Organização de documentos em casa: nova Lei pode acabar com nossas montanhas de recibos

Organizar os comprovantes de pagamento e quitação dos serviços (públicos e privados) que pagamos mensalmente é um desafio que já abordamos anteriormente no artigo "Organize seus documentos e papéis em casa". E este desafio aumenta de complexidade quando consideramos que, para preservar nossos próprios interesses frente a estas prestadoras de serviços, atendendo a recomendações dos órgãos de defesa do consumidor, o correto é guardar estes comprovantes por 5 anos. Haja espaço para tantas pastas, caixas e envelopes de boletos e recibos!

Dependendo da situação, o armazenamento eletrônico e a digitalização de documentos podem ser soluções para reduzir o volume, só que trazem consigo seus próprios problemas.

Mas agora a situação pode estar quase mudando: está chegando ao fim a tramitação de um projeto de Lei federal (similar ao que já foi aprovado em alguns estados como SP, e tramita em outros como Alagoas) que obriga as prestadoras de serviços públicos e particulares, tais como:

  • água e esgoto,
  • eletricidade,
  • telefonia,
  • escolas,
  • cartões de crédito,
  • condomínios e
  • planos de saúde,

entre outras, a fornecer no início de cada ano, a quem estiver quite com seus pagamentos, uma declaração de quitação dos débitos do ano anterior, que teria o mesmo efeito que o conjunto dos comprovantes ordinários de pagamento daquele ano - ou seja: para a proteção contra nova cobrança indevida, e para outras necessidades comuns (como a comprovação de quitação que os inquilinos precisam apresentar a imobiliárias, por exemplo), bastará guardar os comprovantes mensais do ano corrente, juntamente com os últimos 5 comprovantes anuais de cada prestador ou serviço - o que ainda é bastante papel, mas reduz consideravelmente o volume.

E a preocupação com a cobrança repetida (e indevida, naturalmente) não é fantasiosa. Da cobertura do jornal gaúcho Zero Hora:

De acordo com o Procon, os campeões de cobranças de contas já pagas em São Paulo são os setores de telefonia e energia.

– A cobrança duplicada é algo que acontece com muita frequência. Somos totalmente favoráveis a esse projeto, mas sugiro que as pessoas tenham cautela. Os documentos antigos só devem ser jogados fora quando o certificado de quitação chegar – alerta Roberto Pfeiffer, diretor executivo do Procon.

A mesma Zero Hora resume a situação do projeto de Lei:

Um projeto de lei federal, aprovado pelo Senado nesta semana, exige que as prestadoras de serviços públicos e privados emitam e enviem para o consumidor uma declaração de quitação de débito no começo de cada ano.

O projeto de lei, de autoria do senador Almeida Lima (PMDB-SE), passou por todo o rito legislativo do Congresso, mas ainda precisa ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se isso acontecer, as empresas têm até maio de 2010 para enviar os comprovantes em todo o território nacional.

No vídeo acima você pode assistir à matéria do Jornal Nacional a respeito, veiculada antes da aprovação pelo Senado, da qual destaco um trecho interessante:

Não é que a papelada vai desaparecer de casa de uma hora para outra. Pela proposta, os comprovantes da conta de luz, por exemplo, de um ano inteiro vão ser substituídos por um só. É a declaração de quitação anual. E as prestadoras de serviço terão que mandar para os clientes que pagaram tudo certinho.

“A regra diz o seguinte: até maio, a prestadora de serviço tem que entregar a declaração relativa ao período de janeiro a dezembro do ano anterior”, explica Marcos Diegues, gerente jurídico do Idec.

Com quase 40 quilos de documentos arquivados, a representante comercial Márcia Storto torce para que a lei seja aprovada. “Vou ter espaço para guardar coisas mais úteis”.

Ainda é cedo para comemorar, mas como o espaço é escasso, certamente vou gostar de ter mais 80cm de prateleiras disponíveis, e não vou me importar de triturar anos de papelada no início do ano que vem, para poder em seguida doá-los para reciclagem.

Mas os links abaixo continuam válidos para os demais documentos que precisam continuar sendo arquivados ;-)

Leia também:

Produtividade pessoal: 10 dicas para fazer a vida caber nas 24 horas de cada dia

Manter há 3 anos o site Efetividade.net me ofereceu uma perspectiva sobre diversas das propostas e métodos de produtividade pessoal, e principalmente sobre os equívocos que as pessoas cometem ao buscar tornar mais eficientes as suas atividades ou o uso do seu tempo.

