Você lembra do desenho do Pateta no trânsito?

Mais do que o fundamental respeito às leis de trânsito, todos os dias as cidades brasileiras dependem, para que seu trânsito não engate definitivamente, de uma série de convenções baseadas no senso comum, na cultura e, em cidades especialmente contempladas, na civilidade e cortesia.


Lembra do desenho do Pateta (na verdade era o Sr. Wheeler/Sr. Walker) no trânsito?

Mas trata-se de um equilíbrio delicado, e muitas vezes a presença de pequeno número de motoristas se portando mal é suficiente para tornar o trânsito muito mais tenso (e intenso), esgotando rapidamente a reserva de boa vizinhança dos demais, e instituindo aquele cada-um-por-si que gera os maiores engates - estacionamento em qualquer lugar, tráfego pelo acostamento, mudanças de pista forçadas às custas da segurança alheia e tantos outros exemplos - e cada motorista age como um gato transgressor de Schrödinger, estando ao mesmo tempo em dois estados opostos: se perguntado sobre o comportamento dos demais, acha tudo um absurdo e barbeiragem; chamado a explicar o seu próprio comportamento, sempre acha ter uma justificativa.

É o caso do nosso tema de hoje: o bloqueio do cruzamento, que ocorre quando um motorista, para não "perder a vez" em um sinal amarelo ou aproveitando uma oportunidade de passagem, avança sobre um cruzamento sem ter certeza de que poderá atravessá-lo completamente - e assim bloqueia artificialmente o trânsito da via transversal até que o trânsito à frente dele lhe permita, finalmente, avançar.

Este tipo de comportamento ocorre mais em algumas regiões do que em outras e, ao contrário do que possa parecer, não encontra justificativa na intensidade do trânsito, segundo análise de engenheiros de tráfego: em algumas cidades de alto tráfego, há questões culturais e medidas efetivas do poder público que conseguem desestimular e prevenir essa barbeiragem tão estressante para todos à volta.

As medidas incluem melhor sincronização dos semáforos, melhorias em geral no fluxo de veículos e, principalmente, a presença da autoridade de trânsito nos cruzamentos, já que o motorista-problema assume que o cumprimento das normas só é realmente obrigatório quando há fiscalização visível. Mas nem todas são plausíveis em todos os locais, e a ausência delas não justifica que cada indivíduo se julgue no direito de bloquear o tráfego das ruas transversais àquela em que estiver transitando.

Para lembrar da necessidade de manter o trecho desbloqueado, muitas cidades passaram a adotar as chamadas "yellow boxes", faixas amarelas sobre os cruzamentos. Mas a incivilidade é grande a ponto de ver estes lembretes ignorados, e ainda surge o efeito complementar de os motoristas alegarem acreditar que todos os demais cruzamentos sem pintura não precisam ser mantidos abertos.

No meio do caminho tinha um acesso ao hospital

Em um trecho frequentemente engarrafado do caminho que faço todos os dias para vir para casa aqui na capital da pior mobilidade urbana brasileira, há um cruzamento em que uma das mãos dá acesso a um hospital. O poder público até tomou a providência de sinalizá-lo com a pintura na superfície da via, mas é raro passar uma semana sem que eu veja se repetir a triste cena de uma ambulância, com sua urgência peculiar, tendo de aguardar que o trânsito do sentido transversal a ela ande, porque alguns motoristas sem consciência resolveram desconsiderar o empenho.

E o pior: também não passa uma semana sem que eu receba alguma buzinada de algum apressado atrás de mim, querendo que eu avance sobre a mesma faixa amarela, quando eu paro corretamente sem bloquear o acesso do hospital. Foi o que me lembrou do antigo desenho do Pateta, lá no início do artigo, que mostrava a transformação do pedestre em motorista, se despindo de todas as restrições e virtudes ao sentar de frente para o volante.

O argumento legal

Quem explica é Marcelo José de Araújo, advogado e consultor de trânsito em Curitiba, em trecho que reproduzo de seu artigo:

Esse alerta ("Não bloqueie o cruzamento") decorre de dois dispositivos do Código de Trânsito, que são o Art. 45 que estabelece que mesmo que a indicação luminosa do semáforo seja favorável, o condutor não pode adentrar ao cruzamento diante da possibilidade de ter que parar o veículo, de forma a obstruir o trânsito na via transversal. A infração correspondente estaria prevista no Art. 182, inc. VII, infração média, que proíbe a parada na área de cruzamento de vias, prejudicando a circulação de veículos e pedestres.

