O segredo de concluir é começar. O segredo de começar é dividir as tarefas em pequenas ações. Feliz 2014!

Para muitos brasileiros hoje é o início da primeira semana de trabalho do ano, enquanto para outros o bicho já está pegando desde a semana passada, e para alguns o bicho sequer parou de pegar 😃

Seja como for, é hora de ter uma série de dias de alto desempenho para lidar com todas as pendências que vão chegar na sua mesa devido às tarefas que outras pessoas fizeram andar só na virada do ano, e para iniciar o seu próprio 2014 nos eixos.

Cuidado para não deixar nada escorregar para o “Um dia/talvez” sem querer.

Lembre-se que não é hora de deixar as coisas para depois. Sejam as suas resoluções de ano novo ou o planejamento operacional para o trimestre: inicie agora, ou vai acabar ficando na lista do "Um dia/talvez".

Identifique o que precisa ser feito, divida em partes menores, encontre qual a próxima ação, e... comece!

Feliz 2014!

Emergência: como fazer a casa parecer arrumada, 5 minutos antes das visitas chegarem

Arrumar a casa rapidamente ~para receber visita~ não é o ideal, mas pode ser a solução numa situação imprevista, e produz melhores resultados se você souber em que aspectos se concentrar.

Claro que é muito mais desejável manter a casa permanentemente arrumada, ou estar disposto a expô-la a qualquer visita na forma como você de fato vive nela.

Mas às vezes a visita merece atenção especial, especialmente naqueles casos em que a primeira impressão é a que fica, ou que você se importa especialmente com a imagem que sua casa irá transmitir, mesmo que ela chegue sem avisar com a antecedência que você esperaria.

Se o cliente em potencial, a família da namorada ou outros dessa categoria vão chegar de forma inesperada e você só vai ter 5 minutos para cuidar da aparência da casa, busque todos os utensílios e produtos de limpeza e percorra os passos a seguir, em ordem:

  1. Abrir janelas e cortinas dos ambientes em que eles vão estar (geralmente entrada, lavabo e sala de estar), ou acender todas as luzes. Além de iluminar e arejar, isso vai revelar onde houver mais poeira ou qualquer tipo de sujeira visível, que você deve rapidamente remover – tanto do chão (visível – não é hora de arrastar o sofá) quanto da mobília e dos objetos. Se você tem o hábito de usar algum aromatizador de ambiente (seja vela, spray ou o que for), este é o momento, para dissipar antes da chegada.
  2. Sumir com a bagunça exposta. Atenção a tudo que estiver pendurado e ao que estiver em todas as superfícies planas: mesas, cadeiras, sofás. Não é o momento de guardar no lugar (aliás, o ideal é fazer isso continuamente!), mas sim de tirar de vista os itens que estão visivelmente fora dele. Passe pelo ambiente inteiro recolhendo, e suma com eles em uma caixa que irá para outro ambiente, e depois da visita guarde-os no local definitivo.
  3. Atenção especial para os pontos que atraem o olhar. Não deve dar tempo de limpar os vidros da janela, mas dá tempo de dar uma atenção rápida pra tela e moldura da TV e no espaço imediatamente ao seu redor, por exemplo. E na pia e espelho do lavabo, bem como a trocar/arrumar todas as toalhas.
  4. Arremate: conforme o tempo que sobrar, ligue uma música, arrume os cabelos e cuide do seu sorriso, coloque uma blusa e um calçado que não sejam "de ficar em casa", traga para a sala de estar os copos em que vai servir algo para a visita, feche as portas dos ambientes que não precisam ser vistos e tente relaxar por pelo menos um minuto, para não parecer que você estava na correria ou que a visita é causa de stress. Sorria!

E aproveite o minutinho enquanto relaxa antes da visita chegar, para refletir sobre como a sua vida doméstica poderia ser melhor se você mantivesse a casa continuamente disponível para seu próprio uso com a mesma atenção que dedica à aparência dela para quem a visita 😃

Ferramentas de lista de tarefas: como escolher a melhor, e qual eu escolhi

Depois de o Wunderlist ter me deixado na mão, tive que escolher seu sucessor para gerenciar minhas tarefas e pendências, mas antes parei para pensar nos critérios de seleção que poderiam reduzir o número de opções a considerar – e agora os compartilho.

