Planejamento para 2011: leve a sério o tempo dedicado a você

Se olharmos o planejamento que a maioria das pessoas organizadas prepara para um novo ano que começa, é comum vermos uma série de objetivos e ações relacionadas ao desenvolvimento pessoal e familiar, ações voltadas à qualidade de vida e outras definições que criam (ou dão prioridade maior a) atividades que a maioria de nós definiria como "obrigações".

Alguns exemplos comuns:

  • o sedentário planeja passar a fazer exercícios regularmente
  • quem está acima do peso planeja fazer dieta
  • quem precisa de tempo planeja acordar mais cedo
  • pais planejam passar mais tempo com as suas crianças
  • quem deseja viajar planeja estudar um idioma
  • quem quer melhorar a empregabilidade planeja fazer um bom curso
  • quem se atrasa todo dia planeja acordar mais cedo

... e assim por diante. Nada de errado com isso, pelo contrário: a ideia básica dos planejamentos pessoais é a evolução, e esse tipo de definição funciona bem para muita gente, especialmente quando reune alguns atributos básicos das boas metas:

  • ser claramente definida: específica, precisa
  • ser mensurável: quanto mais fácil de medir e acompanhar, melhor
  • ser desafiadora: não adianta se propor só metas fáceis de alcançar
  • ser alcançável: uma meta impossível prejudica as viáveis
  • ter prazo definido: senão fica tudo para o ano que vem, a semana que vem, etc.

Só que os planejamentos pessoais muitas vezes acabam sendo conduzidos ao insucesso pelo aspecto motivacional: eles se concentram muito na dimensão do "eu preciso" (emagrecer, aprender, me exercitar, acordar cedo, etc.) e deixam completamente de lado o "eu quero", que é justamente a dimensão na qual temos mais amplitude para trabalhar nossa própria motivação.

Assim, já que o ano ainda está começando, que tal rever o seu planejamento para 2011 e incluir um pouco mais de "eu quero"?

Defina e justifique o tempo para você

A literatura em inglês tem um termo interessante: "me time", que já vi traduzido algumas vezes como "tempo para mim": é aquele tempo reservado e dedicado a você, deixando de lado as demandas do chefe, da família, dos colegas, da sociedade, etc.

A maioria de nós tem dificuldade em gerenciar compromissos conflitantes: trabalho, família, vida acadêmica e vida social parecem sempre querer de nós mais tempo, e aquelas atividades que faríamos no "me time" acabam parecendo algo que estamos negando a alguém mais:

  • o futebol das terças equivale a uma voltinha a menos com a família,
  • assistir ao seriado predileto significa uma hora a menos de estudo
  • ler um livro por prazer nega horas preciosas de leitura acadêmica

... e assim por diante. Só que não podemos (nem devemos!) nos negar sempre essas atividades desejadas e, se não nos permitirmos de forma consciente, acabamos fazendo de uma forma pior - enganando aos outros ou a nós mesmos.

Alguns itens para estimular a sua escolha

Portanto, eis minha proposta: não planeje seu novo ano com atenção apenas à eficiência, mas sim à efetividade também! O planejamento tem que servir não apenas para você gerar mais resultado com o seu esforço, mas também para que a sua vida seja mais agradável.

Algumas ideias para você iniciar sua escolha:

  • fazer pelo menos 1 passeio "de dia inteiro" com a família todos os meses
  • frequentar alguma aula de formação esportiva ou musical
  • livrar-se de alguma atividade que toma seu tempo e esforço mas não lhe traz satisfação
  • voltar a ler alguns bons sites diretamente e por prazer, e não como um compromisso de "zerar o leitor de RSS"
  • ler 2 livros todos os meses - mas os que você lê por obrigação acadêmica ou profissional não entram nesta contagem!
  • assistir no estádio os jogos locais do seu time
  • dormir mais horas por noite
  • voltar a jogar futebol com a turma todas as semanas
  • retomar um hobby, dedicando a ele pelo menos 3h semanais (mesmo que seja o videogame, ou algum seriado)

Só não tente escolher muitas simultaneamente, a não ser que você seja algum tipo de campeão mundial de tempo disponível!

Ninguém fará isso por você!

Se você não planejar previamente o tempo para o que você quer fazer, as atividades obrigatórias, as urgências e as expectativas alheias vão se expandir até o limite do seu tempo disponível.

Por outro lado, se você incluir entre as suas metas anuais algumas que estão voltadas a estes prazeres aparentemente egoístas, será natural agir de modo a ter condições de realizá-los: liberando a agenda no horário do seriado ou do futebol, pesquisando previamente roteiros e fazendo reservas para o passeio mensal com a família, mudando a rotina noturna para dormir mais cedo, trocando a TV noturna pela leitura, ou o que for.

Escolhas são renúncias, e alguns dos seus desejos podem ser mutuamente exclusivos: o futebol pode ser no mesmo dia do seriado, jogar videogame pode prejudicar o horário de ir dormir, a aula de artes pode impedir os passeios, e assim por diante.

Alguns dos desejos podem até ser impossíveis no momento: quando eu estava na graduação (noturna) e trabalhava em expediente integral, dormir mais do que 6 horas por noite era uma impossibilidade prática (a não ser que eu não mantivesse meus demais compromissos), e aí as metas naturalmente precisavam atacar outros aspectos, pois elas precisam ser viáveis.

Minha experiência em 2010

Sempre gostei muito de ler, mas há algum tempo as minhas atividades profissionais e acadêmicas colocavam tantos livros em meu caminho, que eu acabava lendo apenas por obrigação.

Mas no início do ano passado eu me propus a voltar a ler mais por prazer (sem descuidar da leitura "por obrigação", claro), e coloquei a ideia em prática desde o início do ano: assinei algumas revistas além das que eu já lia por interesse profissional, voltei a frequentar o setor de ficção da livraria, e me tornei freguês assíduo do Kindle (rodando no meu celular e no meu tablet).

Deu muito certo, mas houve um preço: eu acompanhava alguns seriados na TV, e foi deles que saiu a maior parte do tempo para a leitura (o restante veio da praticidade dos ebooks, que podem ser lidos em momentos em que um livro de papel não estaria à mão para mim).

Culturalmente tenho a impressão de que saí ganhando, mas acredito que em 2011 eu vá buscar me livrar de alguma obrigação pouco efetiva para poder ter mais equilíbrio do meu tempo dedicado ao lazer.

Em tempo: em 2010 eu estendi o plano também às leituras online, e assim cancelei minhas assinaturas dos feeds de vários sites que, sem perceber, eu havia deixado de ler por prazer e passara a acompanhar diariamente por obrigação, muitas vezes fazendo pouco mais do que dar uma olhada nos títulos das matérias via Google Reader antes de apertar o botão de marcar tudo como lido - agora eu voltei a lê-los só quando tenho tempo, aproveitando e saboreando a leitura (e claro que me esforço para fazer surgir o tempo para lê-los!)

Quero ouvir de vocês

Expus minha opinião e sugestões, e agora é a sua vez. Minhas duas perguntas são simples: quais planos de interesse pessoal você vem deixando de planejar por parecerem egoístas ou sem importância? E como você encara a possibilidade de planejá-los a sério em 2011?

Comentar

Comentários arquivados

Artigos recentes: