Evite as discussões que você não precisa ter

Discussões fazem parte da vida, assim como os conflitos e diferenças de opinião. Um relacionamento - seja profissional, familiar ou de outra espécie - sólido precisa resistir a elas, e muitos ambientes saudáveis até mesmo as encorajam, como forma de evitar o aprofundamento dos problemas causados pelos posicionamentos diferentes. E uma coisa é certa: adiar uma discussão, quando se tem a oportunidade de tê-la, raramente faz bem a longo prazo.

Mas existem discussões que não agregam valor à vida de nenhum dos envolvidos: são aquelas que você tem automaticamente, de forma repetida, sempre com as mesmas pessoas e causadas pelos mesmos motivos, que permanecem sem solução.

Elas surgem em várias situações: é o cunhado que sempre precisa de ajuda para pagar as prestações no final do mês, o companheiro de equipe que sempre tenta ampliar o escopo "informalmente" no meio da execução dos projetos, o pai que se aposentou e fica procurando coisas pra arrumar nas casas dos filhos, o colega de apartamento que nunca lembra de colocar o lixo pra fora... Todos estes problemas têm solução, mas voltar a ter discussões sobre eles a cada vez que eles acontecem não é a mais eficaz delas.

E o artigo "Break the Argument Cycle Once and For All" tem algumas dicas para evitar estas discussões que não contribuem. Mas não as use como muleta para evitar tentar solucionar as causas dos problemas!

A dica essencial é usar a empatia. Coloque-se no lugar da outra pessoa, e identifique por que ela faz o que faz (e que lhe irrita), e por que não muda. Isso pode servir para encontrar a solução, mas também pode prevenir a sua irritação - entender o motivo de as coisas serem como são serve como consolo. Que não sirva como desculpa para não tentar mudá-las, se lhe incomoda! Mas às vezes as suas expectativas, e até o seu comportamento, podem mudar em conseqüência dessa análise.

Se alguma condição especial - como sono, stress, preocupações - aumenta a sua propensão a ter discussões inúteis, aprenda quais são esses gatilhos, e tente lidar com eles, evitando perder o controle.

E se você perceber que uma das causas de bate-boca está para acontecer e o ponteiro do seu medidor de pressão já estiver na área vermelha, vá dar uma volta, tome um suco de laranja, converse com uma pessoa que lhe acalma, deixe este excesso escapar antes de estourar em uma discussão desnecessária que não vai resolver nada.

Apresentações e discursos: mais meia dúzia de dicas

O medo de falar em público é bastante comum, e em geral decorre da ausência de experiência ou preparação para fazer apresentações, dar palestras, defender trabalhos ou conduzir reuniões.

Apresentações são um assunto freqüente aqui no Efetividade, mas sempre há espaço para mais 6 dicas, certo? Vamos a elas!

  • Os 2 "discursos do elevador": se você encontrasse no elevador a pessoa-chave da sua platéia, e tivesse que convencê-la, no tempo que leva para ir até o décimo andar, que a sua palestra interessa a ela, o que você diria? Este discurso de 30 segundos deve estar incluído na abertura da sua apresentação. Mas não é o único. Se essa pessoa perdesse a sua apresentação, você a encontrasse no elevador logo depois, e tivesse que resumir para ela a essência da sua apresentação no tempo que leva para ir até o térreo, o que você diria? Este outro discurso de 30 segundos também deve estar logo no começo, para permitir que todo mundo tenha uma boa idéia do panorama geral e da mensagem principal enquanto você explica os detalhes.
  • Os 3 pontos principais: se as informações divulgadas procedem, isto é algo que os maçons fazem certo: eles conhecem o valor do número 3. Mas não há necessidade em entrar em aspectos místicos: embora as pessoas em geral possam memorizar listas com mais itens (já falamos anteriormente aqui no Efetividade sobre a importância de não ter mais do que 7 itens em listas que precisam ser memorizadas), dividir os tópicos em grupos menores (e 2 é muito pouco, na minha opinião) ajuda a entender o conjunto. Especialmente nos casos em que você não estiver usando recursos audiovisuais, 3 é um bom número, mas não há razão para nÃO Ser (um pouco!) flexível. Deixe claro quais são os seus 3 pontos, que devem ser alinhados à sua mensagem principal, e faça com que a cada momento o público saiba de qual dos pontos você está tratando.
  • Concentre-se nos dados mais convincentes: Ao apresentar, você não precisa informar ao público sobre todo o detalhamento e as minúcias dos dados da sua pesquisa e suas conclusões. Concentre-se no essencial e no que for convincente, e apenas esteja preparado para tratar sobre os detalhes se a platéia pedir.
  • Pratique: se você praticar antes, vai ter uma idéia mais precisa do seu tempo, não vai tropeçar em palavras difíceis de pronunciar, vai fixar melhor as definições e estrutura da sua apresentação, e vai estar muito mais seguro na hora da verdade. Não é necessário (nem é positivo) decorar palavra por palavra, frase por frase. Mas saber a seqüência geral e o encadeamento dos assuntos sempre ajuda, mesmo que você prefira deixar espaço para o improviso.
  • Acalme-se antes de começar: faça o que funcionar para você. Vá para a sala de som, uma sala de reuniões vazia ou onde puder, e ouça uma música, cante um mantra, medite, faça um alongamento, relaxe. Mais uma vez, não precisamos entrar no terrno do misticismo, mas pensar positivo nestas horas sempre ajuda. Visualize como você quer se posicionar, soar, encarar o público, e entre no clima.
  • Lembre-se de se divertir: Se você estiver preparado e a platéia não for hostil, é muito fácil se divertir fazendo uma apresentação. Mesmo as pessoas que morrem de medo de falar em público freqüentemente conseguem relaxar depois que a apresentação já começou - o grande problemaocorre antes dela. Se você praticar um pouco, logo conseguirá falar em público sorrindo, e o que é melhor: a empatia natural aumenta a chance de o público sorrir com você. Saiba lidar com os pequenos problemas, pois - exceto no caso de desastres - se você estiver indo bem, eles só parecem grandes para você. Você tropeça, tosse, gagueja, o microfone falha, e você simplesmente continua em frente - muitas vezes o público nem percebe, ou não atribui a falha a você.

Para completar, leia o artigo "10 Fail Proof Tips for Delivering a Powerful Speech", que eu li antes de começar a escrever este texto, e depois compartilhe conosco as suas dicas de apresentação nos comentários!

Leia também:

Entrevista de emprego: perguntas e como responder - parte 2

Entrevista é o momento da verdade para muitos profissionais em busca de um novo emprego, e saber como lidar com as perguntas de entrevista mais comuns, escapando das pegadinhas e armadilhas, é uma necessidade comum.