Embora seja cético sobre métodos prontos para alcançar a produtividade reduzindo o stress, isso não me impede de ter também as minhas sugestões para quem quer repensar suas atividades e buscar um caminho que permita aumentar o rendimento sem perder de vista seus valores pessoais.

Recentemente o site paulista Guia da Semana me convidou a compilar uma lista de dicas para fazer render o dia dos profissionais, e eu não me fiz de rogado, sintetizando minha visão a respeito nas 10 dicas abaixo, que eles publicaram do jeito que preferiram, e que eu agora divido também com vocês, acrescentando uma coleção de links para mais detalhes.

Antes de prosseguir, um alerta: na minha opinião, para quem vê a busca da produtividade pessoal como uma faceta importante da sua vida, e não apenas uma ferramenta de uso ocasional para atingir outros fins, as 3 últimas dicas são as mais importantes. Pessoalmente, entretanto, não vejo nada de errado em tratar esta disciplina como uma ferramenta ocasional, se a vida estiver suficientemente equilibrada desta forma.

10 dicas para fazer o seu dia caber em 24 horas

  1. Organize os bastidores. Para ter um bom desempenho na sua atividade, você precisa saber que as ferramentas e informações estão disponíveis, atualizadas, e serão encontradas com facilidade no momento certo. Gastar tempo e esforço procurando onde está o arquivo certo, a versão assinada daquele documento, ou o telefone daquele fornecedor importante, além de prejudicar diretamente a eficiência, também é uma fonte inesgotável de distrações e interrupções – quando você perceber, já estará se dedicando a outra tarefa sem concluir a primeira, e todas as prioridades vão para o espaço. Pastas, arquivos, gavetas e ferramentas de trabalho devem ser organizadas racionalmente e mantidas em condições de uso. (mais em "7 dicas para o escritório doméstico ideal - das cadeiras ao cartão de visitas!")
     

  2. Diga mais 'não'. Diga sim só quando puder ou for necessário, e focalize seus esforços em poder fazê-lo para tudo que lhe agregar valor, e em alcançar uma posição em que você possa escolher melhor as suas respostas. Em todos os demais casos, saiba quando dizer 'não' de forma consistente, e economize o stress gerado (em você e em quem você fatalmente deixaria na mão) por atividades que estão além do seu alcance, do seu cronograma, do seu interesse ou mesmo da sua capacidade atual. (mais em "Seja positivo: aprenda a dizer não!").
     

  3. Agende direito. Na tentativa de fazer caber mais atividades no dia, muitas pessoas abandonam a perspectiva da efetividade, e acabam agendando o impossível. Lembre-se de todas as vezes que você teve de lidar com algum médico que agenda consultas de 15 minutos por paciente (e aí nunca cumpre o horário marcado, lota a sala de espera de pacientes mal-humorados, e ainda por cima atende todo mundo com pressa), ou com algum técnico de manutenção de TV a cabo que agenda atendimento a 10 clientes por dia, sem considerar tempos de deslocamento – e aí sempre acaba deixando alguém na mão (e também atende todo mundo com pressa). Agende-se considerando a realidade: tempo de preparação, deslocamento, providências posteriores e a possibilidade de realizar um serviço com qualidade, além da eficiência e produtividade. Não deixe seus clientes e parceiros esperando, não fure compromissos regularmente, e reserve tempo para fazer tudo sem atropelos. (mais em "Agenda: como marcar compromissos e reuniões com efetividade" e "Reunião mais produtiva: como preparar, executar e encerrar com efetividade").
     

  4. Simplifique. Ao não definir claramente a razão da busca da produtividade pessoal, você corre o risco de ceder à tentação de agregar novos compromissos e atividades à sua vida, sem considerar se eles realmente aproximam você de suas necessidades e objetivos pessoais, ou se são apenas um ganho ilusório. O ideal é concentrar-se no que é indispensável e no que agrega valor. É difícil perceber esse problema em nós mesmos, pois sempre parece, a princípio, que tudo o que fazemos é essencial. Mas olhe ao seu redor, e pense no número de pessoas que você conhece que vive estressado e insatisfeito por tentar, de forma não sustentável, fazer mais coisas do que é capaz. (mais em "Para refletir: Engenheiro japonês morre por trabalhar demais").
     

  5. Considere a vida como um todo. Embora nosso dia seja artificialmente dividido em fatias – a hora da faculdade, a hora do trabalho, a hora da janta em família, etc. –, considerá-lo como se fosse realmente dividido em fases estanques aprofunda os problemas que deveríamos evitar. Use bem os limites da sua flexibilidade, e considere todas as dimensões da sua vida antes de tratar da alocação do tempo. Caso contrário, você rapidamente cairá na armadilha de tentar misturar as fases – pensando no artigo do seu MBA enquanto está no trabalho, preparando reuniões e apresentações na hora do jantar com a família, e depois matando aula da pós para compensar. Você tem 24 horas no seu dia, e precisa usá-las bem para cuidar de todas as facetas da sua vida. (mais em "Liderança e motivação: quer ser levado mais a sério?")
     