Primeiramente vemos que a infração prevista no Art. 182, VII do CTB é mais abrangente que a regra de circulação do Art. 45, pois este nos dá indícios que a infração ocorreria apenas em cruzamentos com sinal luminoso, porém a infração tipificada pode ocorrer em cruzamentos sinalizados ou não, e da mesma forma a regra de circulação nos dá o indicativo de que o bloqueio não pode prejudicar apenas o trânsito de veículos (pois na transversal circulam veículos) enquanto o tipo infracional prevê que o prejuízo pode se dar em desfavor dos pedestres também.

A sugestão

Como em muitos casos de comportamento coletivo, não há garantia de eficácia a partir da melhoria de comportamento de indivíduos isolados. Mas isso não equivale a dizer que só o poder público ou a intervenção do Estado podem resolver o problema: atitude se muda pelo exemplo, e cada motorista que se comporta mal é uma justificativa a mais para que seu vizinho ache que deve fazer o mesmo.

Assumo que ninguém tem interesse no risco de ser multado e acumular pontos na carteira, ainda mais por um motivo tão fútil quanto andar alguns metros a mais: ao invés de parar na extremidade do cruzamento, parar dentro dele.

Não há como cada motorista impedir que os demais se comportem assim, mas o erro alheio não é justificativa para que todo mundo se ache no direito de errar igual. E os prejudicados, como no exemplo da ambulância que eu vejo todas as semanas, não tem culpa da falta de educação e consciência alheia.

Portanto, a medida sugerida é simples: avance sobre o cruzamento só quando tiver certeza suficiente de que poderá completar o trajeto, e mantenha-se consciente de que a barbeiragem alheia não justifica que você cometa intencionalmente as suas também!

Bibliografia: como fazer referência bibliográfica, com exemplos

Bibliografia é a relação das obras consultadas ou citadas por um autor na criação de determinado texto. Descrevendo assim parece simples, mas quando chega a hora de colocá-la em prática em trabalhos acadêmicos, há uma profusão de normas a seguir, e pode ser um desafio evitar que ela prejudique o que mais importa, que é a qualidade da pesquisa realizada.

Até quem gosta de ler pode se intimidar quando se trata de ler registrando capítulos, páginas, ano e local de publicação, e outros detalhes sobre todo material relevante, por mais que essa necessidade seja justificada.


Alguns exemplos que constam na norma da ABNT

Já havia publicado por aqui anteriormente um artigo sobre normas da ABNT para o TCC e outros elementos de formatação, com base nas minhas próprias necessidades da pós anterior, mas na hora de colocar em prática, sempre se percebe que poderia ser ainda mais fácil.

Entra em cena o meu TCC

A partir da semana passada comecei a me ocupar do TCC da minha pós-graduação em Gerenciamento de Projetos (versando sobre Gerenciamento das Comunicações em Projetos), e mais uma vez tive que recorrer a inúmeras referências sobre as normas que regem a apresentação e formatação de trabalhos acadêmicos.

E para mim o bicho pega na hora de fazer as referências bibliográficas. Anotar e registrar a bibliografia consultada é praticamente uma arte, e ao neófito que busca a melhor maneira de mencionar a sua fonte consultada, parece haver infinitas variações de tonalidades, afinações, nuances, texturas e sombras.

O pulo do gato é não deixar que as sutilezas da norma fiquem no caminho do que mais importa, que é encontrar as fontes certas, consultá-las, entendê-las e empregá-las em seu trabalho! Daí a importância de contar com guias que facilitem o aspecto técnico-operacional da bibliografia.

Guias para facilitar

Diversas universidades publicam seus guias de formatação de referências bibliográficas, baseados na norma da ABNT NBR 6023. E estes guias, com seus exemplos, são exatamente o que o aluno precisa na hora de buscar o download de modelos prontos para o seu Trabalho de Conclusão de Curso, pois cada uma das maneiras mais comuns de citação é apresentada com exemplos reais.