Esta é a segunda (e última) parte do artigo que apresenta perguntas comuns em entrevistas de emprego elaboradas por profissionais típicos - leia também a primeira parte. Não existe uma única resposta certa para cada uma delas, e você deve responder sempre com naturalidade e de forma espontânea - nada de respostas decoradas! Mas em muitas das perguntas há um teste oculto, e estes testes acabam eliminando muitos candidatos.

Por isso, para cada pergunta foi acrescentada uma sugestão de resposta, e eventualmente um comentário sobre qual o teste oculto. Você não deve decorar estas respostas e usá-las na próxima entrevista; a idéia é que você as use como base para compor sua própria resposta, que deve ser sincera e espontânea. Assim, você não será pego despreparado por nenhuma destas perguntas comuns, muitas delas difíceis de serem respondidas de improviso.

Veja os detalhes no artigo anterior (que tem também as perguntas sobre o candidato e sobre seu histórico e carreira), e leia a seguir a continuação com as perguntas sobre a vaga e a empresa para as quais está se candidatando, sua opinião sobre sua empresa, equipe ou chefe anteriores, e algumas das armadilhas comuns em entrevista e redação para seleção de emprego.

Sobre a vaga e a empresa

  1. O que você procura aqui na empresa? Você certamente procura muitas coisas, inclusive a satisfação de necessidades pessoais. Não há razão para esconder isso, mas também não é necessário detalhar. Prefira detalhar aspectos que você procura e que interessem à empresa diretamente, como o desafio de fazer parte da história dela, a chance de contribuir para algum projeto ou estratégia notável dela, ou o envolvimento com um quadro profissional tão capacitado, por exemplo.
  2. Por que acha que devemos lhe contratar? Esteja preparado para esta, e mencione de forma objetiva 2 ou 3 diferenciais seus que você considera essenciais, e a forma como eles podem gerar resultado para a empresa.
  3. Por que enviou seu currículo para esta empresa? Esta é uma oportunidade para fazer valer a pena as horas de pesquisa que você fez sobre a empresa antes da entrevista. Fale sobre notícias recentes de sucessos da empresa, perspectivas de crescimento do seu mercado, e como acredita que o posicionamento dela a torna atraente para qualquer profissional.
  4. Quanto vai demorar até trazer uma contribuição positiva para esta empresa? Esta é uma pegadinha de entrevista, e o entrevistador que recorre a ela merece ouvir uma resposta pronta e enlatada. Aqui vai: "A partir do primeiro dia, na verdade mal posso esperar. E tenho certeza de que será uma contribuição crescente, conforme for conhecendo melhor a empresa e seus objetivos!"
  5. Quanto tempo pretende permanecer na empresa? Aqui em geral o entrevistador quer remover qualquer pessoa que afirme que tem, de fato outra oportunidade em vista, ou que tem planos para daqui a alguns anos ir fazer alguma outra coisa. Se for um bom entrevistador, ele também pode dar pontos negativos se entender que você é acomodado e só deseja um lugar para se encostar até a aposentadoria. A resposta segura é dizer que pretende permanecer enquanto houver perspectivas de desenvolvimento pessoal e profissional, e enquanto estiver apto a oferecer uma genuína contribuição, mas que pelo que você entendeu sobre a vaga e sobre a empresa, não vê qualquer motivo para que a relação não seja duradoura.
  6. E se tiver que assumir o lugar do seu futuro chefe aqui na empresa? "Farei com prazer, sempre que a empresa determinar. Quero crescer, mas de preferência em conjunto com ele, e jamais sendo desleal aos superiores."
  7. Qual a opinião que seus subordinados têm de você? Responda chamando-os de "a equipe" (e não "a minha equipe", ou "os subordinados"). O ideal é enfatizar que eles o respeitam, ou que o admiram. Nem sempre é ideal mencionar que você desenvolveu amizade com todos eles, e principalmente as inimizades pessoais.
  8. Já selecionou e admitiu funcionários? O que considera importante em um candidato? Aqui uma resposta perigosa é indicar uma característica qur você mesmo não possua, mesmo que seja simples explicar a razão disso. Também não vale a pena ser muito óbvio tentando indicar exatamente as características nas quais você mais se destaca. O melhor é dar uma resposta ampla, mencionando características objetivas, como a adequação aos requisitos da vaga, a capacidade de trabalhar em equipe, a experiência, o conhecimento técnico, etc.
  9. Descreva como seria seu emprego ideal. Sem surpresas aqui. O que o entrevistador espera é que você seja sincero, e ao mesmo tempo acabe descrevendo exatamente a vaga para a qual está sendo selecionado. Portanto não exagere nas tintas, para não parecer forçado, nem descreva algo que não corresponda ao que você imagina que a empresa tem em mente para você.
  10. O que você mudaria caso você estivesse na diretoria da empresa? Atenção aqui: a não ser que o seu processo seletivo seja justamente para um cargo da alta direção, dificilmente o avaliador estará realmente procurando obter sugestões reais. Ele quer saber como você pensa, e exceto em casos excepcionais, a resposta mais racional envolve dizer que você jamais poderia oferecer um remédio antes de realizar o diagnóstico, e que antes de propor qualquer mudança, você pretende conhecer bem a companhia, e as razões pelas quais as coisas são como são. Mas se você conhecer bem a empresa, pode arriscar uma jogada muito mais recompensadora, e complementar a resposta acima dizendo que se você fosse começar o diagnóstico hoje, iria se concentrar na área "X" da empresa, porque esta lhe parece a mais crítica para o seu sucesso. Mas não arrisque isso se não tiver um razoável grau de certeza do que está dizendo.

Sobre a empresa anterior

Aqui você precisa lembrar que o objetivo da entrevista é avaliar você - o entrevistador não está nem aí para a sua empresa ou chefe anterior, portanto todas as perguntas desta seção são testes ocultos, um verdadeiro campo minado. Ele quer saber se você tem uma postura ética, se é leviano com informações internas da empresa, se trata os conflitos de trabalho como se fossem pessoais, se é maduro nos relacionamentos profissionais, etc. É seguro assumir que o entrevistador imaginará que você falaria sobre a nova empresa as mesmas coisas que falar a ele sobre a empresa anterior.