  6. Foco e concentração. Muitas vezes nós acabamos criando armadilhas para a nossa própria produtividade, ao rejeitar instrumentos simples, como listas de pendências, contatos e agenda de compromissos. Mantemos informações apenas na nossa cabeça, e elas acabam ficando no caminho quando precisamos nos concentrar no que estamos realizando a cada momento. O planejamento e preparação inadequados causam distrações desnecessárias e difíceis de evitar, porque ocorrem dentro de nós mesmos, sem causa externa que possa ser combatida. Ter – e usar! - um sistema confiável de registro de pendências, compromissos, contatos e referências é a forma de solucionar este efeito, e não depende de tecnologia: embora existam sistemas sofisticados muito bons, os métodos baseados em papel e caneta continuam populares. (mais em "GTD: Conheça um método eficaz de organização e produtividade pessoal que pode melhorar sua motivação e seus resultados", "Ganhe produtividade sabendo lidar com as interrupções no trabalho" e "Pilhas não incluídas: A simplicidade como alternativa para a produtividade pessoal").
     

  7. Conheça os métodos. Não há falta de métodos de organização e produtividade pessoal, cada um com seu enfoque. Na livraria da sua esquina você encontrará vários. Nenhum deles resolverá sua vida sozinho (embora alguns deles adotem uma perspectiva de “auto-ajuda” que pode lhe afirmar o contrário), mas conhecê-los ajudará você a formar sua própria idéia sobre como lidar com a sua situação específica. Recomendo os autores: David Allen, Christian Barbosa e Stephen Covey.
     

  8. Encontre seu próprio caminho. Adotar integralmente algum dos métodos de produtividade pessoal prontos do mercado editorial raramente dura, embora a experiência em si possa ser positiva. Não somos feitos em moldes, e cada pessoa tem suas próprias necessidades e aptidões. Reconheça a sua situação, e lembre-se sempre que o que você quer não é uma técnica, e sim uma solução para o seu problema específico (leia de novo a dica 4!). Mudar de atitude é difícil, é só funciona a longo prazo se a motivação for baseada nas suas necessidades e nos seus valores, de forma a construir uma nova rotina que seja adotada de forma autêntica e genuína. (mais em "Colocando a vida em ordem com as dicas de… Bruce Lee").
     

  9. Saiba a razão do seu interesse em produtividade. É comum ver pessoas que buscam técnicas de produtividade pessoal sem definir claramente a razão e aí, mesmo quando bem-sucedidas, acabam simplesmente tendo um pouco mais tempo livre para preencher arbitrariamente com mais obrigações, e permanecem tão estressadas quanto antes, sem ganhar nada de positivo para si com isso. É importante saber o que se deseja alcançar com o ganho que a produtividade trará, e aí orientar os esforços na direção certa. E aprofunde a análise: raramente “para poder trabalhar mais”, “para ganhar tempo” ou “para ganhar melhor” são respostas suficientes. (mais em "Você usa bem o tempo que o seu ganho de produtividade libera?" e "Burnout: Lidando com o esgotamento pessoal no ambiente de trabalho").
     

  10. Não erre o foco. Ganhar produtividade pessoal não deve ser um objetivo, e sim um caminho. Quem gosta de ler sobre o assunto, se informar, testar todos os métodos e comparar os autores geralmente já é produtivo o suficiente, ou não está tentando ser. Para quem quer ganhar produtividade e eficiência, o fundamental é analisar sua situação, informar-se suficientemente a respeito, e aí encontrar rapidamente uma técnica que funcione bem, e segui-la, para aí voltar a se concentrar em seus próprios objetivos pessoais, evitando desenvolver uma obsessão pela busca da máxima produtividade possível – a não ser que seja por gosto pessoal, que é o caso em que deixa de ser necessário haver justificativas baseadas em resultados.

Alguns dos artigos que já escrevi sobre o tema estão compilados na seleção “Escritório: como organizar” que, ao contrário do que o título indica, também tratam diretamente da produtividade pessoal, como lidar melhor com interrupções, como arquivar bem os documentos pessoais e vários outros temas correlatos.