Registro aqui, portanto, para meu uso futuro e para quem mais tiver interesse em saber como fazer a referência bibliográfica ao final do volume de seu trabalho de conclusão ou relatório de estágio, os links e mirrors dos exemplos adicionais que encontrei e me baseei para fazer meu TCC:

Recomendo ainda os dois artigos anteriores:

Com estes guias, dá para descobrir rapidamente como fazer até aquelas referências bibliográficas mais modernas, como as que mencionam sites da web, listas de discussão, vídeos e todas as demais fontes de informação nas novas mídias que hoje são cada vez mais corriqueiras.

E bom TCC!

SEO: Os erros mais comuns na otimização de sites para mecanismos de busca

Você às vezes percebe que determinados sites privilegiam tanto as tentativas de garantir uma melhor indexação pelos mecanismos de busca, a ponto de deixar em segundo plano a inclusão de material que de fato atraia e mantenha o interesse dos leitores potenciais que tanto buscam atrair?

Eu percebo este fenômeno frequentemente, me esforço para pessoalmente evitá-lo, e há um bom tempo pensava em escrever algo a respeito por aqui.

Mas a oportunidade chegou quando recebi da editora Novatec, há alguns dias, o aviso de lançamento do livro SEM e SEO - Dominando o Marketing de Busca, da Martha Carrer Cruz Gabriel, também autora do "Marketing de Otimização de Buscas na Web", que resenhei e sorteei por aqui em meados do ano passado.


A autora, Martha Gabriel

Quando a dúvida é técnica, uma boa alternativa é consultar um profissional, certo? Na ocasião do sorteio do livro anterior, iniciei um diálogo com a autora (que é pós-graduada tanto em Comunicação de Marketing quanto em Design Gráfico, mestra em Artes, e várias vezes premiada como produtora web), o que me colocou em posição de, neste novo lançamento, encaminhar a ela duas questões para que respondesse, à luz de sua própria experiência de profissional da área, e também dos conteúdos expostos no seu novo livro sobre o marketing de busca.

Muitas vezes tenho visto "conselhos" relacionados à otimização para sites de busca que não passam pelo essencial, que é oferecer ao público aquilo que ele está de fato procurando - e é assim que surgem sites bem posicionados para palavras-chaves indesejadas, sites que atraem público que não deseja aquilo que está sendo oferecido, e sites em que há severas distorções na proporção entre número de visitantes e objetivos atingidos. A minha condição de Administrador me leva a atribuir isto não a deficiências técnico-operacionais, e sim à falta de elementos básicos de estratégia, perdendo o foco e passando a tomar os indicadores como se fossem a missão, o que tende a levar a um mergulho em parafuso difícil de interromper - mas outros profissionais certamente podem ter pontos de vista divergentes.

Destaco que esta minha crítica não se aplica ao material preparado pela Martha, que alinha suas técnicas a bases sólidas de Marketing e Estratégia. E foi por isso que escolhi fazer a ela a pergunta que eu mesmo costumo me fazer, ao ver sites otimizados para o lado errado, e sobre a qual eu há tempos planejava escrever:

Você poderia compartilhar conosco quais os erros mais comuns que tem visto em tentativas de aplicação de técnicas de otimização para sites de busca? Algumas técnicas comuns se espalham quase como lendas urbanas, embora dêem pouco resultado, ou até mesmo representem risco. Quais as que lhe chamam mais atenção?

A pergunta era ampla, e a autora não se furtou a responder no mesmo estilo. Reproduzo na íntegra:

Na minha opinião, os erros mais comuns em otimização para busca acontecem devido à falta de elaboração de um plano de Marketing de Busca antes de se iniciar qualquer processo. Nesse plano é onde são feitas as análises estratégicas essenciais para o sucesso do processo -- como determinação de objetivos, análise de ambiente e concorrência, pesquisa de palavras-chave, etc -- além do desenvolvimento do planejamento operacional e de monitoramento para controle de ajustes.

A falta desse planejamento inicial causa erros de otimização do tipo:
a) usar links patrocinados sem objetivos especificados, o que pode gerar um desperdício financeiro grande, sem resultados;
b) otimização orgânica para palavras-chave erradas, sem ter feito as escolhas corretas entre genéricas e específicas;
c) não determinar os indicadores de performance antes de iniciar o processo, não permitindo, assim, análises de ROI adequadas, etc.