  1. Qual sua opinião sobre a empresa ou chefe anterior? Nunca fale mal, evite até mesmo críticas construtivas, e nem mesmo pense em fazer comparações, mesmo que as 2 empresas sejam concorrentes diretas - aqui quem está sendo avaliado é você, e não o ex-chefe, e falar mal dele em sua ausência raramente conta ponto a seu favor neste contexto. Era uma boa empresa, e o chefe sempre agiu com você como um excelente profissional.
  2. O que você não gostava no emprego anterior? Não se queixe, e não se esqueça de que quem está sendo avaliado aqui é apenas você, e não o emprego anterior. Você gostava de tudo.
  3. Avalie honestamente seu antigo chefe e empresa, pontos positivos e negativos. Mesma rotina: você lembra de pontos positivos, e eles são todos sinceros, honestos - e pensados de antemão. O seu avaliador não está nem aí para a empresa anterior, ele quer saber se você é leal, se leva as coisas para o lado pessoal, se fala sobre a empresa quando está fora dela, etc.

Pegadinhas comuns

  • A armadilha do silêncio: após perguntas "difíceis", como a do seu "maior defeito", ou "maior arrependimento", alguns avaliadores com pretensões psicológicas empregam um velho truque: ao invés de continuar a entrevista, fazer um comentário ou a próxima pergunta, eles simplesmente ficam em silêncio, encarando o entrevistado sem passar nenhuma mensagem (de desaprovação, etc.) com sua expressão facial. Isto é uma pegadinha, e bastante gente cai - ao perceber a situação de stress, assumem que o entrevistador considerou a resposta errada, mentirosa, insuficiente, ridícula ou qualquer outra coisa, e começam a tentar "consertar", muitas vezes com resultados desastrosos para si mesmo. A intenção é mesmo intimidar e provocar stress, para ver como o candidato se sai. Se tentarem isso com você, aguarde alguns segundos calmamente, e em seguida não afirme nada, apenas pergunte: "há algo mais que eu possa esclarecer sobre este ponto?" Se o entrevistador continuar em silêncio, simplesmente aguarde silenciosamente também, em atitude respeitosa e séria, prestando atenção a ele,como se estivesse dando a ele tempo para pensar, até que ele perceba que você não se intimidou e nem vai "se entregar".
  • O dilema das informações confidenciais: para este não há solução simples. Se nas perguntas sobre seu antigo emprego ou chefe você perceber que o entrevistador de fato parece esperar receber respostas objetivas sobre questões internas da empresa em que você atualmente trabalha ou recentemente trabalhou, você terá um dilema entre sua integridade e o seu interesse em agradar o entrevistador. E a integridade deve ganhar em qualquer situação, especialmente em uma entrevista de emprego. No máximo responda o que considerar como informação pública, mas nunca viole a confidencialidade das informações sensíveis da empresa - e responda, de forma clara e sem se alongar, que ir além do que você disse violaria seu compromisso de confidencialidade. Evite falar que violaria a ética, a não ser que você queira ofender o entrevistador, pois isso equivale a dizer que ele está sendo anti-ético. Note que em muitos casos, a pressão para que você revele segredos de outra companhia é um teste, e você passa apenas se resistir a ela.
  • O problema hipotético sem solução: Esta é uma questão comum em seleções de executivos: você recebe uma breve descrição de uma situação desafiadora e complexa, e a pergunta: como você resolveria esta situação? Note que dificilmente o problema é na sua área de conhecimento específico, e mesmo que seja, dificilmente você terá recebido dados suficientes para poder saber como começar, ou como garantir o sucesso. A não ser que isso ocorra no contexto de uma avaliação de criatividade, ou em uma dinâmica de grupo, sua melhor chance pode ser considerar que se trata de uma pegadinha clássica, e entender que o que você deve responder é como agiria para resolver o problema: levantaria tais e tais dados, consultaria tais e tais pessoas, contrataria este e aquele serviço, e então daria a ordem a tal e tal departamento. Caso contrário, se você simplesmente propuser uma solução sem nenhum dado para suportá-la, vai parecer que seu processo de tomada de decisão é bastante falho.

Fontes e referências

O artigo 64 interview answers you need to know é a fonte da maioria das perguntas, e inspiração ou fonte para boa parte das respostas e análises deste artigo. Além disso, eu li e recomendo os seguintes artigos:

Leia também:

Entrevista de emprego: perguntas e como responder

Entrevista é o momento da verdade para muitos profissionais em busca de um novo emprego, e saber como lidar com as perguntas de entrevista mais comuns, escapando das pegadinhas e armadilhas, é uma necessidade comum.

Não existe uma regra geral. Se o seu entrevistador não tiver preparo ou técnicas específicas, ele irá conduzir o trabalho "de ouvido", e avaliar você puramente de acordo com suas próprias impressões e valores. Já se for um profissional competente e diferenciado da área de gestão de pessoas, especializado em seleção de pessoal, ele provavelmente empregará um conjunto de técnicas e escalas múltiplas para as quais não há escapatória - ele vai acabar construindo um raio-x completo da sua posição, da forma como a perceber, sem que você tenha qualquer controle sobre o processo - mas isso costuma acontecer apenas em seleções para cargos de altíssimo nível.

Para a maioria dos cargos comuns, a seleção é deixada a cargo da área de pessoal da empresa, ou de uma empresa externa contratada especialmente para isso, e eles tendem a adotar uma série de técnicas de entrevista e redação comuns e bem conhecidas, para as quais há respostas "certas" e "erradas" também comuns e bem conhecidas. As técnicas infelizmente incluem uma série de pegadinhas e outros expedientes que, a pretexto de excluir candidatos despreparados, acabam dificultando a criação de um ambiente em que os candidatos estejam aptos a oferecer respostas diretas e desarmadas.

Já apliquei a minha cota de entrevistas - nunca com pegadinhas! -, e já vi todo tipo de nível de preparo dos candidatos, desde aqueles extremamente aptos a assumir a vaga mas incapazes de se comunicar devido ao nervosismo, até aqueles completamente inadequados para a vaga, mas tão bons comunicadores que esperam convencer o entrevistador de que são sua melhor escolha - sem contar os mentirosos, os lisos, os nervosos e várias outras categorias.

Mas ao longo destas entrevistas, percebi que os candidatos experientes e traquejados se dão bem melhor que os mais "verdes", porque acabam percebendo o segredo do sucesso em entrevistas de emprego, que é: perceber (ou deduzir razoavelmente) quais as qualificações necessárias para a vaga em disputa, e aí moldar as respostas sobre suas características pessoais a ela, sempre dizendo a verdade, mas escolhendo criteriosamente quais aspectos destacar. Como no caso de um vendedor de carros que, ao vender o seu modelo mais importante, sabe que para um cliente deve dar destaque ao baixo consumo de gasolina, ao outro precisa chamar a atenção para o espaço interno, e a um terceiro precisa falar especificamente sobre a potência do motor, em uma entrevista de emprego você tem de identificar quais as suas características que a empresa está buscando, e colocá-las em destaque na vitrine, como veremos a seguir.

