Planejamento estratégico: como aplicar ao seu dia-a-dia (parte 2 de 2)
Planejamento estratégico é um conjunto bastante complexo de disciplinas inter-relacionadas, geralmente aplicado a organizações de médio ou grande porte e considerando períodos de tempo extensos. Sua intenção é estabelecer um direcionamento a ser seguido pela empresa, para alcançar a missão definida por ela - mas você também pode aplicar seus princípios à administração de seu dia-a-dia.
Na primeira parte deste artigo, vimos um resumo das fases iniciais deste processo para adoção em nível individual, lembrando sempre que os métodos do planejamento estratégico podem ser complexos demais para este tipo de uso, a ponto de não valer o esforço de sua adoção por completo. Por isto, você pode considerar a adoção de uma parte importante dele, que embora não seja fácil, é simples de compreender: a definição de missão, o desdobramento em objetivos e o alinhamento das ações.
Nesta segunda e última parte do artigo veremos como prosseguir de onde paramos na parte anterior: uma vez definidos a missão, visão e valores, e feita a análise interna e ambiental (forças e fraquezas, oportunidades e ameaças), como fazer para transformar isto tudo em ações e acompanhar esta execução.
Formulação de objetivos, plano de metas e indicadores
Após a análise interna e externa, você já terá condições de fazer o desdobramento estratégico, definindo objetivos e metas. Todos eles devem ser congruentes - ou seja, alinhados entre si pela missão e visão que você definiu, considerando seus princípios e valores, e levando em conta as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças identificadas na análise. Idealmente, eles também devem ser ordenados ou hierarquizados, considerando os mesmos atributos acima.
Uma forma de dividir seus objetivos e metas é adotar a organização por períodos - por exemplo, planos semestrais ou anuais. Como qualquer instrutor de dietas, exercícios ou finanças pessoais pode lhe explicar, os objetivos de médio e longo prazo tendem a ser melhores para o planejamento, mas devem ser acompanhados de metas intermediárias que sirvam para a avaliação e eventual correção de curso, fazendo uso de indicadores previamente definidos.
Para exemplificar: se você definiu a qualidade de vida como um de seus valores ou como parte de sua visão, alguns possíveis objetivos de longo prazo podem ser mudar-se para longe da cidade grande, capacitar-se para um trabalho que permita viver em uma cidade menor (e na praia, ou no campo, por exemplo), e alcançar o peso ideal para a sua altura.
Neste contexto, algumas metas podem ser: acumular o capital necessário para mudar-se para a cidade de destino, mudar para um emprego que permita futuramente residir lá, capacitar-se no SEBRAE para aumentar a chance de ser bem-sucedido ao abrir uma pousada, ou passar a fazer exercícios 50 minutos por dia, 4 vezes por semana.
E os indicadores são as formas de medir se as metas e objetivos estão sendo atingidos. Os naturalmente numéricos em geral são óbvios: número de quilos perdidos, número de horas por semana na academia, saldo da poupança destinada a comprar a casa na nova cidade. Quando o indicador não é numérico por natureza, você precisa encontrar uma forma de reduzi-lo a critérios objetivos. O importante é que os indicadores sejam definidos de antemão, bem como os níveis deles que constituirão o sucesso em cada uma das metas (por exemplo: o sucesso na meta do peso ideal será atingir e manter o peso de 88kg) - e que sejam acompanhados, e eventualmente revistos quando necessário, ao longo do processo.
Uma forma mais aprimorada de definir planos de objetivos e metas é fazê-lo por projeto. As organizações alcançam este nível de maturidade quando têm uma genuína necessidade de vencer a concorrência ou oferecer continuamente serviços de maior qualidade. Se você tiver uma vida estruturada o suficiente, pode adotar o planejamento por projetos, definindo objetivos, metas e indicadores para cada um deles.
Uma vez definidas as metas e os indicadores, você passa a ter de levá-los em conta em todas as suas atividades - ou seja, toda operação deve passar a ser orientada a atingir as metas e objetivos, sempre alinhadas à visão e missão, e atendendo aos valores definidos.
Completando o ciclo: acompanhamento da execução
Viver sua vida, ou o dia-a-dia da sua organização, torna-se um pouco mais trabalhoso (o termo para este acréscimo de trabalho é overhead) quando você passa a realizar acompanhamentos, buscar o alinhamento e de outras formas administrar o que acontece, de forma a buscar atingir uma visão.
Muitos esforços de planejamento fracassam devido às dificuldades que surgem após as definições: no acompanhamento e execução. Se você opta por planejar estrategicamente, precisa estar disposto a conviver com este overhead. Diversas técnicas podem ser usadas para reduzi-lo e torná-lo bem mais tolerável, mas cabe a você motivar-se e manter-se em sintonia com as suas próprias propostas.
Lembre-se sempre: todo este processo só tem chance de prosperar se você realizar o acompanhamento durante a execução, revisando sempre que necessário, e avaliando (e registrando, e aprendendo com os erros e acertos) ao final de cada projeto, ao atingir cada meta e cada objetivo. Caso contrário, serão palavras vazias e tempo perdido.
Para saber mais
Não deixe de ler primeira parte deste artigo.
O local certo para se informar sobre planejamento estratégico é na biblioteca de uma faculdade de administração, onde você deve encontrar os livros mais recentes sobre o tema - muitos dos quais não são escritos exclusivamente para entendimento apenas pelos profissionais da área.
A Wikipédia tem um artigo sobre planejamento estratégico que pode dar alguma noção geral sobre o assunto.
A Wikipedia em inglês tem no artigo "Strategic planning" uma apresentação muito mais detalhada sobre a definição de visão e missão, e também sobre o escalonamento das metas. Já o artigo "Strategic Management" tem muito mais informações interessantes sobre o tema, inclusive um capítulo que é de interesse geral, apresentando as razões mais comuns do insucesso dos planos estratégicos em organizações.
O artigo "Empreendedorismo e blogs: a importância de um plano de negócios", aqui mesmo do Efetividade.net, pode dar mais algumas idéias sobre como aplicar a Administração ao seu dia-a-dia.
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