No início de julho o app Wunderlist perdeu uma parte dos meus dados e basicamente me mandou um "te vira" por e-mail, para o caso de eu ter uma cópia local dos dados e querer recadastrá-los no sistema deles. Não, obrigado.

No artigo “Tchau, Wunderlist: perder meus dados (e nem saber dizer quais) é abuso demais” eu contei essa história, na qual o servidor deles perdeu o sincronismo com o app dos computadores dos usuários afetados e a consequência foi que eles deixaram como válido o que o servidor tinha, e não o que o app dos usuários tinha, e avisaram pros usuários afetados se virarem.

Não quer dizer que o mesmo vá acontecer com você, mas a resposta dos desenvolvedores ao incidente para mim não serve, especialmente em um app de produtividade. E não acho que eu vá fazer falta para eles, também.

Os leitores deram dicas de dezenas de ferramentas que usam e recomendam.

No mesmo artigo, eu pedi aos leitores do Efetividade sugestões de bons apps de gerenciamento de tarefas e pendências. Além de relatos de outros usuários afetados pela mesma falha e outros que não foram, recebi várias boas sugestões, misturando clássicos e novidades: Any.do, Trello, Iqtell, Omnifocus, Remember The Milk, Things, toodledo, doit.im, Podio, Nozbe, Nitro, Asana, Todoist, e até algumas pessoas que usam o Evernote também para isso.

Cheguei a considerar voltar ao puro papel e caneta, que já me serviram muito bem no passado, e que eu já estou acostumado a usar para outras tarefas de produtividade. Mas as tecnologias de sincronização e de compartilhamento me convenceram a escolher alguma ferramenta digital, e aí – antes de parar para selecionar uma entre muitas boas opções – eu parei para pensar em critérios de seleção, que quero compartilhar com vocês.

Como escolher a melhor ferramenta

No livro "Getting Things Done", que definiu originalmente o popular método GTD de produtividade pessoal, David Allen já alertava contra a opção por ferramentas excessivamente complexas.

Quero uma ferramenta de tarefas, e não "de GTD".

Se a ferramenta é "de GTD", geralmente ela já não me serve para gerenciar tarefas e pendências, especialmente porque em vários casos tende a assumir que fará mais do que isso (gerenciar compromissos, contatos, referências, oferecer uma série de listas "default", etc.) e assim acaba tendo bem mais complexidade, opções e interações do que eu gostaria para tratar de algo tão simples como uma lista de pendências.

Eu reduzi a busca a 4 critérios, que tento generalizar a seguir:

Critério 1 – O que você espera que a ferramenta faça

Não é a ferramenta que me diz o que eu tenho que fazer hoje, ou qual deve ser minha próxima tarefa. Eu pratico o ZTD (Zen to Done), e a escolha das tarefas do dia, ou da próxima tarefa, entre as pendências identificadas na ferramenta, é um processo reflexivo, que ocorre dentro da minha mente, e não na tela de algum aparelho. A ferramenta precisa ser boa, aí sim, em me mostrar as opções, ordenadas pelo critério que eu desejar.

É necessário escolher se você quer que a ferramenta só armazene e apresente a lista, ou se ela deve ser a responsável por priorizar, alertar ou de outra forma produzir ações a partir das informações armazenadas. Também é preciso saber se você quer que a informação seja estruturada de alguma forma em especial (por exemplo, correspondendo às pastas do GTD), ou se precisa permitir que você agrupe e categorize livremente as suas informações.

Quem quer compartilhar grupos de tarefas com uma equipe de trabalho precisa de considerações adicionais aqui, mas não é o meu caso.
 

Critério 2 – Em que momentos e situações você quer usá-la

É aqui que nasce a seleção entre uma ferramenta que esteja sempre com você (o que, hoje em dia, quase sempre significa rodar no smartphone), ou que seja acessada só no escritório, ou que seja compartilhada com a família, ou com a sua equipe de trabalho, ou que possa funcionar até mesmo a bordo de um submarino ou em uma expedição à Antártida.

