Liderança e procrastinação: Todos querem a melhoria, mas ninguém quer o esforço

Procrastinação é o ato ou hábito de deixar as tarefas para depois, e com frequência abordo aqui um dos seus elementos-chave motivacionais, que é a importância (e dificuldade) de dar o primeiro passo. Depois que uma tarefa já está em andamento, fica bem mais fácil dar continuidade a ela.

Mas existe outra causa importante e comum: não deixar "cair a ficha" da relação que há entre um efeito desejado, a tarefa que conduz a ele, e o esforço necessário para que esta tarefa inicie e se complete.

Líderes não são pessoas que têm essa palavra no currículo, mas sim são pessoas determinadas a assumir a responsabilidade pelo que acreditam que precisa ser feito para chegar ao resultado que procuram. Entre suas características está a resiliência, competência de quem está mais apto a superar obstáculos e mudanças no seu caminho sem sofrer danos.

É possível colocar-se no papel de líder até mesmo no que diz respeito a objetivos eminentemente pessoais (como perder peso, entrar na faculdade ou obter uma promoção), assumindo a responsabilidade pelo esforço necessário para alcançá-los, e é sobre isso que falaremos a seguir.

Qualquer estudante de Administração passa anos vendo, em diversas cadeiras, como é difícil lidar com a resistência a mudanças, natural nos seres humanos e esperada até mesmo quando a mudança é para melhor. O rock brasileiro sintetizou isso em um verso de música da banda Blitz, já em 1984: "todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer".

Em um mundo cada vez mais imediatista e exposto, é cada vez mais visível que as pessoas sabem que para ter o peso que desejam precisam comer menos e fazer mais exercícios; que para se capacitar precisam estudar mais profundamente um número maior de assuntos; que para poder adquirir o produto dos seus sonhos precisam renunciar a várias outras despesas por um bom tempo – mas, mesmo querendo a melhoria e sabendo o caminho, elas não fazem o que precisa ser feito.

Todo mundo quer o resultado, mas ninguém quer fazer o esforço

Coletivamente isso funciona de modo parecido: todo mundo quer melhor tratamento de esgoto, centros de reciclagem de lixo, prisões mais humanas e reformadoras, e acolhida para os desabrigados – mas comunidade nenhuma quer ser o abrigo das usinas, aterros, presídios e abrigos que são a solução natural para essas questões.

São 2 faces de um mesmo fenômeno: querer aprender um idioma mas rejeitar estudá-lo, querer tratamento de esgoto mas fazer passeata contra a instalação da usina no seu bairro. Ambos se resumem em "quero a solução, mas vou deixar a mudança necessária para depois" – ou seja, procrastinação.

No aspecto coletivo talvez não haja solução ao seu alcance, mas pense em quantas pendências você está deixando para depois, talvez sem notar: economizar para fazer a viagem que deseja, estudar o assunto que quer aprender, buscar a certificação que lhe permitirá avançar na carreira, economizar para comprar um imóvel ou um carro, entrar em forma para ter saúde (ou para o verão), etc.

Você precisa identificá-las, priorizá-las, planejar a solução e dar o primeiro passo. Depois o segundo, o terceiro e assim por diante, até que a mudança se converta na melhoria desejada.

E aí aplique este exemplo da sua vitória pessoal também às tarefas menores e à sua equipe: deixar o esforço para depois não produz a solução desejada.

Fica, portanto, a sugestão de procedimento, curto o suficiente para caber em um twit: Para vencer a procrastinação com efetividade: 1. saiba o que quer alcançar; 2. identifique o caminho; 3. comece a trilhá-lo e não pare!

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