Saindo do âmbito mais estratégico de Marketing de Busca e focando especificamente em técnicas de SEO, um dos erros mais comuns que encontro nas consultorias e projetos que fazemos são re-direcionamentos de páginas e domínios feitos de maneira errada (que podem ser confundidos com técnicas negras).

Com relação ao uso de técnicas de otimização de forma errada, acredito que o equívoco mais comum encontrado ainda é pensar que é suficiente colocar um monte de palavras-chave na página sem prestar atenção à relevância do conteúdo e sua linkability com sites apropriados. Isso acaba levando a um keyword stuffing sem resultados efetivos e passível de punição.

Aproveitei a oportunidade e lancei mais uma pergunta-bônus, pensando nos leitores aqui do Efetividade que podem ter interesse em colocar este novo livro em suas estantes: "Qual o aspecto abordado no livro que você considera o mais eficaz, em termos de resultado alcançado diretamente? Ou seja: se o leitor se visse obrigado a escolher apenas um dos temas ou técnicas abordados, qual seria a sua recomendação?"

Segue, naturalmente, a resposta:

Isso depende intrinsecamente do nível de conhecimento sobre o assunto que o leitor possui. O livro procura traçar um caminho ao longo dos capítulos que leve uma pessoa a conhecer o processo de busca e desenvolver estratégias eficientes e éticas.

Dessa forma, além das técnicas de SEO propriamente ditas, o livro aborda vários aspectos importantes de um projeto completo de Marketing de Busca (SEM), como, por exemplo, plano de marketing, landing pages, SMM (Social Media Marketing), Behavioral Targeting, etc.

Assim, o aspecto mais importante para o leitor vai depender diretamente das necessidades e objetivos dele. Um leitor iniciante em SEM/SEO precisaria ler todos os capítulos, a partir do primeiro, pois é necessário conhecer todas as etapas do processo antes de se começar um projeto de Marketing de Busca.

Já um leitor experiente no assunto poderia ler diretamente o capítulo de SEO, Landing Pages ou Tendências, por exemplo.

Interessou? Visite o site do livro. Ou consulte alguns de nossos artigos anteriores sobre o tema, ou relacionados:

Evento de "Personal Planning" em SP - 5 a 7 de junho

A Nair Baranski, que já esteve aqui pelo Efetividade no artigo "O que fazem os profissionais de Personal Planning?", mandou um aviso sobre um evento que ela está promovendo e talvez possa interessar a alguns de vocês:

Workshop "3 em 1" - 05 a 07 de junho

Apenas 6 pessoas por turma, final de semana em chácara em condomínio fechado, a 70km de SP, com atividades físicas variadas orientadas por "personal trainer", com aprendizado da técnica do "Personal Planning" para planejamento de projeto de vida com uma "personal planner", e ainda re-equilíbrio energético com um terapeuta holístico. É uma integração harmoniosa de CORPO+MENTE+ALMA. Hospedagem, alimentação e hidromassagem inclusos no pacote.

Veja mais informações, preços, instrutores, etc. no site do evento.

Nair Baranski é administradora de empresas, palestrante e “personal planner ”, especialista no método do “Personal Planning” para elaboração de Planejamento de Projeto de Vida, visando ao equilíbrio entre o que ela descreve como as 6 principais áreas de nossa vida (saúde, trabalho, dinheiro, social, amor e alma).

Como escrever melhor - em 5000 caracteres ou menos

Você é capaz de descrever um conceito ou uma proposta, por escrito, em menos de 1000 palavras?

Todos os meses eu encaro o desafio de produzir minha coluna - que ocupa uma página, diagramada em 600 palavras ou 4000 caracteres - para a edição impressa da Linux Magazine brasileira e, ao longo dos anos, percebi que isso me ajudou a encontrar algumas técnicas para a melhoria dos meus textos do dia-a-dia, como atas, registros de reunião, apresentações e o ocasional artigo.

Elas são genéricas o bastante, bastando que você escolha quais se encaixam nas suas demandas. E o mais interessante é que elas também podem ser apresentadas em menos de 4000 caracteres!

