As finanças de quem trabalha em home office

A independência de trabalhar em home office traz consigo vários desafios, inclusive ser o principal responsável pela manutenção dos seus meios de produção, inclusive o mais essencial deles: a sua própria saúde e capacidade de produzir.

Já abordei as consequências deste fato diversas vezes, estimulando a criação de um fundo de reserva pessoal e alertando para a necessidade de dar atenção ao fluxo de caixa para não ser surpreendido pelas próprias finanças - futuramente quero dedicar também um artigo a elementos da contabilidade de custos, para abordar o curioso (e comum) risco de uma iniciativa empreendedora ser vítima de seu próprio sucesso devido a questões de custeio mal equacionadas, que não são percebidas antes de o volume de atividade crescer.


Montar e manter o home office custa dinheiro!

Mas agora, bem a propósito do recente artigo sobre ferramentas de gerenciamento financeiro e em sintonia com o post de ontem sobre minha experiência com home office, o educador Reinaldo Domingos, fundador do Instituto DSOP de Educação Financeira, enviou o texto abaixo, que trata exatamente dos cuidados que devem ser adotados por quem trabalha por conta própria.

Você gostaria de uma série de artigos sobre este assunto?

Parece bem concreta a possibilidade de acertarmos com o Prof. Reinaldo uma série de artigos sobre gerenciamento de finanças pessoais aqui para o Efetividade, mais ou menos nos moldes do que estamos fazendo com a Patrícia Wolff na série de artigos sobre Competências.

O que vocês acham? E que sub-temas ou focos do gerenciamento financeiro pessoal prefeririam que abordássemos primeiro, se a parceria for confirmada?

Já adianto que tenho em mãos 2 livros do Prof. Reinaldo para resenhar, e devo publicar um post sobre algum deles em breve.

Por enquanto, segue o artigo de hoje:

Profissionais autônomos devem ter cuidado especial com as finanças

por Reinaldo Domingos*

No Brasil são milhões de profissionais autônomos, atuando nas mais variadas áreas, os exemplos mais lembrados são advogados, médicos, contadores, representantes comerciais, vendedores de tecidos, dentre outros. O fato de trabalhar nesse regime tem diversas vantagens, entretanto, também possui riscos, dentre os quais destaco a falta de controle financeiro e o risco de não saber distinguir e controlar o dinheiro que pertence às atividades pessoais, do dinheiro que pertence a atividade profissional.

Isso porque, diferente dos profissionais registrados, conhecidos como CLT, esse profissional é o que presta serviços habitualmente por conta própria a uma ou a mais de uma pessoa, assumindo os riscos da sua atividade; não é subordinado, não tem patrão, não tem horário de trabalho fixo, e, portanto, não tem direito a verbas trabalhistas (décimo terceiro, férias, seguro desemprego, uma folga paga por semana etc.), e ainda deve depositar os valores para sua previdência pública.

Mas como fazer com que esse profissional coloque a vida financeira em ordem? Para facilitar o entendimento, a seguir citerei os principais pontos a serem levados em contas por esses profissionais.

Garanta o futuro já

Se você ficar sem clientes por um longo período você conseguirá sobreviver por muito tempo?

Se sim, maravilha, mas a maioria dos autônomos conseguem se manter por no máximo três meses. Como não possui seguro desemprego, é fundamental que esse profissional tenha uma reserva para caso de emergência. Todo mês deve ser aplicado um pouco mais, logo você verá que essa medida de segurança se tornará a garantia de uma aposentadoria mais segura.

13º para quê?

O brasileiro dá uma importância muito grande para o décimo terceiro salário, sendo considerado uma ‘bóia salva-vida’ da saúde financeira, é comum que as pessoas falem que tudo melhor com o 13º, esse é um grande erro e que permite um acumulo de problemas sem tratamento.

No caso do autônomo esse dinheiro extra não existe assim todos os gastos devem ser realizados consciente, e criando uma reserva para festas de fim de ano, IPVA, IPTU, matrículas, festas de aniversário, dentre outras.

Saúde é prioridade

O autônomo tem que pensar no seu plano de saúde, mas se por um lado isso pode parecer um mal negócio, eu vejo de outra forma, pois, na maioria dos casos os planos de saúde das empresas não atendem a todas as necessidades do colaborado, assim, você escolher seu plano permite que esse seja adequado as necessidades, além de haver a possibilidade de negociação.

País dos tributos

O Brasil é o país dos tributos, assim, parte do que um autônomo recebe será direcionado a pagar impostos como INSS e ISS.

Assim, é importante ter em mente que no valor de todos os serviços deverão estar inclusos esses valores, e que esse deverá ser separado para essa finalidade tão logo receba pelos serviços. É fundamental estar em dia com a Receita Federal, os riscos são muito altos.

Valorizar o trabalho

O fato de não ter patrão faz com que o autônomo seja esse, assim, os valores a serem recebido é uma decisão dele. Sabendo dos custos extras que terá por não ser CLT, é importante cobrar valores justos pelos seus serviços, aprendendo a negociar e a defender seus interesses. Ninguém fará isso pelas outras pessoas gratuitamente.

Assim é importante argumentar sobre a economia que o contratante tem pela terceirização dos serviços. Se o autônomo receber pouco, não conseguirá arcar com os valores mensais acima citados.

Relacionamento

O profissional autônomo tem como primordial o bom relacionamento com seus clientes e também todo meio que vive, acredite muitas vezes mais vale bons contatos do que dinheiro no bolso. O que o autônomo tem de mais importante é sua imagem.

Assim, por meio da educação, presteza, simpatia, carisma, você estará investindo. Toda atenção é necessária, como vestir-se apropriadamente, respeitar a atividade de cada um, entre outras. Essa é uma das chaves do sucesso deste profissional. Investir também em sua profissão é pré-requisito para ser respeitado.

Visão do crescer

Existem vários casos de profissionais que se acomodam, mas, isso não pode acontecer para os profissionais autônomos. É necessário objetivos, pensar sempre em crescer, aumentar sua carteira de clientes, não ficar dependente de um único cliente, é muito comum ver profissionais trabalhando somente para aquele cliente e quando acontece rompimento contratual a crise se instaura. Nunca concentre, procure sempre alternativas.

Contudo, cuidado, o crescimento sempre deverá ser sustentado. Isto quer dizer, dar o passo de acordo com que as pernas podem alcançar.

* Reinaldo Domingos – Educador e Orientador Financeiro. Também é autor do livro “Terapia Financeira” – (Editora Gente), e criador da Metodologia DSOP – Educação Financeira – Presidente do DSOP Instituto de Educação Financeira – (www.dsop.com.br). Twitter:@reinaldodisop

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