Entrevista: Trabalho em casa é coisa séria
O Baguete, popular veículo de notícias sobre TI sediado no RS, nasceu da forma como hoje nascem muitos blogs (incluindo o Efetividade) e newsletters: como uma ocupação adicional realizada em casa, no tempo livre de seu fundador. Mas por ser mantido de forma competente e trazer informação que seus leitores não estavam obtendo em outras fontes, acabou se transformando em um empreendimento de sucesso já há pouco mais de 10 anos, e freqüentemente serve como fonte para notícias e pautas de material que publico ali ao lado, no BR-Linux.
E hoje esta equação se inverteu: eu que virei fonte de material publicado por eles, na forma de uma entrevista publicada no site e na versão impressa, com o título de Trabalho em casa é coisa séria.
Separei um trecho:
Em resumo, quais os aspectos positivos de trabalhar em casa?
Augusto Campos: Para mim, as maiores vantagens são ter mais controle sobre o fluxo e as fontes de interrupções no trabalho, e a possibilidade de dispor o espaço de trabalho da forma como melhor se adaptar à minha produtividade pessoal, sem as restrições que ocorrem no ambiente corporativo.
Também incluo na lista a independência de horários, a economia de tempo e custo de transporte, a redução do investimento necessário na montagem do seu ambiente de trabalho, e todas as vantagens relacionadas à qualidade de vida.
E os negativos?
Augusto Campos: Quando se trata de teletrabalho -ou seja, um funcionário cujo local de trabalho não é o escritório da empresa- um estudo recente publicado pela Network World mostra que hoje pode haver impacto no avanço da carreira, pois as melhores vagas tendem a ser dadas às pessoas que atuam presencialmente.
No caso dos profissionais liberais, independentes ou autônomos, isto pode não ser um problema, mas mesmo eles precisam lidar com as situações práticas, de separar o que é ambiente (e horário) de trabalho e o que é de convívio familiar, manter-se motivado para trabalhar mesmo sem o acompanhamento próximo de um chefe e colegas, e também o outro lado da moeda, que é saber a hora de parar e "encerrar o expediente".
Para completar, há o desafio de ser percebido como um profissional produtivo, sem o preconceito que pode ser despertado por uma pessoa que, essencialmente, fica o dia inteiro em casa.
Apreciei a oportunidade, e quero registrar meus agradecimentos à Márcia Lima, pela condução da entrevista, e ao Rodrigo Lóssio, por ter levado a indicação de pauta ao Baguete. Obrigado!
Aproveite e leia mais artigos sobre home office e trabalho em casa publicados aqui no Efetividade!
Uma dica: não marque reunião de negócios em casa, mesmo que tenha estrutura. Há muitos locais em que se pode tratar com clientes e parceiros sem ter de passar por esta mistura de dois mundos que, na cabeça de todos, são tão distintos: a casa e o escritório.
Em cidades médias e grandes é fácil, e relativamente barato, reservar um espaço para reuniões em um hotel. Quando o custo não se justificar, aí a alternativa mais simples de todas, e que é vista como cortesia, é se oferecer para realizar a reunião no ambiente do cliente ou parceiro.
Se for menos formal, aí tem toda uma gama de alternativas, como aproveitar para fazer um almoço de negócios. Mas se a necessidade de receber clientes for constante, aí não dá de escapar: será necessário contar com o espaço para recepção e reuniões permanentemente à disposição, e os mundos irão fatalmente colidir.
Quem trabalha em casa corre o risco de ficar preso ao trabalho 24 horas por dia? Como administrar os horários?
Augusto Campos: Os horários são tão flexíveis quanto o profissional desejar ou puder sustentar, e há risco nas duas extremidades: trabalhar pouco ou trabalhar demais. Eu prefiro ter um horário definido sem rigor, mas não tenho dificuldade em me manter motivado, e às vezes acabo extrapolando e fazendo "hora extra" - quando percebo, interrompo e deixo o restante para o dia seguinte.