Perguntas de entrevista de emprego

O que temos a seguir é um conjunto de perguntas comuns em entrevistas elaboradas por profissionais típicos. Não existe uma única resposta certa para cada uma delas, e você deve responder sempre com naturalidade e de forma espontânea - nada de respostas decoradas! Mas em muitas das perguntas há um teste oculto, e estes testes acabam eliminando muitos candidatos.

Por isso, para cada pergunta foi acrescentada uma sugestão de resposta, e eventualmente um comentário sobre qual o teste oculto. Você não deve decorar estas respostas e usá-las na próxima entrevista; a idéia é que você as use como base para compor sua própria resposta, que deve ser sincera e espontânea. Assim, você não será pego despreparado por nenhuma destas perguntas comuns, muitas delas difíceis de serem respondidas de improviso.

Lembre-se que o entrevistador muitas vezes tentará impor um ritmo artificial à entrevista, pressionando você, antagonizando, questionando tudo. Faz parte da experiência, e nestes casos provavelmente ele deseja ver como você se comporta quando pressionado. Mas a sua posição sempre é o resultado de uma escolha pessoal - você pode antagonizá-lo de volta, mas pode escolher também manter a tranquilidade e continuar oferecendo respostas calmas e completas. De qualquer maneira, quanto mais preparado você estiver, mais apto estará a se sair bem mesmo que seja colocado contra a parede e levado a responder tudo sem tempo para pensar.

Uma dica é essencial: sempre que for possível, tente fazer com que a entrevista seja uma conversação bidirecional, e não apenas um questionário. Já no início, após a apresentação inicial por parte do entrevistador, faça alguma pergunta inteligente sobre algum aspecto da vaga ou do processo seletivo. Se ele responder, você terá não apenas um ambiente mais favorável, mas também alguma informação adicional que poderá ser útil durante a própria entrevista. Ou seja: nos primeiros minutos, momento em que o candidato típico está procurando falar sobre si às cegas, você já terá conseguido criar um clima favorável e obtido informações sobre o que o entrevistador está procurando, para saber o que oferecer a ele.

Vamos às perguntas e respostas:

Sobre você

  1. Fale sobre você. Isto não é propriamente uma pergunta, mas freqüentemente as entrevistas começam assim, e o candidato desata a falar sem parar, e o avaliador presta atenção à sua capacidade de se concentrar nas prioridades, encadear idéias, e comunicar-se livremente. Lembra quando falamos sobre o "discurso do elevador", no artigo anterior? Aqui ele será muito útil. Se você não sabe o que é um "discurso do elevador", imagine que você encontrou no elevador o responsável pela seleção da vaga dos seus sonhos, e tem apenas o tempo do trajeto entre 10 andares para fazê-lo se interessar em selecioná-lo para a vaga. O que você diria? Estas 2 ou 3 frases, que você deve desenvolver, memorizar e ensaiar com antecedência, são importantíssimas, e este é um bom momento para usá-las.
  2. Quais os seus interesses pessoais? Aqui o entrevistador quer saber se você não é o que ele classificaria como um desajustado, uma pessoa problemática, ou então alguém tão ligado a seus interesses externos que não teria energia suficiente para cuidar do seu trabalho. Pode ser uma boa oportunidade de quebrar preconceitos e estereótipos; se você for mais velho que a média do mercado, destaque atividades que demonstrem atualização, vigor físico e energia. Se for muito jovem, destaque algo que indique ponderação e oportunidades adicionais de ter adquirido experiência útil para a vaga, como algum cargo na diretoria de uma ONG, por exemplo.
  3. Que bons livros (ou bons filmes) você tem lido (ou assistido) ultimamente? Seu avaliador não está apenas querendo puxar papo. Ele quer saber algo sobre o seu nível cultural, e também se você é um mentiroso quando sob pressão (caso não tenha lido nenhum livro que possa mencionar, e aí invente que leu algum). Não importa qual livro você indique, ele vai lhe fazer perguntas sobre ele. Portanto, fica a dica: se você está procurando emprego, é bom ler algum bom livro sobre o qual você fique à vontade para discorrer em uma entrevista. De preferência, um livro que vá interessar ao seu entrevistador, e que seja recente o suficiente para ele não poder pensar que você não lê um livro há 4 anos!
  4. Qual seu ponto forte? Escolha previamente, e esteja preparado para exemplificar e detalhar, sem mentir. Eis uma lista de atributos estritamente pessoais mas que costumam ser valorizados pelos entrevistadores. Identifique quais deles você tem em maior grau, e passe esta idéia (ou afirme diretamente) em seu texto ou na entrevista: Motivado; Racional; Energético (atenção: não é a mesma coisa que enérgico. Tem relação com a disposição para realizar trabalho); Dedicado (veste a camisa); Honesto; Capaz de liderar; Com iniciativa; Com objetivos; Com visão; Com empatia; Persistente; Bom comunicador; Bom técnico.
  5. Qual seu maior ponto negativo? Cuidado! A maioria das pessoas que já leu dicas de entrevista acha que deve escolher algo que não seja tão negativo assim, como "ser muito perfeccionista", ou "exigir demais de si mesmo". Na minha opinião, quando eu mesmo entrevisto, essas respostas prontas que disfarçam um ponto positivo como se fosse negativo passam uma idéia de artificialidade, e de ausência de respeito pelo interlocutor e pela empresa. Diga que não consegue lembrar de uma característica profissional que possa comprometer seu desempenho no cargo para o qual está sendo considerado, e aí acrescente um ponto negativo real (no qual você pensou com antecedência), que faça sentido no contexto da empresa, mas que não vá comprometer suas chances de aprovação. Se possível, equilibre-o explicando a forma como você lida com este ponto negativo, e mencione um ponto positivo forte já em seguida. Mas não exagere escolhendo algo que possa soar pior do que é na realidade.
  6. Qual seu maior arrependimento? Como no caso do "maior ponto negativo", aqui o entrevistador não espera que você realmente confesse algo, mas ele quer saber como você lida com esse tipo de situação. Confessar um arrependimento verdadeiro em geral não é positivo para a sua pontuação, mesmo que seja algo inocente. E tentar mascarar uma vitória como se fosse arrependimento também é um truque manjado. Eu diria que não tenho arrependimentos, e que tenho um princípio, que também aplico na vida profissional, de agir de acordo com a minha consciência, e de sempre decidir de forma equilibrada, o que me permite prosseguir sem deixar espaço para arrependimento ou para o desejo de que eu tivesse decidido de forma diferente.
  7. Você aceitaria mudar algum aspecto importante da sua vida (por exemplo, mudar de cidade)? Não feche portas já na entrevista, mas ao mesmo tempo não mostre ser irrefletido ou desesperado por uma vaga. Diga que estudaria com prazer uma proposta, que decidirá quando souber dos detalhes, mas que não vê nenhum problema grave que o impeça de tomar esta decisão, se for a correta.
  8. Qual sua pretensão salarial? Raramente a empresa pergunta isso para lhe oferecer o que você está pedindo, caso ache que você está à altura - a entrevista de seleção raramente inclui negociação salarial, que ocorre em uma fase posterior, apenas com os aprovados. Aqui você está apenas sendo avaliado, e perde ponto quem se valoriza demais, ou de menos, em relação à estimativa do avaliador. Se você estiver empregado, pode dizer quanto ganha hoje, e que sua intenção é progredir, mas que aguarda para saber mais sobre as condições da vaga para a qual está sendo selecionado. Se não estiver trabalhando, ou estiver em situação instável, simplesmente diga que você é flexível e tem interesse em ganhar de acordo com o mercado, e que não tem dúvida de que o plano de cargos e salários da empresa é adequado. Se julgar relevante, pode mencionar quanto ganhava no emprego anterior.
  9. Qual seu objetivo de longo prazo? O entrevistador quer saber seu objetivo pessoal em um contexto profissional, e dentro da empresa. Não há problema em ser bastante objetivo e dizer simplesmente que deseja vir a ser o diretor operacional, ou o responsável pela sucursal do Centro-Oeste. Mas se você conhecer bem a empresa, pode ser mais amplo, dizendo por exemplo que deseja conhecer bem a realidade de todas as regiões em que a empresa atua, porque sua intenção é vir a ser o responsável pela logística. Não diga que quer ter um salário compatível, um bom plano de aposentadoria, ou outro objetivo que seja vantajoso apenas para você, e não para a empresa, mesmo que seja decorrência da vaga que você pleiteia.
  10. Quais suas metas de curto prazo? lembre-se de que metas são mais precisas, e que incluem datas, ou mesmo quantificações, quando for o caso. O entrevistador quer saber suas metas pessoais em um contexto profissional, e dentro da empresa. O ideal é poder dizer que quer chegar a ser gerente de uma filial já no ano que vem, ou que pretende conhecer a fundo o processo produtivo nos próximos 2 anos, para embasar uma carreira executiva na área de gestão fabril.
  11. Suas qualificações não são excessivas para esta vaga? Nenhum empregador gosta de contratar uma pessoa que logo vá ficar descontente com um trabalho que pode ser visto como abaixo do seu potencial, e acabe saindo da empresa logo após ter sido contratado. Se suas qualificações forem mesmo acima do que a vaga exige, esclareça as razões pelas quais a vaga é exatamente o que você deseja agora, que tem certeza de que a médio prazo surgirão oportunidades de prosseguir sua carreira dentro da própria empresa, e que as qualificações que você tem em excesso são do interesse da empresa.