Efetividade ao contrário: como o esforço das vítimas contribui para o sucesso dos contos do vigário

A credulidade humana no que se refere aos contos do vigário parece não ter limite, e há bastante tempo é campo de estudo que observo com interesse, por ser quase o oposto do conceito de efetividade: o esforço da vítima contribui para o sucesso do golpista, contra ela.

Os 2.000 comentários dos leitores em um artigo anterior meu sobre o golpe do "trabalho em casa" demonstram claramente isso: algumas pessoas chegam a se exaltar quando são alertadas de que não deveriam depositar dinheiro na conta de quem diz que tem uma oportunidade para elas ganharem dinheiro a partir de casa, mas só darão detalhes se ela pagar uma graninha adiantada.

No ramo dos chamados "contos do vigário", o que se percebe é que raramente a credulidade atua sozinha: eles funcionam tão bem porque conseguem quase sempre (há exceções!) aliá-la à exploração de alguma vulnerabilidade ou fraqueza moral, e em muitas vezes a vítima cai porque se deixa seduzir pela aparente oportunidade de:

  • levar vantagem sobre alguém desinformado,
  • receber uma recompensa desproporcional,
  • ganhar um prêmio a que não fez jus,
  • comprar um objeto mais barato que seu valor de mercado,
  • obter retorno impossível sobre um investimento,
  • pegar um empréstimo a juros impossivelmente baixos,
  • ganhar salário sem trabalhar,
  • comprar algo que tem todas as características de produto de furto ou outro crime,

e similares.

É estelionato

De modo geral, os contos do vigário são incluídos na categoria dos estelionatos, cuja definição inclui os 4 ingredientes básicos: "obter para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento". Alguns deles são associados a outros crimes, ou servem como veículo para que outro crime seja praticado.

A própria origem da expressão "conto do vigário" é controversa, mas o uso original em Portugal se assemelha bastante ao que hoje ocorre nas ruas brasileiras: uma pessoa desconhecida se apresentava em vilas do interior, dizendo ser emissária do vigário da paróquia, e trazendo o que parecia ser objeto de grande valor, que pedia a algum incauto que guardasse até que este "emissário" pudesse um dia retornar para buscar. Movido pelo interesse em ajudar, ou pela possibilidade de que o emissário jamais retornasse, a pessoa aceitava ficar de posse destes objetos valiosos, e dava ao emissário um pequeno valor como garantia.

É até desnecessário dizer o final: o emissário desaparecia com o valor da garantia, e a pessoa que ficou com o objeto logo descobria que ele havia sido roubado de algum vizinho, ou que era falso, e ficava no prejuízo.

Os tipos comuns

Há alguns anos foi bastante divulgada por aqui a prisão de um grupo que aplicava o "golpe da guilhotina", oferecendo a incautos uma máquina (a tal "guilhotina") que aparentemente fazia cópias perfeitas de cédulas de R$ 50. A pessoa testava, se convencia e comprava, achando que rapidamente compensaria o investimento. Os golpistas operaram por bastante tempo, pois quando suas vítimas descobriam que tinham caído no golpe, dificilmente recorriam à polícia, por se verem como cúmplices de um crime.

O mesmo ocorre com o "golpe da carga roubada", em que um comerciante topa comprar para revender, 2 ou 3 vezes, produtos sem nota e a custo extremamente baixo - típicos de cargas roubadas. Depois de algumas vezes, o "fornecedor" se aproxima e "abre o jogo", confessando que trata-se mesmo de carga roubada, atividade na qual ele seria especializado e realiza sem maiores riscos, e convidando o comerciante a lhe antecipar algum dinheiro para financiar um próximo roubo, o que garantiria a ele preços ainda mais baixos, de mercadorias de maior qualidade, que seriam roubadas. O final é previsível: o "ladrão de cargas" some com o dinheiro, e a vítima vê-se constrangida em relatar o acontecido, devido à natureza de sua participação.

Mas nem todos os golpes são assim, e em geral a vítima fica apenas com o prejuízo e com a vergonha (pela credulidade ou ganância), e não com a qualificação de cúmplice.

Se você está lendo este texto, provavelmente acredita que não cairia em nenhum destes golpes. Mas eu conheço bastante gente inteligente e bem informada que já caiu, porque as construções costumam ser bem pensadas, e a operacionalização é magistral.