Questões como as plataformas em que roda ou sincroniza, se oferece alguma alternativa para disponibilizar ou receber informações de quem faz parte da sua equipe mas não tem como instalar a ferramenta, a estratégia de sincronização e de compartilhamento são consideradas neste critério.
 

Critério 3 – Quanto você topa investir nisso

Não é só dinheiro: tempo e esforço também.

☞ Não deixe de considerar o valor das informações que serão armazenadas e gerenciadas, e do ganho de produtividade que você espera obter.

Se for para uso de um grupo de trabalho, multiplique, e considere também os investimentos de gestão e de disseminação da capacidade de usar bem a ferramenta.
 

Critério 4 – Que grau de acesso você espera ter aos dados armazenados

A maior parte dos usuários se satisfaz em simplesmente acessar as informações por meio da ferramenta, e não há nada de errado com isso.

Mas usuários mais avançados podem exigir ter disponibilidade de extrair os dados para providenciar seu próprio backup, por exemplo.

Ferramentas maduras geralmente permitem também exportar os dados para que eles possam ser usados em outros aplicativos, e usuários que também são programadores podem ter interesse em poder expandir as funcionalidades por meio de uma API ou outra interface que permita manipular os dados da ferramenta a partir de seus próprios programas

A ferramenta que eu escolhi

Depois da experiência traumática com o Wunderlist, eu passei a dar atenção especial ao critério 4, e limitei minha escolha a ferramentas que tivessem uma API de acesso aos dados para que eu possa extrai-los (para manipular, para backup, etc.) e inseri-los de forma automatizada, como e quando quiser. Não por coincidência, agora o próprio Wunderlist passou a ter uma opção de exportação de seus dados em um formato aberto, aliás.

Quanto ao critério 3, eu sempre fui bem flexível. Os dados que eu armazeno e a produtividade que eu ganho com as ferramentas são bem valiosos, então não me incomodo de investir tempo, esforço e dinheiro em uma ferramenta à altura.

No critério 2, eu não sou tão exigente quanto quem precisa consultar sua ferramenta enquanto pratica mergulho ou trabalha dentro de uma mina, mas tenho a demanda nascida da prática do ZTD: captura imediata de toda pendência que surge nos meus contextos normais de atividades, mesmo que seja só um lembrete de 1 palavra (ou 1 emoji! 😃) anotada em trânsito, para depois completar. Para mim, isso se satisfaz com uma ferramenta que esteja disponível no meu smartphone e sincronize com o computador.

Finalmente, quanto ao critério 1, tem algo que eu não abro mão: a ferramenta tem que funcionar imediatamente no momento em que eu preciso dela. Nada de aguardar um instantinho para sincronizar, para baixar algo do servidor, etc. Isso significa que o aplicativo dela tem que ser nativo de cada plataforma em que eu o uso, nada de webapps ou similares.

Ainda sobre o mesmo critério, eu espero que a ferramenta não fique no meu caminho. Por exemplo, se eu quiser digitar apenas uma palavra como lembrete da tarefa, para depois complementar quando chegar no escritório, não quero ter de negociar com uma ferramenta que fique insistindo para eu definir tags, prazos, prioridades. Esses campos podem estar lá, discretamente, para os casos e momentos em que eu queira usá-los (depois, no escritório), mas não podem ser obrigatórios para que a ferramenta funcione.

A ferramenta que eu escolhi, atendendo aos critérios acima, foi o Things, que funciona no meu computador e no meu smartphone. É bem possível que ela não seja uma boa escolha para você, mas com o processo seletivo descrito acima, você poderá encontrar a ideal para a sua situação, caso ainda não tenha escolhido a sua!

A solução de produtividade que você procura não será trazida por alguma ferramenta

Abandonei mais uma vez o Evernote em prol de uma tecnologia bem mais antiga, e aproveito para compartilhar uma ou duas reflexões sobre a importância de saber escolher suas ferramentas.

Toda semana recebo contatos de leitores perguntando sobre quais ferramentas deveriam usar para ter produtividade, ou efetividade, ou algum outro resultado positivo em sua vida.