Sobre sua carreira e posicionamento profissional

  1. O que você fez de bom no seu emprego anterior? Aumentou faturamento? Lucro? Reduziu custos? Motivou a equipe? Criou um novo departamento? Esteja preparado para responder objetivamente, com exemplos claros, datas e números.
  2. Conte-me sobre uma situação em que seu trabalho tenha sido criticado. Dessa não dá para escapar: todo mundo que toma decisões acaba sendo criticado, mais cedo ou mais tarde. Escolha antecipadamente uma situação em que você foi criticado por um superior (nunca por um cliente ou por um subordinado), mas comece dizendo o quanto é mais freqüente você receber feedback positivo do que negativo. Se possível, conte algo do início da sua carreira, e aproveite para explicar o que você aprendeu com o episódio, ou como teria agido hoje para evitar cometer a falha criticada - NÃO tente dizer que a crítica foi injusta ou imerecida. E não escolha uma situação que possa colocar em dúvida seu desempenho para a posição que você estiver pleiteando!
  3. Você consegue trabalhar sob pressão e com prazos curtos? É bom que consiga, porque você nunca deve mentir em entrevistas, e a resposta certa para esta pergunta dificilmente pode ser algo diferente de "Sim". Venha preparado, já com um exemplo previamente escolhido de situação em que você se destacou sob pressão.
  4. Já demitiu um funcionário? Diga a verdade. Se ocorreu em mais do que uma ocasião, exemplifique com a que for mais fácil de explicar, com a causa mais objetiva. Não critique o demitido, nem se justifique demais - o avaliado aqui é você. Mas esteja preparado para defender sua decisão, caso o avaliador insista.
  5. Com que tipo de pessoa você tem dificuldade de trabalhar? A resposta mais óbvia é perigosa - nada de dizer que você tem problemas com pessoas irresponsáveis, preguiçosas, ou qualquer outro adjetivo negativo. Se o entrevistador estiver procurando alguém com potencial de liderança, este tipo de atitude não é desejável, e ele vai selecionar aquela pessoa que estiver apta a trabalhar com quem for necessário para realizar a missão, ou mesmo que esteja apta a ser um bom exemplo e uma inspiração para elas. Portanto, o ideal é dizer que na sua experiência, você acabou descobrindo que tem facilidade de trabalhar com as equipes variadas que a vida nos traz, e que sempre percebe que é bem recebido por elas, e as admira.
  6. Quais decisões são mais difíceis para você? Aqui podem perder pontos os que dão respostas puramente egoístas ou que dizem que nenhuma decisão é difícil (mostrando que não estão acostumados a ter responsabilidade, ou que decidem irrefletidamente). O ideal é poder dizer que sempre decide de forma ponderada, considerando todos os fatos disponíveis, a estratégia da empresa (missão, visão, valores, objetivos), a ética profissional e os recursos disponíveis, e que as decisões mais difíceis de tomar são as que afetam a vida da equipe, em aspectos pessoais.
  7. Se pudesse começar tudo de novo, o que faria diferente? A não ser que algo muito sério no seu passado seja de conhecimento público, mostre equilíbrio dizendo que não mudaria nada de essencial. Mesmo o que aconteceu de negativo agregou experiência e ajudou a formar o seu caráter.
  8. Por que está saindo do emprego atual? (se estiver trabalhando) Esta é uma pergunta importante. Lembre-se de que o entrevistador vai se perguntar se você não faria o mesmo com a empresa para a qual você está se candidatando. Fale a verdade, mas não fale mal da empresa atual, nem do chefe. Você pode responder que está em busca de novas oportunidades e desafios, mais responsabilidades, crescimento pessoal e profissional, ou que tem interesse específico em alguma característica que a nova empresa tem, e que seja incompatível com a empresa anterior. Não invente que é por diferenças de visão com o chefe atual, nem por conflitos com a administração da empresa.
  9. Por que saiu do emprego anterior? (se estiver sem emprego) Diga a verdade, sabendo que pode ser verificado. Se foi em uma demissão coletiva por corte de custos, fechamento da empresa, absorção por outra empresa, etc., simplesmente diga isso, sem criticar a decisão. Se foi por outro motivo, diga de forma curta e objetiva. Se foi por sua causa, acrescente que aprendeu a lição e não cometerá o mesmo erro novamente. Não se alongue.
  10. Por que você ficou tanto tempo sem trabalhar? Essa pode não ser fácil, mas a saída é ser honesto. Escolhas pessoais, situações familiares, com o cônjuge ou os filhos, recessão, tentativa de iniciar negócio próprio... Se você tiver um motivo, apresente-o, para parecer seletivo, e não preguiçoso, e nem uma pessoa rejeitada pelo mercado. Explique que se manteve atualizado. Mas saiba que o avaliador vai dar muita atenção a isso.
  11. Por que você teve tantos empregos? É raro encarar uma pessoa com muitos empregos no currículo como um candidato persistente que tem experiência variada. A expressão pejorativa, muito mais comum, é que ele "pula de galho em galho". Se o entrevistador questionar, procure ser honesto, mas enfatize os empregos nos quais você ficou por mais tempo, e dê exemplos de casos em que sua saída foi provocada por fatores externos - empresas que fecharam, foram adquiridas, etc. Se você trabalhou em vários empregos temporários, explique também, bem como as razões para isso, e a experiência que isso lhe trouxe. Mas se você de fato pula de galho em galho, provavelmente o entrevistador perceberá, e pontuará de acordo.
  12. Você não deveria estar ganhando mais, neste estágio da sua carreira? Não dê a impressão de que você é movido apenas pelo dinheiro, mas também não pareça ser desprovido de ambição. Uma boa resposta é que você optou por cuidar de outras prioridades (família, estudos, ou outras que ninguém vá questionar) antes de dar início ao seu maior comprometimento com a carreira profissional, e que está convencido de que foi a decisão certa, porque agora você está muito mais preparado e estabilizado para assumir compromissos com a carreira.