Outras pessoas encontram o problema oposto, pois a ausência de controle externo acaba levando à procrastinação, tudo fica para a última hora, prazos são perdidos e a qualidade cai.
Se a atividade envolve o contato freqüente com clientes ou parceiros, acredito que o ideal é definir um horário de atendimento, e uma forma de contato diferenciada - como um telefone que possa ser colocado na secretária eletrônica quando "acaba o expediente" - caso contrário o risco de ser considerado (ou se considerar) como estando 24h à disposição é grande.
Em resumo, quais os aspectos positivos de trabalhar em casa?
Augusto Campos: Para mim, as maiores vantagens são ter mais controle sobre o fluxo e as fontes de interrupções no trabalho, e a possibilidade de dispor o espaço de trabalho da forma como melhor se adaptar à minha produtividade pessoal, sem as restrições que ocorrem no ambiente corporativo.
Também incluo na lista a independência de horários, a economia de tempo e custo de transporte, a redução do investimento necessário na montagem do seu ambiente de trabalho, e todas as vantagens relacionadas à qualidade de vida.
E os negativos?
Augusto Campos: Quando se trata de teletrabalho -ou seja, um funcionário cujo local de trabalho não é o escritório da empresa- um estudo recente publicado pela Network World mostra que hoje pode haver impacto no avanço da carreira, pois as melhores vagas tendem a ser dadas às pessoas que atuam presencialmente.
No caso dos profissionais liberais, independentes ou autônomos, isto pode não ser um problema, mas mesmo eles precisam lidar com as situações práticas, de separar o que é ambiente (e horário) de trabalho e o que é de convívio familiar, manter-se motivado para trabalhar mesmo sem o acompanhamento próximo de um chefe e colegas, e também o outro lado da moeda, que é saber a hora de parar e "encerrar o expediente".
Para completar, há o desafio de ser percebido como um profissional produtivo, sem o preconceito que pode ser despertado por uma pessoa que, essencialmente, fica o dia inteiro em casa.
Como administrar o home office quando se convive com mais pessoas, filhos, animais de estimação, etc?
Augusto Campos: Acompanho vários casos de profissionais que trabalham na mesma casa em que convivem com suas famílias, sem maiores problemas. O desafio é saber separar os ambientes e os horários, e o ideal é ter isso bem definido, de forma a facilitar a percepção dos limites.
Se várias pessoas convivem na casa o dia inteiro e os ambientes se misturam, o impacto sobre a produtividade é inevitável. Moro sozinho, e mesmo assim tenho um espaço dedicado e separado para o escritório doméstico, o que ajuda até mesmo a separar a atitude mental de estar ou não em atividade - quando estou no escritório, estou trabalhando.
O home oficce pode ser uma saída em cidades como São Paulo? Ou o brasileiro ainda vai demorar a adotar o trabalho em casa?
Augusto Campos: O teletrabalho, mais do que o home office em si, é uma das saídas que a Nova Economia encontra para os problemas das metrópoles. Mas ele não se aplica a todos os casos, e nem funciona bem em todas as situações.
Ele é uma saída eficiente e flexível, ao alcance de profissionais com espírito empreendedor. Mas não acredito que vá alcançar uma grande fatia dos profissionais tão cedo, e é bom que seja assim: o modo de trabalho presencial é necessário para muitas atividades, e nem sempre pode ser simplesmente substituído. Só que nos casos em que o escritório doméstico funciona, ele funciona muito bem.
O blog Efetividade e o site BR-Linux são as tuas principais fontes de renda?
Augusto Campos: Eu tenho um emprego da forma tradicional, na área de Planejamento Estratégico, e esta é a minha principal atividade. Mas os dois blogs, que mantenho fora do horário do expediente e trabalhando a partir de casa, geram rendimento considerável e crescente, e em meses recentes vêm superando o contracheque do emprego tradicional.
Mas eu gosto muito da atividade que desempenho, então não penso em largar o emprego tradicional e ficar apenas com o escritório doméstico: eles se complementam muito bem, e a flexibilidade da atividade on-line me permite manter a qualidade de vida.-->
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