E muitas vezes o contexto da pergunta me revela que a pessoa tem a expectativa de que a ferramenta seja a solução para os problemas hoje existentes na atitude dela, ou nos processos que ela coloca em prática. Mas infelizmente esse tipo de situação em que a adoção de uma ferramenta pode corrigir processos e fazer evoluir atitudes, mudando hábitos, é bem raro.

A ferramenta é, sim, muito importante – mas ela não pode fazer todo o trabalho por você, apenas ser usada para ampliar a sua capacidade de realizar trabalho.

É lugar-comum, já escrevi antes, mas vou repetir: o bom artífice não culpa más ferramentas pelas suas falhas, sabe usar bem as ferramentas sofisticadas, mas o momento em que melhor produz é quando tem as ferramentas que se adequam à sua maneira de trabalhar.

Esta minha breve reflexão nasce porque acabo de abandonar o Evernote mais uma vez. Deve ser a 3ª ou 4ª.

Abandonei o Evernote de novo, mas ele é ótimo.

O meu abandono não quer dizer que o Evernote seja uma má ferramenta. Pelo contrário: tem um leque crescente de recursos úteis, qualidade permanente, um ecossistema em evolução, uma comunidade vibrante (inclusive no Brasil), e eu nem me arrependi de ter pago (e renovado) uma conta Premium.

O Evernote não é o problema. O meu “problema” (que na verdade é solução) é que tudo que eu faria nele eu faço desde o século XX em um arquivo-texto chamado notas-augusto.txt, que nasceu em um computador com Windows 98, logo depois migrou para uma sucessão de computadores com Linux, e hoje reside na pasta do Dropbox em um Mac.

Como hoje ele "mora" no Dropbox, está acessível tanto no smartphone quanto no tablet ou em qualquer computador com conectividade. Quando preciso anexar algo, gravo na mesma pasta e simplesmente anoto o nome (ou a URL) no mesmo arquivo.

Nele estão os números de acompanhamento de um Sedex que enviei na semana passada (e o link para uma foto do recibo), mas também estão até registros de vôos que peguei na década de 1990, os detalhes de configuração de um monitor ~tela plana~ que tive alguma dificuldade para configurar na virada do século (imagem acima), as instruções de publicação para uma revista com que colaborei em 1999, alguns números de telefone com 6 dígitos, e o número do contrato de provedor de linha discada...

Ao longo dos anos, criei algumas rotinas automatizadas para incluir rapidamente um trecho de texto ao final do arquivo, e uma prática para incluir palavras-chave que tornam fácil localizar a informação, e até mesmo correlacioná-la.

Não estou dizendo que isso é melhor que o Evernote, ou que você deveria fazer o mesmo. O Evernote é bem mais avançado. Só que para mim as vantagens de ter essas informações localmente1 no meu desktop ao alcance de um grep (que faz bem menos do que o Evernote), como já venho fazendo há 20 anos, continuam suplantando tudo que o Evernote já me ofereceu.

Já tentei 3 ou 4 vezes. Já migrei todas as informações do meu arquivo texto para o Evernote mais de uma vez. Já contratei o Evernote Premium. Já me obriguei a usá-lo por 3 meses. E sempre voltei ao bom e velho TXT.

Chegando ao assunto: produtividade está mais no processo do que na ferramenta

Meu ponto? Estou sempre em busca da produtividade e da efetividade, e gosto de estudar as ferramentas associadas a ela. E uma coisa que aprendi é que a ferramenta precisa se adequar ao usuário, e não o contrário. Outra é que o tempo que gastamos testando ferramentas variadas nem sempre compensa, a não ser que o teste em si seja parte do objetivo – algo que se faça por prazer, por exemplo.

Para meus registros e referências eu uso uma combinação de ferramentas com recursos restritos e isso me atende bem, mesmo sabendo que existe uma bem mais avançada à minha disposição.

E queria compartilhar isso com vocês, porque a cada vez que alguém vem me pedir dicas de ferramentas como se o ganho de produtividade residisse nelas, eu tenho vontade de fazer esse mesmo discurso.

Os ganhos de produtividade, de eficácia, de qualidade de vida e de diferenciais estratégicos estão na atitude, e no processo. A ferramenta precisa apenas ser adequada a estes. Ainda que ela seja um pedaço de papel. Ou um arquivo-texto.