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Na parte 2 deste artigo, veremos perguntas que exploram suas expectativas sobre a vaga e a empresa para as quais está se candidatando, sua opinião sobre sua empresa, equipe ou chefe anteriores, e algumas das armadilhas comuns em entrevista e redação para seleção de emprego, bem como as fontes e referências deste artigo.

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Emprego: como voltar ao mercado de trabalho

A busca do emprego é difícil para todos, mas pode ser muito mais desafiadora para quem esteve afastado do mercado de trabalho.

Muitas vezes a causa é puro preconceito por parte dos empregadores. Conheço vários casos de pessoas que, mesmo qualificadas, encontram muita dificuldade para encontrar trabalho por alguma destas situações típicas e estereótipos tristemente comuns:

  • Aposentado quer retornar ao mercado para complementar a renda da família
  • Mulher quer voltar a trabalhar após separação
  • Mãe deseja voltar ao trabalho após os filhos chegarem à idade escolar
  • Esposa precisa voltar a trabalhar para complementar renda familiar
  • Funcionário demitido após décadas na mesma empresa precisa encontrar novo emprego

A lista poderia ser muito mais longa, mas os 5 exemplos acima são suficientes para dar a idéia.

Quem nunca conheceu um caso desses? O fato é que o mercado é difícil para todos, mas o preconceito o torna bem mais difícil para diversas categorias, e infelizmente é fácil imaginar o responsável pela seleção pensando: "Esse cara estava parado todos esses anos, não sabe mais fazer nada, tem expectativas altas e vícios formados em seus empregos anteriores, por que eu o contrataria? Prefiro pegar alguém novo, que não se importe de ganhar o piso, e formar a pessoa desde o início".

Como lidar com isso? Veremos a seguir.

Não existem fórmulas mágicas

Os exemplos acima não são casuais: da época em que me cabia a seleção de profissionais no meu trabalho, guardo a felicidade e o orgulho de ter selecionado pessoas em todas as categorias acima. Não por piedade ou espírito de inclusão social, mas simplesmente por não os ter removido forçadamente do processo seletivo, e no devido tempo acabar concluindo que eram os candidatos ideais para a função. E o tempo provou que eram mesmo.

Mas nem todo encarregado de seleções para emprego tem a mesma atitude, e quem está retornando ao mercado de trabalho precisa estar preparado para empregar muita atitude positiva no processo, buscando uma oportunidade de ficar frente a frente com o empregador e poder demonstrar a ele por que acredita ser a pessoa certa para a função.

Não existe uma fórmula mágica nem uma técnica infalível, mas eis alguns aspectos que você deve ter em mente:

  • Atualize-se, e deixe claro que está atualizado. Saiba o que se exige dos novos candidatos ao seu emprego, e consiga demonstrar que está apto a ter o mesmo desempenho que eles em todas as técnicas modernas. Uso de informática, técnicas de vendas, conhecimento do mercado... cada situação exige um conjunto de habilidades diferentes, que você precisa conhecer, dominar, e estar pronto para demonstrar.
  • Enfatize o conhecimento, estabilidade e experiência. O que você tem, que um candidato ao primeiro emprego pode não ter, é a experiência no ramo. Deixe isto claro, e procure colocar em destaque no seu currículo e entrevistas.
  • Recicle sua experiência. É possível que sua experiência do mercado e tecnologia de 3 ou 5 anos atrás não seja mais corrente. Se for o caso, procure reciclá-la e torná-la corrente. Estude por conta própria tanto quanto puder, se possível faça algum curso ou treinamento formal (o empregador sente-se muito mais seguro quando vê um diploma), obtenha uma certificação, ou faça o que for necessário para poder demonstrar que está por dentro.
  • Procure seu antigo chefe e colegas: mesmo que não seja para um novo emprego a eles! Se você tinha bom relacionamento com eles, é possível que eles tenham condições de lhe indicar para alguma vaga, ou ficar de olho para o caso de algo surgir. Eles também podem ser boas fontes para você se informar sobre a situação atual do mercado, e o que mudou desde que você se ausentou.
  • Avise seus amigos e familiares: ter uma rede de contatos é muito importante para conseguir um emprego. Os amigos, e os amigos dos amigos, podem ser uma grande fonte de informações sobre oportunidades, e podem servir como referência para você. Não há nenhuma razão objetiva para esconder que você está procurando emprego, e a maioria das razões que podem passar pela sua cabeça tendem a não ser condizentes com o seu objetivo principal de retornar ao mercado.
  • Não tenha medo do trabalho temporário: Talvez você ainda esteja acostumado com o panorama do mercado de trabalho pré-globalização, quando um bom emprego era estável e para toda a vida, e um emprego de curta duração era visto como algo negativo, e até mesmo um obstáculo entre você e o emprego estável tão sonhado. Hoje tudo mudou, e um emprego temporário pode ser justamente o que você precisa para daqui a alguns meses não ser mais visto como alguém que está afastado há tempo do mercado de trabalho.
  • Veja a situação pelos olhos do empregador: exceto nos casos de preconceito, é claro! É provável que boa parte da sua experiência não seja relevante para a vaga que está disponível agora, e assim você talvez tenha que aceitar ganhar menos do que acredita que vale. Isso faz parte do jogo, e é normal no mercado o empregador não dar tanto valor a declarações de experiência que não sejam recentes. Se você aceitar jogar o jogo pelas regras usuais, poderá ter oportunidade de mais tarde demonstrar a ele o seu verdadeiro valor, e reiniciar a ascenção na carreira. E ver pelos olhos dele facilita a construção da sua estratégia.

Mesmo com as considerações acima, é provável que não vá ser uma jornada fácil. Capriche na sua atitude, e esteja preparado para contra-argumentar com fatos objetivos contra quaisquer preocupações sobre seu tempo de afastamento do mercado que possam ser trazidas à baila em uma entrevista ou outra etapa do processo de seleção!

Vagas para emprego grátis: emprego sem pagar nada para agências e portais

Emprego é a necessidade essencial para a maioria da população. Encontrar a vaga de emprego ideal, seja um emprego temporário ou o trabalho certo na empresa dos seus sonhos é a aspiração de quase todos nós, e uma busca infindável.

Infelizmente, assim como no caso do trabalho em casa, o mercado está lotado de empresas que baseiam seus negócios em obter pequenas quantias de desempregados desinformados que recorrem a elas na expectativa de obter o caminho para um bom emprego, mas recebem bem menos do que esperavam - muitas vezes na forma da inclusão de um mau currículo padronizado em um banco de dados que poucos empregadores consultam. Note que não quero dizer que toda agência de emprego é uma armadilha - algumas são sérias, e você até mesmo pode considerar recorrer aos seus serviços, como veremos a seguir.

Mas o fato é que muitas pessoas cometem os mesmos erros comuns: limitam-se a dizer "procuro emprego", e aí consultar os classificados de emprego ou a lista de vagas de emprego do SINE, preparar um curriculo padronizado e pobre com a ajuda de uma agência ou portal de currículos, e atiram para todos os lados, ao invés de tratar a procura pelo emprego como uma tarefa objetiva.

Claro que não é fácil, especialmente para quem não se enquadra no perfil que o mercado chama de "profissional qualificado" - com a formação e os treinamentos certos, na idade considerada ideal, já com experiência, excelentes referências, etc. E a coisa piora nos casos em que o candidato é vítima de preconceito pelo seu sexo, faixa etária, estado civil, religião, etnia, situação social, histórico ou tantos outros.

E é por isso que preparamos as 10 dicas abaixo, que permitirão a você procurar o emprego certo, sem entregar seu dinheiro na mão de nenhum caça-níqueis, e sem desperdiçar oportunidades. O que elas não explicam é como você pode desenvolver o perfil de "profissional qualificado", mas o ideal é que você invista permanentemente na sua qualificação - mesmo quando estiver entre empregos!

