Como ser produtivo mesmo sendo um procrastinador assumido: 3 dicas simples

Procrastinação é o ato ou hábito de deixar as coisas para depois, adiar, delongar, postergar.

O hábito normalmente é visto como um grande inimigo da produtividade, e frequentemente é mesmo, pois interfere num componente essencial do conceito de produtividade, que é a quantidade de produto ou serviço produzido (que, quando deixado para depois, pode frequentemente se aproximar de zero), sem interferir no outro, que é o conjunto de recursos concretos que estavam à disposição para que a produção ocorressem.

Se você já tentou lidar com o impulso frequente de deixar para depois, continue tentando, e procure toda a ajuda que puder encontrar. Assim como em casos de dificuldade de atenção, concentração e foco, muitas vezes trata-se de problemas que merecem apoio especializado, e as consequências práticas também podem ser bem similares.

Mas enquanto você se identificar com o adjetivo procrastinador, não deixe para depois a leitura das 3 dicas abaixo, que o Wall Street Journal publicou a partir dos estudos de John Perry, doutor em Filosofia e autor do livro The Art of Procrastination, e que acredita que os procrastinadores podem ser produtivos quando encontram uma maneira de refinar suas táticas de deixar para depois. Será?

Vamos começar admitindo que para muitos indivíduos a tendência a deixar para depois pode ser atribuída à vontade (ganhando nomes como preguiça, desinteresse e similares), e nestes casos uma mudança pode estar a seu alcance também por meio da vontade ou motivação.

Para outros, entretanto, o hábito de procrastinar pode ser uma reação a fatores com os quais não conseguem lidar eficazmente, e assim a procrastinação se torna uma condição crônica e difícil de superar sem mudar condições externas, mas que eventualmente pode ser absorvida de um modo a reduzir as consequências negativas para si e para os demais.

Você sabia que Albert Einstein era considerado preguiçoso? Ele é um exemplo de que as mudanças externas podem remover este tipo de característica, mas hoje trataremos de quem permanece com ela.

O artigo do Wall Street Journal diz (e eu acredito, por conhecer exemplos) que há pessoas que claramente são procrastinadoras e mesmo assim produzem bastante, chegando a ser reconhecidas pela sua capacidade de produção.

A mesa deles não é organizada, eles vivem correndo atrás de pendências que deixaram atrasar, e geralmente compensam isso com outros atributos valiosos, como criatividade, aptidão para relacionamentos e... entregas valiosas.

O que os distingue dos procrastinadores improdutivos é que geralmente eles praticam a procrastinação de alguma maneira estruturada: ao deixar de fazer algo importante, eles estão criando outra coisa também importante, ou criando a condição de depois retornar a este problema (agravado pelo atraso) com uma solução superior.

Obviamente nem todo mundo atua em situações onde este tipo de comportamento é aceitável, mas as 3 dicas a seguir podem fazê-lo se tornar gerenciável.
 

1) Aprender a causar menos dano às pessoas ao redor. A sua atitude em relação aos prazos e ao valor do adiamento, da última noite e da última hora raramente é compartilhada pelas pessoas que dependem da sua produção. Assuma que é um problema, que é algo além do seu controle, e evite ao máximo gerar expectativas que você não vai cumprir a tempo: combine para cumprir, e pratique até o seu limite as atitudes profissionais que permitam que os outros lhe levem a sério.

Isso não resolve muitas situações práticas, mas negar o problema, agravá-lo com desculpas tardias ou assumir voluntariamente compromissos em termos que sabe que não irá cumprir, deixando a bomba na mão de quem aceitou, são ’’soluções’’ ainda piores.
 

2) Cuidado com os conselhos que tentam reduzir as suas opções. É verdade que para um procrastinador se sentir menos pressionado, o ideal é que ele aceite menos compromissos, defina prazos mais elásticos, e tome outras atitudes que no limite correspondem a férias permanentes (às vezes contra a vontade...). Mas isso também é o desejo de boa parte das pessoas, e raramente os leva muito longe em termos de produção.

Assim como nos casos de problemas com a atenção e o foco, reduzir as suas opções pode não ser a solução certa. Pode até ser o contrário: ao procrastinar algo, você não está sinalizando que não quer fazer nada, só que não quer fazer aquela coisa – e ter outra coisa para fazer pode ser uma solução. Mantenha uma boa lista de pendências, e procure organizar seus dias de modo a ampliar as possibilidades de escolhas entre elas, para que não aconteça o cenário pior: não fazer nada.
 

3) Menos encolhimento, mais ferramentas. Se a tendência a procrastinar atrapalha sua vida, não se renda a ela: procure ajuda e, enquanto não resolver, se ajude.

Conte com a ajuda da natureza. Por exemplo, se aquela "olhadinha no Facebook" sempre se converte em 45 minutos de distração, acostume-se a iniciá-la só quando já estiver com fome (ou próximo do intervalo do almoço), para haver um limitador natural. Aproveite e siga o Efetividade no Facebook e me ajude a divulgar o conteúdo, para tornar mais produtiva essa escapadinha ツ

E para ajudar a lembrar de "voltar à realidade" quando você decidir dar uma olhadinha em outra coisa, um simples timer de cozinha pode fazer maravilhas, desde que você não deixe para depois acioná-lo.

O mesmo timer de cozinha, por meio da Técnica Pomodoro, pode ser a solução para dividir um dia (difícil de gerenciar) em várias fatias de 20 minutos (fáceis de gerenciar).

Uma dica adicional do artigo é abrir mão do perfeccionismo. Isso não significa deixar de valorizar a perfeição das entregas, mas sim esquecer a fantasia de que todas as suas entregas serão perfeitas (leia-se "excederão os requisitos necessários"), porque esta fantasia é um fator a mais que faz as tarefas ficarem para depois, uma vez que se tornam mais complexas na sua mente do que deveriam ser na realidade.

Acredite: de modo geral, quem vai receber o resultado do seu trabalho prefere recebê-lo no prazo, no nível de qualidade ajustado, ao preço certo e com todos os elementos que foram combinados, do que receber 2 semanas depois uma obra-prima que excedeu o orçamento.

Fecho com uma confissão pessoal: eu não me descreveria como um grande procrastinador, mas no meu escritório tenho um timer de cozinha bem simples, e lembro de dar corda nele em 2 situações: quando decido fazer uma pausa no que estou fazendo, ou quando lembro que preciso fazer algo em seguida, mas não pode ser imediatamente. E já faz tempo que pratico a arte de deixar para depois o que para mim não tem pressa nem compromisso mas atrapalha o que precisa mesmo ser feito!

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