Mas... nada contra o Evernote 😃

 
  1.  E sincronizadas em qualquer computador em que eu trabalhe, mesmo que ele tenha o formato de um celular.

A Matriz de Eisenhower ajudou a ganhar a 2ª Guerra e pode vencer as suas pendências também

Uma matriz de apenas 4 células, que serve para identificar o que fazer primeiro e o que pode ser descartado, foi usada pelo general que planejou a estratégia aliada na Segunda Guerra, e pode ajudar você a passar mais tempo fazendo o que realmente importa.

Dwight Eisenhower, como general, foi o responsável por formular os planos gerais da estratégia dos EUA na 2ª Guerra Mundial, e depois ainda lhe coube executá-los, comandando todas as forças aliadas na Europa, incluindo o desembarque na Normandia, que hoje conhecemos como "o" Dia D.

Anos depois ele se tornou presidente dos EUA, sendo responsável por criar a NASA e a DARPA (agência de pesquisa que, entre outras coisas, deu os passos iniciais de implantação da Internet).

A História conta (e o livro The Victors, de Stephen E. Ambrose1 é a referência recomendada a quem gosta do assunto) que o envolvimento de Eisenhower com o planejamento da 2ª Guerra começou em um domingo de inverno, quando ele se apresentou para seu superior em um novo posto em Washington, e o superior (o Gen. Marshall, comandante das forças armadas) lhe perguntou, simplesmente: "Qual deveria ser nossa linha geral de ação?"

Eisenhower pediu algumas horas e elaborou, em uma única folha amarela de papel, as linhas gerais que apresentou ao seu superior ao final do mesmo dia, e que acabaram sendo a base de toda a estratégia que levou à vitória dos aliados, alguns anos depois, em 1945.

Esse grau de clareza e síntese ao planejar as próximas ações é algo a que nem todos nós podemos aspirar a ter, mas uma das ferramentas essenciais usadas por Eisenhower está sempre ao nosso alcance: a Matriz de Eisenhower.

É possível que você a conheça por outro nome. Eu, como Administrador, tive o privilégio de aprendê-la na escola (ainda que sem referência ao General, que não a inventou mas a tornou célebre por usá-la).

O que a Matriz faz é muito simples: divide os problemas de acordo com a sua urgência e a sua importância:

Ah, pensa o esperto leitor, esse diagrama eu já conheço.

Espero que já conheça o diagrama mesmo, mas é hora de usá-lo como mais do que um simples instrumento para triagem de emergência. Quando Eisenhower estava escrevendo a sua lista, juntamente à sua primeira recomendação, ele anotou: "Velocidade é essencial" – e é mesmo, mas se você passar seus dias apagando incêndios e cuidando do bebê que já está com febre, não conseguirá avançar para além desse nível operacional e reativo.

Oriente seu esforço em direção à célula 2.

Note que a matriz tem 4 células, sendo que a de número 2 (do alto, à direita) é aquela em que você deveria se esforçar para passar a maior parte do tempo cuidando: o que é importante, mas não urgente. Ações planejadas, que levam a avanço estratégico e a ganhos de longo prazo. Gestão. Execução de planos.

Para chegar a isso, entretanto, você precisa superar a célula 1, que concentra o que é importante mas também é urgente. Enquanto houver itens aqui, eles precisam ser atendidos e resolvidos – por alguém. Precisa ser você? E, se precisar, precisa ocupar todo o seu tempo disponível? Pense em como você pode promover ações que reduzam o surgimento de novos itens nessa célula, de modo a poder terminar de lidar com os que já estão nela e poder evoluir para a célula 2.

Escape da célula 3 e não abra espaço para a célula 4.

Na célula 3 você encontra tudo que é interrupção e distração mas não gera valor considerável para os seus objetivos: é o urgente, mas não importante. O telefonema que interrompe a sua concentração mas não traz nenhuma informação nova, o ícone piscando para avisar que um semi-desconhecido mencionou o seu nome numa rede social, etc. Tudo isso demanda ação imediata, mas não traz nenhuma vantagem – procure removê-los da sua rotina.

Já a célula 4 é a perda de tempo por definição, ao menos quando estamos considerando a realização de trabalho2: o que não é importante, nem urgente. Trivialidades, atividades sem sentido e outros desperdícios de esforço.