Vagas para emprego: como garantir a sua

  1. Defina sua situação: você precisa ter consciência de suas aptidões, pontos fortes e vulnerabilidades. Quanto antes você identificá-los, melhor, pois tentar lidar com eles apenas em uma situação em que você já está em dificuldades é sempre mais difícil. A partir do conhecimento de si próprio, defina que tipo de vaga você está buscando, sendo tão seletivo quanto a sua situação permitir. Delimite por mercado, por região, por natureza da atividade, ou pelo critério que fizer mais sentido para você. Tendo escolhido um conjunto de parâmetros, todas as outras etapas poderão ser melhor direcionadas e aproveitadas. Mas cuidado para não construir muros ao redor de si: ao longo do processo, saiba quando rever os parâmetros definidos. Este artigo, aqui do Efetividade, pode ajudar: Planejamento estratégico: como aplicar à sua vida.
  2. Os contatos: Um amigo meu costuma resumir assim: o segredo para estar empregado é conhecer pessoas bem empregadas. Para o primeiro emprego às vezes é um pouco mais difícil, mas o ideal é que você comece o quanto antes a formar uma rede de relacionamentos e contatos ("networking") a que possa recorrer, sem parecer inoportuno, quando chegar o momento de procurar uma nova colocação. Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, isso não significa tentar praticar algum tipo de alpinismo social ou de forçar envolvimentos com diretores e presidentes de grandes empresas - o que ai lhe ajudar é ser próximo (de uma forma espontânea, natural e de longo prazo) de pessoas que trabalhem no mercado e região que lhe interessam, que conheçam outras pessoas e empresas, e possam assim não apenas ficar sabendo (e lhe avisar) de vagas em aberto, como ainda idealmente lhe recomendar para o responsável pela seleção. Mas tentar formar a rede de contatos só no momento da necessidade não dá certo.
  3. O diferencial: em várias regiões e mercados do Brasil, o número de candidatos interessados para a maioria das vagas comuns é muito superior ao que as empresas podem selecionar com eficiência, e desta forma elas acabam recorrendo aos processos de pré-seleção, que consistem basicamente em remover da lista as pessoas que não tenham os requisitos mínimos e que não se destaquem dos demais. É muito difícil ter diferenciais que se apliquem a qualquer processo de pré-seleção, mas se você tiver caprichado no passo 1 (auto-conhecimento e boa definição de parâmetros), é sempre possível ter aquele "algo mais" que faz você passar para a próxima fase do processo. Seja um curso (ainda que gratuito - procure no SENAI, SENAC, SEBRAE, associações de classe, sindicatos, etc.), um artigo publicado, um website, uma experiência como voluntário... qualquer coisa que você possa mencionar no currículo ou na ficha de inscrição e que desperte o interesse do avaliador. Lembre-se de que não estamos falando em algo que o transforme em um verdadeiro superstar na sua área; tudo o que você precisa é de algo que o diferencie das dezenas de pessoas que estão concorrendo com você mas não tiveram a mesma iniciativa, e que faça você ter a chance de progredir no processo seletivo, para chegar a ter a chance de mostrar aos avaliadores o quanto você tem potencial para o cargo desejado.
  4. O currículo: você precisa ter um currículo "genérico" bem feito, completo e atualizado, para enviar para agências de emprego, sites de bancos de currículos ou outras organizações especializadas em colocações, se for o caso. Mas quando estiver enviando currículo para uma empresa e vaga específicas, dê-se ao trabalho de adaptar o currículo, colocando em destaque as informações que julgar mais relevantes para aquela situação. Veja ao final deste texto as dicas do Efetividade.net para como preencher seu modelo de currículo ideal.
  5. Seu "discurso do elevador": imagine que você encontrou no elevador o responsável pela seleção da vaga dos seus sonhos, e tem apenas o tempo do trajeto entre 10 andares para fazê-lo se interessar em chamá-lo para uma entrevista. O que você diria? Estas 2 ou 3 frases que você deve desenvolver são importantíssimas, e uma versão adaptada delas pode constar no início do seu currículo ou da carta de apresentação, podendo ser útil também nas entrevistas.
  6. Filtre os classificados: jornais e revistas publicam muitos anúncios de vagas de empregos. É um grande erro concentrar suas ações só nestes anúncios, mas você também não deve ignorá-los. Acompanhe os classificados, selecione as vagas para as quais acredita ter as aptidões necessárias, e inscreva-se nas seleções, ou envie currículo. Quando possível, cadastre seu currículo também no site das empresas que anunciaram.
  7. Não se limite aos classificados: muitas vezes as empresas recorrem aos anúncios na imprensa apenas em último caso, após já ter tentado selecionar candidatos a partir do banco de currículos já cadastrados (por isso é importante enviá-lo sempre), ou a partir de indicações de seus funcionários (está vendo a importância da sua rede de relacionamentos?), ou até mesmo em pesquisas nos bons sites de bancos de currículo. Nem sempre é o caso, mas com certeza há bem mais vagas em aberto do que aquelas que saem no jornal.
  8. A iniciativa: se você caprichou no primeiro passo, terá em mente qual o mercado e região em que deseja atuar. Com um pouco de pesquisa, você poderá identificar as empresas que atuam dentro destes parâmetros, e enviar a elas seu currículo, acompanhado de uma carta de apresentação personalizada deixando claro o tipo de vaga que tem em mente. Em empresas com políticas atualizadas de gestão de pessoas, estes currículos são bem recebidos, e seu envio revela iniciativa e informação. As empresas mantêm seus próprios bancos de talentos, e o seu currículo será incluído nele, e pesquisado a cada nova vaga que surgir.
  9. Conheça a empresa: se você estiver apenas mandando um currículo, pode não ser necessário ir além de uma pesquisa básica, mas se for avançar um pouco mais - por exemplo, ser chamado para uma entrevista ou outro procedimento seletivo - vale a pena buscar o máximo de informações sobre a empresa, para estar preparado para entender o contexto das perguntas e para escolher as melhores alternativas. Você deve buscar saber quais os seus principais produtos ou serviços, seus principais clientes, concorrentes e fornecedores, onde ela está instalada, seu porte, seu histórico, em que ela se destaca, as notícias recentes sobre ela, etc. Uma boa busca no site da empresa e em sites de jornais e revistas pode dar uma idéia geral sobre estes detalhes, mas se você quiser realmente se destacar, precisará ir mais a fundo.
  10. Em último caso...: muitas agências de emprego e sites de bancos de vagas e currículos dão a impressão de ser armadilhas ou caça-níqueis ineficazes, e provavelmente alguns são mesmo. Você não precisa começar a sua busca por elas. Mas se você está mesmo em busca, precisa respirar fundo e correr alguns riscos. Não aceite pagar nada antecipadamente, mas se as demais dicas não estiverem funcionando, você pode considerar a idéia de enviar seu currículo, sempre acompanhado de uma carta de apresentação curta e direta, e com contatos atualizados, para as agências de emprego e sites que considerar mais confiáveis. Bastante gente acaba se incomodando com eles (não tenha muita fé de que você irá conseguir remover seus dados de todos eles depois da semana grátis que costumam oferecer...), mas muitas vezes eles funcionam, isto é fato. Veja ao final deste texto as dicas do Efetividade.net para a construção do seu modelo de currículo ideal.

Casos especiais

Primeiro emprego: a maioria das empresas seleciona preferencialmente candidatos que possam demonstrar experiência nas atividades que irão desenvolver, o que dificulta a vida de quem está tentando o primeiro emprego ou mudar de área. A maneira mais efetiva de resolver esta situação, embora raramente seja uma solução imediata, é adquirindo esta experiência, trabalhando como estagiário, aprendiz, trainee ou mesmo voluntário (em uma ONG ou associação comunitária, por exemplo). Lembre-se de que há milhares de pessoas na mesma situação que você batalhando vagas no mercado - tudo o que você precisa para se destacar é ter um pouco mais de experiência do que elas, a ponto de poder ser chamado para a seleção e aí ter a chance de demonstrar o seu potencial. Aproveite também chances sazonais, como as contratações de empregados temporários no Natal ou em períodos turísticos, e empregos voltados a pessoas sem experiência, como várias categorias de operador de telemarketing, entre outras - muitos empregadores têm medo de contratar alguém que nunca esteve em um emprego formal, com chefe, metas e horários, e este tipo de trabalho acalma esta preocupação. Embora não pareça animador, a forma usual de enriquecer um currículo é bem aos poucos, não em grandes saltos.

Se você estiver acima da idade típica do seu mercado: assim como na situação acima, esta pode ser uma barreira difícil, mas não intransponível, especialmente se você tiver experiência no ramo. O essencial é estar atualizado com as práticas correntes no seu ramo, incluindo as novidades. Domínio da informática pode ser essencial - mais do que para um candidato jovem à mesma vaga. Jamais minta no currículo, mas faça o possível para enfatizar nele as suas atividades mais recentes (últimos 10 anos) e o conhecimento e experiência que você tem. Capriche na sua atitude, e esteja preparado para contra-argumentar com fatos objetivos contra quaisquer preocupações sobre sua idade que possam ser trazidas à baila em uma entrevista ou outra etapa do processo de seleção.

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