Veja alguns exemplos comuns:

  • Golpe do bilhete premiado: As décadas passam, e mesmo assim todas as semanas várias pessoas caem nesse golpe, muitas vezes aplicado na saída dos bancos. O golpista finge ser uma pessoa ingênua do interior, perdida na cidade tentando encontrar uma lotérica, e apressada para não perder o último ônibus para sua roça. Ao pedir ajuda à vítima (que foi vista saindo do banco após sacar algum dinheiro), mostra o "bilhete premiado" falso e um recorte de jornal com o resultado. A vítima, bem intencionada a princípio, se oferece para indicar o caminho ou acompanhar o caipira ingênuo à casa lotérica. Após um ou 2 minutos (para dar tempo de a vítima pensar no prêmio), o "caipira" lembra da sua pressa para não perder o último ônibus, e - já que não vai ter tempo de sacá-lo - oferece o bilhete à vítima, em troca do adiantamento de uma pequena parcela do prêmio. A vítima, que tem o dinheiro em mãos ou está próxima do terminal de saques, pensa estar levando vantagem, e se dá mal.
     

  • Golpe da venda do notebook ou aparelho de som: Este também é comum, e a vítima cai ao topar (sem explicitar) comprar um produto com alta probabilidade de ser roubado, ou com a intenção de contrabandeá-lo. O golpista oferece um aparelho de CD de carro, ou um DVD, ou mesmo um notebook, a preço baixíssimo, e sem caixa, manual, fonte de alimentação, etc. - com todas as características de um produto roubado, portanto. A vítima topa, regateia o valor, e paga. O golpista se oferece para colocar o produto em uma caixa, para que a vítima não seja vista pela rua carregando aquele aparelho. Quando ela chega em casa, descobre que a caixa contém uma pedra ou tijolo.
     

  • Golpe do empréstimo ou consórcio: O golpista publica em jornais, ou via cartazes, uma oportunidade de empréstimos a juros baixíssimos, que ele intermediaria (de forma claramente ilegal, mas nunca mencionada) junto a alguma instituição pública ou financeira. A vítima, interessada, entra em contato, informa alguns dados a seu respeito, e dentro de alguns dias recebe um telefonema avisando que o empréstimo já foi liberado, bastando pagar as taxas da instituição, e ele será depositado - "a comissão só será debitada após o depósito". Como são "só as taxas", e o valor é pequeno se comparado ao do empréstimo, a vítima topa fazer o pagamento, via depósito. Durante todo o procedimento, o contato foi só por telefone. Depois do depósito ser realizado, já era: na hora de investigar, vai ser descoberto que os telefones usados eram roubados, e a conta do depósito foi aberta com documentos falsos. A variação baseada em consórcios tende a ser pior, porque a vítima acaba fazendo vários pagamentos parcelados, perfazendo uma quantia maior. Às vezes chega a haver uma "sede", e as diversas vítimas só descobrem o golpe quando, um certo dia, encontram a sede fechada e abandonada. Variação: Cheque roubado ou sem fundos: eventualmente é feito um depósito "do empréstimo", com cheque sem fundos, na conta da vítima, que assim chega a consultar o extrato e verificar que o depósito foi mesmo efetuado, embora esteja bloqueado por 24 ou 48 horas, como é usual. E assim ela acredita ainda mais na solidez da negociação...
     

  • Golpe do seguro: O golpista oferece - por telefone, anúncio ou visita - um seguro (de casa, automóvel, vida, etc.) em condições bem mais interessantes do que as usuais. A vítima se interessa e aceita, preenchendo todos os formulários oficiais, e pagando a primeira parcela - os boletos das demais chegarão via correio, juntamente com a apólice. Naturalmente, o falso securitário some com o dinheiro da primeira parcela, e o seguro jamais é feito (e às vezes a vítima descobre isso só quando bate o carro e tenta usar o seguro recém-contratado...). Seguro se faz com profissional habilitado, em instituição conhecida, e se for pago a algum agente, é com cheque cruzado e nominal à seguradora!
     

  • Golpe do consórcio premiado de automóvel: O golpista anuncia, no interior do estado, a venda de um consórcio já contemplado, na capital. A vítima telefona e se interessa, ao saber que haverá "desconto no pagamento da entrada", e que as parcelas restantes do pagamento são poucas, ou são bem baixas. Recebe por fax uma nota fiscal (falsificada) do veículo, e as instruções para ir retirá-lo na capital. Para "segurar o negócio", basta que ela deposite desde já uma parte substancial da entrada. E depois que ela depositar... jamais ouvirá falar do veículo, do vendedor ou do seu dinheiro novamente. Usualmente o telefone é roubado e a conta bancária é aberta com documentos falsos.
     