Colocando em prática hoje mesmo

Hoje (ou em qualquer outra data) é provável que você tenha mais tarefas em aberto do que terá condições de resolver imediatamente, e assim precisará priorizá-las.

Experimente distribui-las entre os 4 quadrantes. Nem sempre é fácil, porque nossa vida não é cartesiana, mas faça o melhor possível, colocando cada tarefa em apenas uma das células.

Quando acabar de classificar, lide com as tarefas assim:

Célula 4: não é importante, nem urgente. Descarte imediatamente sem maior análise, ou guarde para avaliar no final do dia por que essa tarefa está pendente, e como se livrar dela considerando que ela não tem importância.

Célula 3: é urgente, mas não é importante. Se você tiver recursos à sua disposição, delegue imediatamente, com a missão de evitar que a mesma situação volte a ocorrer. Se você não tiver recursos (estamos juntos nessa!), adie até depois de tratar da célula 1, e aí se encarregue você mesmo de eliminá-la e prevenir que ela volte.

Célula 1: É importante, e é urgente. Resolva já, pessoalmente – ao menos até que a parte importante acabe. Depois, mova para a célula 3 e trate adequadamente.

Célula 2: É importante, mas não é urgente. Com a prática, é aqui que você vai passar a maior parte do seu tempo. No momento, apenas defina quando cada uma das tarefas que estão nessa célula terão que estar resolvidas, e programe a próxima ação que terá que realizar em cada uma delas.

Os passos acima são o uso mais básico da Matriz, mas o que ela tem de mais relevante é o aperfeiçoamento ao longo de suas repetições, com o objetivo de ter cada vez mais tempo e recursos disponíveis para a Célula 2.

Afinal, como disse o próprio Eisenhower, o que é urgente nem sempre é importante, e o que é realmente importante raramente é urgente.

 
  1.  Que talvez você conheça por meio da série de TV Band of Brothers, baseada em um livro dele de mesmo nome.

  2.  Embora na célula 4 se concentrem ótimas oportunidades que conduzem a elementos importantes da célula 2 quando se trata da qualidade de vida: o convívio, o lazer, etc. – é necessário saber reconhecer os contextos em que as atividades relacionadas a eles são importantes.

Scrum: metodologias ágeis apresentadas para praticantes e para não-simpatizantes

Scrum é um destaque entre as chamadas Metodologias Ágeis, atrativas na mesma medida em que são polarizadoras de opinião. Mas o novo livro do Cesar Brod a respeito consegue escapar das polêmicas e apresentá-lo com leveza e simplicidade, interessando tanto a quem já pratica como a quem ainda não conhece.

Scrum é um nome já consolidado mas longe de ser absoluto no gerenciamento de projetos. Uma característica que o distingue é reconhecer que ao longo de um projeto os clientes podem mudar de idéia sobre o que desejam e precisam, e que desafios imprevistos não são facilmente tratáveis na maneira tradicional, preditiva, de planejamento.

Assim, o Scrum adota uma abordagem empírica, aceitando que o problema não pode ser completamente compreendido ou definido, e focalizando seus esforços na maximização da capacidade da equipe responder às alterações de requisitos.

O Scrum é uma metodologia ágil (especialmente aplicada no desenvolvimento de software, mas não restrita a ele), cujo ciclo básico você vê acima, com o backlog geral e o de cada sprint, o ciclo de um sprint (2 a 4 semanas) e o ciclo diário, até concluir na forma de um produto.

As características essencias que distinguem o Scrum em relação a outras alternativas populares são:

  • condução iterativa, dividida em ciclos (chamados de sprints);
  • conjunto de requisitos e funcionalidades do projeto registradas em um Product Backlog;
  • conjunto de tarefas alocadas a cada sprint registradas em um Sprint Backlog;
  • interação próxima entre o Product Owner, que atua em um papel similar ao de um representante dos stakeholders e patrocinadores, e a equipe de projeto;
  • foco na agilidade, com equipes auto-gerenciadas, em que o Scrum Master tem papel de facilitador e motivador – um capitão de futebol, e não um capataz.

