Adsense se posiciona e favorece blogs e sites com conteúdo de qualidade

Até mesmo a convenção de Genebra é clara ao definir o tratamento que deve ser dado a pára-quedistas. Se o Google se posicionar na defesa deles, todos ganham.

O Undergoogle publicou um artigo analisando as recentes mudanças aparentes na postura que o Google adota quanto à forma e conteúdo dos sites que exibem publicidade do Adsense. Em semanas recentes, a antiga postura bastante permissiva e elástica quanto aos próprios termos de uso no que se refere ao conteúdo dos sites parceiros foi substituída por um bem-vindo surto de fiscalização, com advertências bastante diretas a blogueiros que haviam pisado fora da risca definida nas regras do programa.

Segundo a descrição do Undergoogle, "Essa semana o Google enviou mensagens a alguns de seus editores com um aviso sobre conteúdo inapropriado. Foram muitos blogueiros aconselhados a remover determinados posts que feriam o Termo de Uso do Google AdSense, principalmente um quesito : associação de conteúdo impróprio para menores aos anúncios. Além de remover os posts, a recomendação era remover a indexação no próprio Google, com a punição de congelamento e posterior cancelamento da conta do editor em caso de insistência."


Leitores pára-quedistas chegam aos blogs via sites de busca

Vale lembrar que os regulamentos de uso do programa Adsense excluem a publicação de anúncios em sites sobre uma série de assuntos, incluindo categorias de remédios e drogas, pornografia, bebidas alcoólicas, fumo, racismo, falsificações, jogos de azar e vários outros temas, incluindo todos os ilícitos. Muitos deles certamente são temas que geram tráfego, o que faz com que alguns publishers vez por outra tentem forçar as regras para atrair visitação (especialmente dos pára-quedistas, que freqüentemente estão em busca destes tipos de conteúdo) e com isso aumentar seu faturamento.

Incentivo econômico ao conteúdo de boa qualidade

Ao mesmo tempo em que intensifica a fiscalização do conteúdo, o Google resolveu esclarecer algumas das normas quanto ao posicionamento dos anúncios do Adsense, para reduzir as possibilidades de os editores de site estimularem os cliques de usuários motivados por qualquer intenção que não seja o interesse despertado pelo próprio anúncio. Como o Undergoogle apontou, alguns dos novos conselhos de posicionamento tornam inválidas as sugestões de otimização anteriores do próprio Google, o que pode até abrir uma discussão, embora nos casos limítrofes entre a otimização e o esforço para evitar enganar o leitor ou o anunciante, a escolha ética seja clara.

Atrair leitores para seu site ou blog é importante, e as formas mais efetivas de fazê-lo envolvem a publicação de conteúdo original e relevante. Os famosos leitores pára-quedistas, que chegam ao seu site via sites de busca, são consumidores importantes para o Google, que inclusive adapta seus anúncios para refletir o que eles estavam procurando, quando é possível obter esta informação por intermédio dos cabeçalhos da conexão HTTP.

Mas montar um esquema para lucrar no Adsense a partir de sites e páginas que são verdadeiras armadilhas para os pára-quedistas, que os atraem por menções explícitas a conteúdos bastante procurados, mas não agregam nenhum conteúdo original (e muitas vezes nem ao menos oferecem ao pára-quedista aquilo que ele estava procurando), é uma prática que desvirtua o modelo adotado, e certamente não vai poder durar para sempre - como qualquer outro esquema que ilude tanto o leitor quanto o anunciante, que é quem paga a conta pelos cliques.

De minha parte, a operação de limpeza do Adsense é bem-vinda, e mesmo nos casos em que eu mesmo já fui solicitado pelo pessoal do Adsense a fazer mudanças nos anúncios, sempre estive de acordo com a idéia geral, que é reduzir o risco de desviar as práticas do site contra os leitores ou contra os anunciantes. Ao desestimular os ganhos com conteúdo de qualidade questionável, o Google certamente está mirando em preservar seu próprio modelo de negócios, mas as vantagens para os leitores e usuários são óbvias.

Quem sai perdendo é quem montou modelos de faturamento baseados na atração de pára-quedistas e na condução deles para que cliquem em algum anúncio com pagamento por clique, e não por vendas (que é o caso do Adsense). Estes já devem ter começado a perceber uma tendência e devem estar repensando seus modelos, para benefício de todos. E o conjunto dos editores de sites e blogs que faturam com o Adsense sai ganhando, não apenas pela depuração natural, mas também pelo fortalecimento do modelo em si.

A Convenção de Genebra já defende os pára-quedistas em seu artigo 42 (do Protocolo I), mas seria interessante ver um parágrafo anexado a ele, definindo que todo pára-quedista tem o direito de aterrissar em uma página de conteúdo original e de qualidade ao chegar a um site que exibe banners do Adsense, e transformando em crime as páginas criadas com o único objetivo de formar armadilhas para eles, sem adição de conteúdo original e relevante a algum outro contexto.

Eu já estou fazendo uma revisão de conteúdo em todos os meus sites, e recomendo a todos que façam as suas também. E aproveitem para uma reflexão sobre o seu papel neste ecossistema. E vale lembrar que conteúdo original e de qualidade pode ser mais custoso de preparar, mas também atrai os pára-quedistas e gera faturamento ;-)

Qual sua opinião: o Google está certo em procurar reduzir o incentivo econômico a sites com conteúdo de qualidade duvidosa?


Sugestões adicionais de leitura:

Agradecimentos ao Bruno Melo, do Verdade Absoluta, que chamou minha atenção pro artigo Os ganhos com o AdSense vão cair, no Undergoogle.

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