  • Golpe do cheque achado: Este eu realmente não entendo como pode funcionar - mas é comum. Os golpistas agem em dupla. Após perceber que alguém saiu do banco tendo sacado dinheiro, um deles vai à frente desta vítima, e o outro segue logo atrás. O da frente deixa cair um envelope contendo um cheque de alto valor, e a vítima, ao perceber, pega o envelope e entrega, de boa fé, ao golpista que deixou cair. O outro golpista vem logo atrás, e diz que viu o mesmo acontecimento. O golpista da frente abre o envelope, mostra o cheque e diz que está tão grato que dará uma polpuda recompensa a ambos, bastando que o acompanhem ao seu escritório. Um dos dois convence a vítima a entregar sua bolsa, "como garantia" (de que?) ou para sua própria proteção durante o trajeto. O segundo golpista desaparece (com o dinheiro que já retirou da bolsa da vítima) durante o trajeto, e a vítima, caso chegue até o escritório, descobrirá que a recompensa é bem menor que a quantia que ele havia sacado, e concluirá (erradamente) que foi roubada apenas pelo segundo participante, que desapareceu no caminho. Quando descobrir que se trata de um golpe comum, será tarde para localizar o outro participante também.
     

  • Golpe da bênção - pai-de-santo, pastor ou frade: O golpista, informado sobre algum problema pessoal ou familiar da vítima, forja um encontro casual na rua, e finge ter poderes sobrenaturais, falando à vítimas detalhes sobre o problema, e sobre possibilidades de "solução espiritual". Seguem até local apropriado para rituais, e lá a vítima é iludida com mais informações (pesquisadas previamente) sobre o problema, ou sobre a sua vida pessoal. Marcam novo encontro para daqui a 3 dias, para trazer dinheiro ou objetos de valor para serem benzidos ou algo assim. A "bênção" envolve colocar os objetos em um pacote que deve ser mantido fechado (em poder da vítima) por 7 dias e 7 noites. Quando a vítima chegar a abrir o pacote, descobrirá que lá dentro só há pedras ou papel de jornal, e que o verdadeiro pacote está em poder do golpista, que já estará bem longe.
     

  • Golpe do falso funcionário de banco: o falso funcionário, com uniforme e até crachá, circula pela agência, organizando a fila e dando informações. Quando encontra uma vítima, oferece-se para agilizar um depósito, preechendo a ficha e levando-a, juntamente com o dinheiro, diretamente ao setor interno da agência. Ou ao menos é nisso que a vítima acredita. Quando ela desconfia da demora, o falso funcionário já estará muito longe. Em uma variação, ele aborda pessoas que já fizeram um saque, e informa que houve problema com as notas - precisam ser recontadas, ou há suspeita de que há 2 ou 3 notas falsas incluídas no bolo. Ele se oferece para rapidamente providenciar a contagem, ou a troca. E jamais retorna...
     

  • Golpe da falsa entrevista de emprego: a vítima responde a um anúncio de emprego, é chamada para uma entrevista, e aprovada com louvor: seu perfil é excelente, a disponibilidade tem que ser imediata, e lhe são apontadas diversas qualidades que ninguém antes havia percebido nela. Novas instruções serão dadas por telefone. No dia seguinte, vem o telefonema: para possibilitar a contratação, será necessário traçar um perfil psicológico especial, na clínica XYZ. "É simples e rápido, só uma formalidade", garantem. Chegando na clínica, a pessoa descobre que terá que desembolsar um valor considerável para fazer o tal perfil. Poucos topam. Os que topam, depois serão informados que a vaga já foi preenchida, mas que ela pode ficar tranquila, pois o seu perfil é excelente e já está arquivado no banco de talentos para a próxima vaga - que nunca surgirá, pois nem a primeira delas existia - a intenção é apenas coletar os pagamentos pelo tal perfil.
     

  • Golpe da oportunidade de trabalho em casa: Neste golpe, é anunciada uma oportunidade de trabalho em casa (usualmente descrita como sendo "de mala direta", "de envelopamento" ou "de digitação"), mas o interessado tem que desembolsar uma pequena quantia para saber os detalhes. Quando ele paga, descobre que na verdade terá que pagar mais uma quantia, pouco maior, para receber a proposta detalhada. Se pagar, receberá a proposta, que explica que para ganhar o tal dinheiro em casa, deverá anunciar (via mala direta, envelopamento de ofertas ou digitação de cartazes, tudo por sua própria conta e risco) esta mesma proposta, coletando este primeiro pequeno pagamento inicial dos interessados curiosos (como ele também já foi um dia), e aí redirecionando-os para que façam o segundo pagamento ao agenciador, como ele também já fez. Leia também: "Trabalho em casa: como encontrar um emprego e escapar das armadilhas".
     