Vamos a elas:

Não se intimide. Colocar suas idéias por escrito pode ser uma tarefa desafiadora, ainda mais quando se quer fazê-lo de forma sintética. Aceite o desafio, pois um texto curto e direto tem muito mais chance de ser lido integralmente, e o processo de escrevê-lo pode ajudar você até mesmo a refinar a sua idéia.

Primeiro sintetize mentalmente. Não saia escrevendo parágrafos a esmo, para depois se ver obrigado a amputá-los, formando um texto desconjuntado. Pare, delimite, pense nos tópicos essenciais do seu tema, coloque-os em ordem de importância, corrija excessos e ausências. Ao fim do processo, você já terá uma boa idéia do que deverá ser escrito, e em que ordem.

Deixe o título e o começo para depois. Em um texto curto, a primeira frase pode ser a mais importante, e não necessariamente precisa seguir a regra de apresentar uma síntese. Existem muitas formas de dar ao leitor uma razão para prosseguir a leitura (o texto que você está lendo, por exemplo, começou com uma pergunta que apresenta um desafio), e é mais fácil escolher a certa quando o corpo do texto já está pronto.

Seja direto. Você não precisa guardar o melhor para o final, e nem abusar de enfeites estilísticos. Bons textos curtos vão direto ao ponto, em palavras simples e vivas, com uma sequência lógica e cadenciada.

Quebre os parágrafos. Nem sempre é adequado recorrer a listas de itens, como eu fiz neste texto, mas vale a pena evitar os parágrafos longos. Em um texto organizado e bem dividido, o leitor tem maior facilidade em captar a importância e o interesse antes mesmo de começar a ler.

Escreva para o seu leitor. Parece óbvio, mas muita gente escreve sempre como se o texto fosse ser lido pelos seus professores, pelos seus desafetos ou, ainda pior, pelo Google. Saiba a quem você está se dirigindo, e use a linguagem adequada, sem jargões, sem técnicas que privilegiam indexadores em detrimento dos leitores de carne e osso, e sem exagerar na inclusão de destaques, piadas internas e espertezas verbais.

Não tente esgotar seu tema. Poucos temas podem ser esgotados em 2 páginas. Ao escrever um texto curto, mantenha o foco nos aspectos essenciais. Se necessário, referencie fontes onde há maior detalhamento, mas sem tentar reproduzi-las.

Busque o equilíbrio. Após escrever a primeira versão, compare o texto com a lista de tópicos essenciais que você identificou antes de começar. Verifique se estão todos presentes, e se você não dedicou espaço demais aos seus preferidos, em vez dos mais importantes.

Leve o leitor a concluir algo. O leitor pode até discordar de você, mas precisa terminar a leitura sabendo qual era a sua intenção - mesmo quando o texto terminar em um questionamento ou convite a reflexão.

Releia, treleia e quadrileia. Em textos curtos, todos os erros ficam mais evidentes. Revise múltiplas vezes, procure por erros de ortografia e estilo, corrija as idéias incompletas e os excessos.

Ao final do processo, você terá um texto curto, direto, fácil de ler e de entender. Acrescente uma boa dose de inspiração, duas pitadas de estilo, e aí é só servir, acompanhado de duas rodelas de empatia!

-- E o texto acima tem exatos 3880 caracteres ;-) --

Leia também

Pergunta aos leitores: excesso de planejamento financeiro familiar pode ser um obstáculo?

A leitora Carina Cheng enviou uma série de questões abertas que merecem um artigo mas, por sua natureza, achei melhor (com autorização dela, naturalmente) publicar a mensagem que ela enviou, acompanhada da minha resposta expressando um ponto de vista pessoal, e aí abrir a discussão entre todos vocês, leitores interessados.

A mim parece que a questão central está relacionada a um delicado ponto de equilíbrio entre o desejo de garantir a estabilidade familiar a longo prazo e o perigo de transformar a vida de toda a família em um registro contábil. Mas certamente a questão tem nuances mais delicados, por isso apresento a vocês a sequência completa, para posteriormente colher suas opiniões e contribuições nos comentários.

Começou com o e-mail abaixo, enviado pela Carina:

Hoje, numa conversa sobre planejamento financeiro para o futuro, surgiu uma questão que não lembro de ter lido no seu blog, embora seja bastante relacionado ao tema, que é recorrente.

