ela pode ter recebido anteriormente.

Na minha opinião, conhecer suas próprias forças e fraquezas, dominar as informações sobre as oportunidades e ameaças do mercado e especialmente conhecer os preços praticados pelos concorrentes (inclusive os que comercializam produtos diferentes mas que podem substituir o seu) são os ingredientes essenciais tanto da boa formação de preços quanto da negociação bem-sucedida. E ambas as habilidades (formação de preços e negociação) são importantes para o sucesso de qualquer projeto ou organização.

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