Alguns órgãos de segurança, como este batalhão de Polícia Militar, mantêm listas de golpes frequentes e instruções para evitá-los. De modo geral, a dica é desconfiar da ajuda de estranhos para tudo que envolver valores, e ficar atento a ofertas boas demais - quando a esmola é muita, o santo deveria sempre desconfiar!

Home office: fazendo caber em apartamentos pequenos

Manter seu escritório doméstico em um apartamento pequeno pode ser um desafio. E se eu não posso lhe oferecer uma fórmula geral para fazer caber, ao menos posso lhe dar algumas idéias interessantes, com base no que outras pessoas já conseguiram ;-)

Durante anos eu mantive o meu escritório doméstico em um cantinho da sala do apartamento. Hoje me sinto praticamente em Shangri-Lá, com o conforto luxuoso de um cômodo inteiro (embora seja o menor da casa) dedicado a esta finalidade, mas continuo interessado e acompanhando de perto as novidades na organização de espaços para fazer com que o escritório doméstico caiba em um cantinho e mesmo assim seja um instrumento de efetividade.

Afinal, em um canto do apartamento dá para fazer caber até mesmo uma configuração como a do Mandrake, mostrada na foto acima ;-)

A foto acima me parece um pouco mais "pé-no-chão", aproveitando bem um canto de sala, mas fugindo de um problema comum a configurações em cantos: o conjunto de nichos e escaninhos oferece bastante espaço para fazer caber a papelada e as ferramentas. Para preservar a estética, já que fica tudo exposto (e fácil de alcançar), foi usado o Velho Truque das Caixas Organizadores de Uma Cor Só(©). Trata-se do home office de Fazal Khan.

O escritório acima se baseia no mesmo princípio (estante de cubos ao lado de uma escrivaninha) mas, além da estética bem mais refinada, acrescenta um elemento interessante que você pode considerar no seu projeto: uma das colunas de nichos tem portas transparentes, que preservam do pó (e da fauna doméstica) o que você guardar lá dentro, sem prejudicar a visibilidade. Um amigo meu adotou esta prática para todas as estantes da biblioteca dele, e não se arrepende: segundo ele, o benefício supera em muito o custo, mesmo tendo de abrir e fechar portas sempre que quer ter acesso a algo.

O modelo acima, do Afterthetone, entrou na lista por duas razões. A primeira é que ele foi improvisado a partir de peças existentes na casa: o tampo superior, que sustenta o monitor, era originalmente uma prateleira, e está suspenso sobre dois arquivos. A segunda é que ele libera bastante espaço quando não está em uso, porque o tampo inferior (teclados e escrivaninha) dobra para baixo, ficando paralelo e rente à parede, graças a duas dobradiças presas junto a ela. Se o seu home office fica em um espaço compartilhado por outras atividades ou familiares, algo assim pode ganhar vários pontos extras.

Completando a lista, temos a escrivaninha dentro do armário. O exemplo acima é para quem trabalha em pé, e resume o espaço do seu escritório doméstico ao que coube dentro de um roupeiro. Mas dependendo do móvel que você for adaptar, pode ser possível montar uma escrivaninha para trabalhar sentado, na altura comum. E a idéia nem é nova: meu avô tinha uma dessas como mesa auxiliar no escritório dele, desde décadas atrás.

Você tem um escritório diminuto em casa e ele funciona bem? Tente tirar uma foto dele, disponibilizar na Internet, e aí colocar a URL dela, e uma breve descrição, nos comentários desta notícia, para ajudar a inspirar os demais leitores que têm a mesma necessidade. E leia também o Lifehacker, fonte de todas as referências acima!

Pilhas não incluídas: A simplicidade como alternativa para a produtividade pessoal

A produtividade pessoal é uma meta comum a todos nós, neste caótico século XXI em que o número de agendamentos, pendências, anotações e contatos parece explodir.

O número de opções de ferramentas também se multiplica, desde as heranças desktop da década de 1990, com suas milhares de opções, extensibilidade via scripts e linguagens variadas, e uma variedade de relatórios e consultas raramente adotadas, até as apostas da computação em nuvem, geralmente marcadas pela escassez de opções e pela ênfase na colaboração e na interconectividade.

Fui convidado a escrever um breve artigo de apenas uma página (leia também: "Como escrever melhor - em 5000 caracteres ou menos") publicado na edição 38 da PC Magazine Brasil, e não tive dúvida: apesar de ser uma revista de TI, defendi (com todo o apoio do editor) meu ponto de vista sobre alternativas menos tecnológicas para o suporte à organização pessoal, e agora o compartilho também com vocês, em uma versão atualizada.

