Entrevista de emprego: cuidado com a pegadinha do silêncio!
Entrevistas de emprego são o próximo desafio a ser enfrentado por quem teve um currículo selecionado, e são a primeira grande chance de expor o seu potencial, procurando deixar em primeiro plano os seus pontos positivos.
Mas as entrevistas, processos seletivos e dinâmicas, quando mal conduzidas ou massificadas às vezes parecem seguir um verdadeiro roteiro, quase como as danças juninas. O entrevistador diz “olha a cobra!”, o entrevistado experiente diz “é mentira!”. E a quadrilha prossegue: “Olha a chuva!”, “Já passou!”, e assim por diante, enquanto fazem evoluções que o avaliador viu inicialmente em uma fita de videocassete que já era velha, e que o candidato já sabe que não levam a lugar algum, mas precisa tolerar.
O entrevistador que se cala após sua resposta
Um truque mais velho do que a prática das entrevistas de emprego, nascido nos interrogatórios e provas orais e usado com sucesso há séculos para colocar candidatos sob pressão sem muito esforço e tentar levá-los a se contradizer sozinhos é a chamada armadilha do silêncio.
O funcionamento é simples: logo após alguma pergunta "complicada", como a famosa "por que devemos lhe contratar?" ou a não menos comum "qual o seu maior defeito?", o entrevistador não dá qualquer feedback, simplesmente fica mudo, sem alterar a expressão.
Ele não faz uma nova pergunta, não faz aquela cara de "o que mais?", não faz que sim nem que não com a cabeça – apenas permanece encarando você, com a mesma expressão que estava enquanto você respondia. Acredite, em aulas de técnicas de negociação e mediação, essa expressão vazia é ensinada e praticada (e tem vários usos bem reais).
Não morda uma isca que nem mesmo está lá
Em uma entrevista de avaliação, essa ausência de mensagem, confirmação ou validação é uma "pegadinha", um truque comum que também pode ser bem usado mas muitas vezes é apenas algo que o entrevistador aprendeu a usar porque, de fato, costuma funcionar para ver a solidez da postura do candidato, quando o avaliador sabe interpretar o que acontece logo a seguir.
Isso porque ao perceber a situação inesperada, apesar de não haver nenhuma pressão objetiva presente, muitos entrevistados entram sozinhos em um modo de stress, e aí expõem algo que de fato tentariam esconder: a sensação de que o entrevistador os "pegou na mentira", considerou a resposta insuficiente, esperava algo mais e ainda está dando uma chance, etc.
Também é comum que a "vítima" da pegadinha demonstre neste momento como se comporta quando se percebe sendo avaliada, e tenta se defender (se exaltando, se encolhendo, tentando esconder a "culpa", etc.) de uma acusação que – objetivamente falando – não foi feita: a de que a resposta dada era errada, mentirosa, insuficiente, ridícula, infantil, despreparada ou qualquer outro adjetivo negativo.
O grande erro a evitar neste caso, portanto, é deixar de perceber que isso é um teste, e aí começar a tentar “consertar” ou "emendar" a resposta, o que muitas vezes traz resultados desastrosos para si mesmo, porque o entrevistador aproveitará para fazer ainda mais pressão procurando conflitos entre as duas respostas. Lembre-se que a intenção muitas vezes é mesmo criar uma situação de potencial intimidação e stress, embora sem violência e até mesmo "negável", para ver como o candidato se sai.
Como lidar com o entrevistador
Se tentarem isso com você, saiba entrar no jogo. Aguarde também alguns segundos calmamente, e em seguida não afirme nada, apenas pergunte: “há algo mais que eu possa esclarecer sobre este ponto?”
Se o entrevistador responder com outra pergunta ("Por que, você tem algo mais a a acrescentar? Quer corrigir algo?"), simplesmente diga que não e que permanece à disposição.
Se o entrevistador continuar em silêncio , simplesmente aguarde silenciosamente também, em atitude respeitosa e séria, prestando atenção a ele, como se estivesse dando a ele tempo para pensar, até que ele perceba que você não se intimidou e nem vai “se entregar”. A não ser que seja uma dinâmica com objetivos específicos, é um fato bem claro que em uma entrevista a bola está com ele, e é ele que precisa fazer a próxima pergunta ou indicar o que espera que você faça a seguir.
Aí aguarde o próximo teste torcendo para que o entrevistador esteja mesmo apto a interpretar o seu comportamento a partir das situações que provoca, e não apenas repetindo truques de almanaque!
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