Gripe suína: como evitar, sem pânico
Como prevenir a gripe suína ou "gripe A" é o assunto do momento. Com as notícias sobre a epidemia de gripe suína, a imprensa brasileira segue o ritmo ditado pela internacional, e já começa a falar sobre a possibilidade de o vírus H1N1 causar uma pandemia, a lembrar dos 40 milhões de mortes causados pela Gripe Espanhola em 1918-1919, e a listar um conjunto de sintomas iniciais que, naturalmente, lembram bastante o de uma gripe comum.
A consequência é óbvia: pessoas assustadas lotando postos de saúde, corrida desnecessária a vacinas, gente estocando remédios (ineficazes)... e não tenho dúvida de que nos próximos dias haverá gente "bem informada" andando de máscara cirúrgica no ônibus, com base na onda de terror causada pelo conhecimento, pela imprensa em geral, de que más notícias vendem jornais.
Por outro lado, caso este vírus chegue mesmo por estes lados, a presença de casos das gripes comuns certamente vai causar preocupação nos pacientes e familiares, o que acaba se traduzindo mesmo na ida (provavelmente desnecessária) ao posto de saúde, o que congestiona o sistema e atrapalha o processamento dos casos reais, que podem ser difíceis de identificar - quem vai querer esperar o desenvolvimento do quadro clínico de seu filho antes de levá-lo ao atendimento? - e assim as filas nos postos de atendimento crescem naturalmente.
Por esta razão, a recomendação divulgada desde a noite de domingo para que os brasileiros tomem medidas preventivas contra a gripe em geral faz sentido de duas maneiras diferentes: as medidas, quando possíveis, também ajudam a prevenir a gripe suína, e além disso reduzem este efeito do "falso positivo" gerado por casos de gripes comuns.
E as medidas preventivas "genéricas" divulgadas pelo CDC (o órgão dos EUA responsável por prevenir e combater epidemias, entre outras atribuições) contra a gripe suína são bastante acessíveis.
Traduzi livremente as 5 precauções listadas pelo CDC:
- Cobrir nariz e boca com um lenço descartável ao tossir e espirrar, jogando o lenço numa lixeira em seguida.
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, ou com produto de limpeza à base de álcool.
- Evite tocar seus olhos, nariz e boca (especialmente após tocar em maçanetas, corrimões, etc.).
- Evite contato com pessoas infectadas, pois o vírus é transmitido de pessoa para pessoa.
- Se você ficar doente, fique em casa, não vá ao trabalho ou à escola
Esta última recomendação é importante: no México, onde o número de casos é maior até o momento, as aulas foram suspensas até o dia 6 de maio, para reduzir oportunidades de contágio no transporte público e nas próprias escolas. Ir ao trabalho estando com os sintomas de gripe, por lá e neste momento, é colocar em grave risco todos os colegas, clientes e parceiros.
No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) esclareceu que não há motivo para pânico, e que o país está preparado para lidar com o vírus - e que apenas pessoas que viajaram para as áreas afetadas, ou tiveram contato com quem viajou, devem procurar atendimento médico especial caso desenvolvam sintomas de gripe.
Vale conhecer, entretanto, as medidas de prevenção individual que estão sendo recomendadas nos meios de comunicação do México - especialmente para evitar que você se antecipe de forma errada, estocando remédios ou tomando vacinas ineficazes. As precauções recomendadas aos mexicanos (onde há razões mais concretas para se prevenir) são:
- Usar máscaras que cubram o nariz e a boca ao sair à rua.
- Não propagar o pânico, nem exagerar as indicações das autoridades, pois são medidas preventivas.
- Não cumprimentar com apertos de mão, abraços ou beijos, em especial na presença de pessoas infectadas.
- Não se dirigir aos centros de saúde exceto quando estritamente necessário.
- Lavar as mãos com sabonete ou gel antisséptico com frequência.
- Manter-se afastado das multidões, incluindo concertos, parques e teatros.
- Não fumar, ou reduzir o fumo, para ajudar a prevenir doenças respiratórias.
- Comer frutas ou alimentos ricos em vitamina C para aumentar as defesas do organismo.
- Manter as janelas abertas e permitir a ventilação dos locais de trabalho e atividade.
- Lavar bem os talheres e utensílios, e evitar compartilhá-los.
- Postergar reuniões e encontros sociais.
- Evitar exercícios ao ar livre ou em centros esportivos muito frequentados.
- Estar atento a alertas disseminados pelos meios de comunicação.
Coloquei a segunda delas em negrito, porque não falta quem encontre explicações religiosas ou conspiracionais ("tá na cara que é coisa do Osama!", ou do Bush, ou dos reptilianos, ou da PF, etc.) para este tipo de situação, e este tipo de comportamento pode piorar a situação ao aumentar demandas, baixar o moral ou mesmo reduzir a credibilidade dos alertas e recomendações oficiais.
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