Em muitos lugares lemos sobre o planejamento pessoal quanto a objetivos pessoais e profissionais, a organização de metas e tarefas, wishlists, mas sempre relacionados a nós mesmos e a nossos projetos e desejos. Entretanto, na conversa, chegamos num ponto em que paramos e pensamos sobre o quanto nosso planejamento (no caso em específico o financeiro, mas com certeza outros também) pode afetar não apenas a nós mesmos, mas às pessoas mais íntimas, como pais, filhos e companheiros.

Por exemplo: ao morar já há alguns anos fora da casa dos pais, formada e com emprego relativamente estável, eu poderia (talvez deveria) começar a pensar em direcionar parte do meu orçamento para ajudar meus pais, prestes a se aposentarem, mantendo um padrão de vida. Outro exemplo: começar a fazer o planejamento em conjunto com o respectivo cônjuge para poder pôr em prática planos como comprar um apartamento e ter filhos.

O quanto isso tiraria de nós o poder sobre nossos desejos? Ou, quanto isso teria peso sobre nossos planos? Seria apenas mais uma célula de nossas planilhas? Será que pode existir um lado emocional na racionalidade toda da organização pessoal?

Com certeza a extensão desse assunto é enorme, e as ramificações infinitas, mas gostaria de perguntar seu pensamento a respeito. E talvez, lançar a idéia aos leitores e ver diferentes pontos de vista quanto a isso, pois devem ser muito diversos e construtivos! :)

Eu respondi a ela, confirmando que acredito nas suposições que ela lançou. Sou fã do planejamento estratégico pessoal, mas quando ele dá um passo além e vira planejamento operacional e financeiro familiar a longo prazo, um sinal de alerta se acende, devido aos riscos que a própria natureza informal da dinâmica familiar impõem.

Segue o trecho relevante da minha resposta, ligeiramente editado para inserir os links:

Acredito que, se houver o interesse em gerenciar objetivamente as metas em paralelo mencionadas como exemplo (construir fundo sustentável para apoio financeiro aos pais após a aposentadoria deles, comprar apartamento, colocar-se nas condições desejadas para ter filhos, etc.), as disciplinas do Planejamento Estratégico e do Gerenciamento de Projetos podem ajudar bastante.

Mas pessoalmente tenho dúvidas sobre se vale a pena gerenciar a própria vida (e a dos que lhe cercam) como se fosse um empreendimento, pois há o risco de que o sucesso passe a ser medido pela capacidade de produzir receita e/ou poupança - e quando isso acontece, eu acredito que há grande perda da qualidade e do aproveitamento, sem contar que tende a conduzir a uma abordagem excessivamente conservadora da vida como um todo.

Ao mesmo tempo, quando se reduz estes processos (a estabilidade dos familiares após a aposentadoria, a segurança dos filhos, etc.) aos termos objetivos requeridos em um projeto, temo que as próprias escolhas de vida das pessoas que se deseja proteger passem a ser gerenciadas e medidas em termos reduzidos a débitos e créditos, oportunidades e ameaças. Não é uma perspectiva saudável, na minha opinião - e pode levar a uma versão ampliada do dilema que já descrevi no artigo "Você usa bem o tempo que o seu ganho de produtividade libera?".

Talvez seja possível chegar a um meio termo, com um fundo de reserva familiar convencional (como descrito em "Crie o seu Fundo de Reserva pessoal, e encare a vida com mais opções"), e apenas um planejamento das metas ou expectativas gerais.

Se possível, com participação ativa das pessoas que se deseja proteger, sem transformar a vida de ninguém em empreendimento, e sem que nenhuma das partes precise se comprometer a deixar de correr os riscos associados aos desafios que o crescimento pessoal nos apresenta!

A nova resposta dela acrescentou mais uma idéia-chave:

Começaram a se formar na minha mente algumas novas idéias sobre o tema ao ler sua resposta; transformar todo o planejamento familiar num empreendimento, numa relação de patrão e funcionários, poderia restringir excessivamente a liberdade pessoal de cada um. Como agir quando o relacionamento pessoal e os sentimentos podem interferir tanto nas nossas ações e decisões, que às vezes precisam ser tão racionais?

E neste ponto, ambos concluímos que seria interessante levar esta questão ao conjunto de leitores, para que possam compartilhar suas experiências e opiniões a respeito.

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