Há diversas implementações de sistemas para gerenciar os processos do Scrum, desde modelos simples baseados em etiquetas Post-It e quadros brancos, até softwares específicos. Uma das principais vantagens do Scrum é a facilidade de ser compreendido e o pouco esforço necessário para começar a empregá-lo.

O Manifesto Ágil, de 2001, estabeleceu princípios que norteiam o Scrum. Para o Manifesto, é importante valorizar interação mais do que processos, software em funcionamento mais do que documentação abrangente, colaboração com o cliente mais do que negociação de contratos, e responder a mudanças mais do que seguir um plano.

Não que os itens que ficam em segundo plano não sejam importantes, mas os outros (que frequentemente ficam em segundo plano em metodologias mais "clássicas") merecem consideração especial, para seus autores.

Quanto ao Scrum especificamente, trata-se de um modelo de processo baseado em um conjunto de práticas e de papéis definidos, cuja nomenclatura (incluindo o nome Scrum, a repetição de sprints e mais) é derivada do Rugby. Ele estimula a formação de equipes auto-organizadas, encorajando que todos os seus integrantes compartilhem o mesmo ambiente e comuniquem-se verbalmente.

Quando estou na condição de gestor, tenho bastante simpatia com os princípios do Manifesto Ágil, mas eu os uso como freios e contrapesos para evitar aplicar demasiada rigidez a outras práticas, como as do Gerenciamento de Projetos descrito pelo PMBoK.

Particularmente valorizo o esforço pelo comprometimento a um conjunto de requisitos previamente identificado para cada versão, e a presença de documentação detalhada mais do que precisaria para para adotar de forma direta um método como o Scrum no que eu mesmo realizo. O que não significa dizer que não o considero válido ou aplicável a outros projetos, claro.

O livro: Scrum, guia prático para projetos ágeis

A Novatec lançou recentemente o livro Scrum – guia prático para projetos ágeis, que busca ao mesmo tempo servir para a leitura na íntegra e para referência posterior sobre o Scrum, descrito como uma atitude.

A imagem da capa é expressiva, mostrando o scrum original que dá nome ao método: um scrum de jogo de rugby, momento crítico em que todo o time precisa atuar, cada um em seu papel e sem ninguém poder coordenar o conjunto completo, para dominar bola e fazê-la avançar.

O autor, Cesar Brod, trabalha na área de TI desde o início da década de 1980, e em um currículo que inclui desde o empreendedorismo até a coordenação de ações do governo federal relacionadas a dados abertos, e acompanha desde a década de 1990 as técnicas e práticas que em 2001 levaram à publicação do Manifesto Ágil (produzindo frutos como o Extreme Programming e o Scrum).

Da sua própria experiência e do vasto cabedal de referências e causos que ele menciona, sem recorrer a tediosas notas de rodapé, mas sim incorporando ao texto, nasce uma obra bem atrativa, que pode ser lido como se não fosse um guia sobre um tema técnico potencialmente enfadonho.

Ficam claros os papéis dos integrantes, as ferramentas (como o kanban e o lúdico e efetivo Poker do Planejamento, para priorizar tarefas a partir da visão de todos os envolvidos), os artefatos, os ritos – incluindo a reunião diária de 15min, em que cada participante diz, basicamente, o que fez ontem, o que fará hoje, e quais os obstáculos que estão no seu caminho imediato – e em que consiste a prática – e o zen – do scrum.

Os capítulos finais tratam de desafios especiais, como estimar prazos e custos, ou definir quando o produto está pronto1, de ferramentas indicadas, e do uso do Scrum fora do desenvolvimento de software, tanto na gestão quanto na vida pessoal, acadêmica e familiar.

São 188 páginas repletas de conteúdo, e o melhor: até um não-simpatizante da aplicação direta do Scrum pode ler, aprender itens aplicáveis às suas próprias práticas, e gostar. É o meu caso, portanto posso afirmar 😃

O sumário e um capítulo de exemplo estão disponíveis on-line. Recomendo! Scrum – Guia Prático para Projetos Ágeis, de Cesar Brod, pela Novatec.

 
  1.  Afinal, se as especificações de um projeto podem mudar quase continuamente, é preciso um critério para poder arbitrar quando ele está pronto.

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