"Eu testei, então funciona para você." Quem já adotou uma ferramenta de produtividade pessoal e se adaptou bem a ela tende a indicá-la a amigos e conhecidos, cheio de razão e da certeza de que aquela é a definitiva, a que funciona e a que (de fato, e finalmente) resolve os problemas. Mas em geral só tem razão em parte: a sua experiência comprova apenas que a ferramenta funciona bem para si, e não necessariamente vai servir para o colega, o chefe e o cunhado.

Mas para quem já tentou dezenas de alternativas tecnológicas e ainda não encontrou uma que de fato ajude a chegar na hora nos compromissos, a encontrar o telefone daquele contato essencial, ou a não esquecer de comprar a resistência nova pro chuveiro, ofereço um questionamento: será que o problema não está no excesso de tecnologia?

Os fanáticos por produtividade pessoal têm um ponto de encontro internacional no site Lifehacker.com, e ao longo de algumas semanas promoveram uma série de votações sobre quais as melhores ferramentas para uma série de funções, e no quadrilátero básico da produtividade pessoal (pendências, contatos, agendamentos e anotações) a alternativa mais citada não deixa dúvidas: não tem PC nem smartphone, quem entende do riscado não troca o papel e a caneta por nenhuma das (ótimas) alternativas digitais existentes, ao menos para essas funções. A única exceção são os agendamentos, em que o Google Calendar brilhou mais que as alternativas low-tech.

Claro que mesmo na dupla papel+caneta há variações. Há quem use qualquer pedaço de papel, assim como há defensores ferrenhos das fichas 3x5 vendidas por milheiro na papelaria, ou dos clássicos cadernos Moleskine, ou dos práticos Hipster PDAs, montados com folhas impressas recortadas e presas com um clip de mola. E há os amantes da caneta Bic, assim como há os que só topam escrever se for com caneta-tinteiro Parker 51.

Minha alternativa:: Pessoalmente, faço um mix de papel, caneta e soluções mais tecnológicas - mas se eu ficar sem smartphone e notebook, o dano à produtividade do dia será bem menor do que se perder minhas anotações em papel. E há tempos reconheci que, na minha realidade, eles são imbatíveis no que diz respeito à disponibilidade, e também às dependências e requisitos para funcionamento.

Se você se interessa pela produtividade pessoal, certamente está sujeito a um dia compartilhar comigo minha conclusão pessoal: descobri que para algumas tarefas simples da produtividade pessoal, as ferramentas básicas não precisam de pilhas e nem de conectividade. Mesmo que você não concorde integralmente, convido-o a parar para pensar sobre qual o nível de complexidade tecnológica que você precisa para ser produtivo!

Home office: projetando com atenção à ergonomia

Estou bastante sumido aqui do Efetividade.net ao longo desta semana, pois venho acompanhando bem de perto a montagem da mobília projetada para o novo apartamento após a nossa recente mudança.


O escritório velho, no meu apartamento anterior

Na montagem, assim como no projeto, uma das áreas da casa que mais vem me interessando é o meu escritório doméstico, que amanhã deve estar 95% pronto (vai faltar a cadeira), após um mês de improviso total. No final eu escrevo algo a respeito, com foco em como eu segui minhas dicas para home offices!

Se você estiver para passar pela mesma oportunidade de renovar ou criar o seu home office, o artigo abaixo, enviado pelo Rafael, pode vir bem a calhar. Apresente-o para o profissional encarregado do seu projeto!

O texto a seguir foi enviado por Rafael Perrone (rafaelΘrafaelperrone·com):

“Com a explosão de home offices mundo afora - talvez devido à última crise mundial, talvez devido à grande quantidade de pessoas que aspiram viver como freelancers - o tema se tornou assunto frequente em blogs, como no Efetividade e Lifehacker.

Um dos temas frequentemente abordados são os cuidados que se deve ter em relação ao correto posicionamento dos elementos do escritório: cadeira, mesa, altura do monitor, teclado, etc.

O Antroprojeto, um software para estimativa antropométrica desenvolvido pelo Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora é excelente neste quesito. Gratuito, ele fornece todas as medidas adequadas para qualquer pessoa, de qualquer altura.

Assim, é possível garantir que seu escritório caseiro está bem dimensionado, evitando dores de cabeça (e punho, dedos, articulações, ombros...) futuras. (...)”

A indicação veio acompanhada desta referência (fazendoacontecer.net), contendo bem mais detalhes.

O Efetividade.net registra seus agradecimentos a Rafael Perrone pelo envio deste material. Se você também deseja indicar material para divulgação no site, use o link "Indicar material". E, claro, fique à vontade para debater o tema na área de comentários abaixo!

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